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domingo, novembro 29, 2020

O CONGRESSO EM QUE NÃO ESTIVE MAS QUE FUI

 Fui congresso, porque sou militante e naquilo que sou (quer dizer, no PCP e em muito da minha vida e não só na estrita actividade cívica), não estou, sou!

Neste Congresso, fui congresso em todas as suas fases e não ia deixar de ser por não haver condições para estar na reunião final e plenária.

Fui congresso na leitura e apreciação do documento inicial do CC, comecei por ser congresso  quando me apercebi das consequências que poderia ter o surto epidérmico e seu aproveitamento na correlação de forças das classes sociais, e em que Portugal se insere. E escrevi-o prevendo a particular importância que iria ter numa cadeia 1º de Maio-Festa do Avante!-Congresso na luta de classes em que somos e fazemos História, ao mesmo tempo que lia comentava esse documento do CC.  

Fui congresso na leitura-estudo das Teses, na sua apresentação na concelhia de que faço parte, tendo elaborado um texto que esta aprovou, e depois seguiu o seu caminho.

Fui congresso ao participar na Tribuna do Congresso, publicada no Avante!.

Fui congresso na reunião electiva de delegados, tendo sido proposto e aprovado como delegado-suplente, e fiquei disponível para o caso de ser necessário, como felizmente não aconteceu.

Estas as expressões formais, congressuais, em que fui congresso (de um congresso que não tem parecenças com outras reuniões de outros partidos, ou proto-partidos, para votar moções de f(r)acções e escolher líderes), mas congresso me senti, e considero ter sido, em intervenções e escritos nas chamadas redes sociais.

Antes da reunião plenária, a partir do Avante! que a precedeu, fui congresso depois de ler a proposta de composição do próximo Comité Central, ao ver os que sairiam (alguns por regra não escrita de "excesso" de idade) e os que entrariam, a redução em número, e tendo a minha opinião que, como em tudo, se julgo útil ao colectivo nunca calo.

Não estive na reunião plenária, mas nela fui, sem presença física mas acompanhando-a on-line em todo o seu decurso. E com a alegria de ter amigos e camaradas a telefonarem-me (ou eu a telefona-lhes).

Em Loures fui (sem lá estar), e confirmei o que sou, ao ouvir a intervenção inicial do camarada secretário-geral, que colocou muitos pontos em muitos is, quase exaustivamente e só não o sendo porque tal é impossível.

Fui congresso na intervenção do camarada que lidera o grupo parlamentar quando esclareceu, com clareza e felizes analogias sinfónicas, o papel do PCP relativamente ao governo minoritário do PS, recusando o papel de 1º violino afinadinho em orquestra que não é a nossa, com partituras que mal nos soam e contra as quais nos batemos.

Fui congresso, particularmente ao partilhar o apoio e o entusiasmo com que foi saudada a candidatura individual do camarada João Ferreira às eleições para Presidente da República, e no aplauso unânime à sua excelente e adequada intervenção no nosso congresso.

Fui congresso, ainda, como em tudo o resto, ao ouvir (ou “ouver”) um camarada e amigo que me tinha enviado antes a sua comunicação, e me pediu opinião.

Fui – e estive no! – congresso quando a camarada que prestou contas do trabalho da comissão de verificação de mandatos referiu o cumprimento da eleição de delegados, (quatro centos e alguns efectivos a juntar às inerências e mais seiscentos e poucos delegados-suplentes) entre o de 17 e o de 84 anos, e este era eu, certamente, que dentro de 3 semanas faço 85 anos.

Sou congresso, nesta manhã de domingo em que ele se encerra, e espero as decisões da noite que se seguiu à votação do novo CC.

 

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Nesta manhã de domingo, sou congresso, a "ouver" a 6ª sessão da sua reunião... e talvez volte.

sábado, novembro 28, 2020

TáVisto - O CONGRESSO

  - Edição Nº2452  -  26-11-2020


Os cuidados

Pela televisão, e naturalmente que não apenas por ela, ficámos a saber que há por aí muita gente boa e generosa que se preocupa com a saúde dos comunistas: é que a realização do próximo Congresso do PCP, implicando a presença de muitos delegados numa sala, poderá resultar num acréscimo de contágios do sinistro vírus que anda a passear-se pelo mundo em geral e pelo nosso país. Daí que as tais almas sensíveis e solidárias preconizem tacitamente, se não explicitamente, o cancelamento do Congresso. É um pouco a repetição dos receios e preocupações que a Festa do Avante! já suscitou, e pela repetição dos temores parece poder concluir-se que a saúde dos comunistas e similares é questão que muito inspira cuidados a larga gente, ao contrário do que podia recear-se. Felizmente, uma breve revisita ao passado revelará que os comunistas não são apenas corajosos, como a História ensina, mas são também adequadamente prudentes, como aliás o seu sentido da eficácia recomenda. Pelo que é provável que as inquietações que o Congresso pelos vistos suscita em certas almas resultarão menos de um superlativo apreço pela saúde dos comunistas que de um irreprimível desejo de embirrar com a iniciativa anunciada.

Ou não

A verdade é que, para alguns olhos, isto de um certo número de comunistas se juntarem presumivelmente para partilharem experiências, definirem estratégias e gizarem planos, tem sempre qualquer coisa de inquietante: é que os comunistas têm um projecto que não é tão largamente partilhado quanto seria desejável. Acontece até que esta simpática onda de cuidados com a saúde de comunistas pode suscitar memórias e reflexões: por exemplo, memórias do chamado «verão Quente» de 75 em que a aparente palavra de ordem seguida por alguns recomendava a destruição de instalações do Partido e, de caminho e se as circunstâncias a tanto fossem estimulantes e favoráveis, a eliminação física de militantes. Já lá vai um punhadão de anos sobre esse mau momento, felizmente, mas uma coisa é o tempo que decorre e coisa diferente é o falecimento da memória. De qualquer modo, temos agora que o apreço pelos comunistas é tal que a sua reunião em sala fechada inspira cuidados acerca da sua saúde, o que é bonito. É certo que por vezes acontece que o rosto bonito de alguns factos é enganador, mas não há-de ser este um desses casos. Assim, as preocupações que o Congresso indirectamente desencadeia podem (e, naturalmente, devem) ser autênticas: aliás é óbvio que a presença dos comunistas confirma a autenticidade do regime democrático. Estejam eles em sala fechada ou não.

Correia da Fonseca

(guardado para editar 
enquanto estiver a "ouver" 
o Congresso ao vivo  VIVO)

quinta-feira, novembro 26, 2020

A caminho do XXI Congresso do PCP

Cá vou eu...



embora lamentando 
ter de ficar em casa...

terça-feira, novembro 24, 2020

Haja Congresso!...

Não fujo a confrontos, como não os provoco nem tão pouco os desejo. 

Tenho também o cuidado de não me meter em sarilhos e algazarras, em ânimos exaltados e a descambarem em violência, verbal – de faca na li(n)g(u)a – ou “vias de facto”, de procurar não partilhar espaços enlameados… ou pior. 

Por isso, não me atrai entrar em polémicas, em cenas de diz tu-direi eu sem eira nem beira, sobretudo se a falta de beira ou de eira for discussão em que não há respeito mútuo nem próprio, porque se usam expressões, frases, palavras, ausentes de dicionário, isto é, em que o que se atira para a fogueira são sons ou escritos completamente esvaziados de sentido etimológico ou outro, apenas armas de arremesso. 

Mas… não fujo aos confrontos, e por isso não me faltam situações em que gosto de debater ideias, as minhas e as contrárias às minhas, e também não faltam situações outras em que fico a falar sozinho porque o interlocutor se me escapa ou em que sou eu que retiro da contenda. 

Vem isto a propósito de quê? 

Por exemplo, ou para exemplo, só discuto, no meu partido ou fora dele, as razões que me levaram a tomar partido, com quem esteja disposto a ouvir as razões por que o fiz, e esteja disposto, tal como eu, a pôr dúvidas e procurar respostas… por maiores que sejam as diferenças no início a conversa. 

Claro que isso exclui do meu leque (largo) de interlocutores quem não tenha dele, do meu Partido, o mínimo conhecimento e/ou adopte, inflexível, como seu retrato a caricatura tosca, grosseira, falsa e falsificadora, ausente de todo o equilíbrio, que os seus inimigos propagam (e se têm meios para o fazer…). 

Pelo que não me lanço em discussões de cruzinha no sim ou não, de gosto ou não-gosto à facebook, sobre a Coreia do Norte ou sobre a homossexualidade do Júlio Fogaça, como não atiro achas para a fogueira, agora tão soprada, da realização da Festa do Avante! (e das comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio, veja-se lá…) e do Congresso em tempo de pandemia. 

Mas já me convoca explicar como é que funciona o Partido em relação ao seu Congresso, agora de 4 em 4 anos com eventualidade de extraordinários por motivos… extraordinários, e este é o 21º, depois de ter tido 4 na clandestinidade entre 1926 e 1974 - 1943, 1946, 1957 e 1965 - depois de 2 ainda na legalidade - 1923 e 1926, interrompido a 29 de Maio.  

E, para essa organização política, por que tomei partido há mais de 60 anos, o Congresso é momento mais importante da sua existência porque é aquele em que se faz o balanço do que foi e se decide o que e como vai ser. 

Momento, disse eu?... momento que tem a duração de meses. 

Não é uma reunião de um dia ou fim-de-semana em que os delegados escolhem uma moção e um leader, ou a moção de um ou o leader de uma moção, mas  sim, no caso deste Congresso deste partido começa-se por um documento aprovado no Comité Central eleito no congresso anterior, muitos meses antes da data marcada para a reunião final, com as linhas gerais a discutir durante o período congressual, documento que é colocado à discussão de TODOS os militantes, e assim se inicia o processo. 

Depois, dentro dos prazos pré-fixados, o mesmo CC elabora um novo documento, a que chama Teses e que é como que um rascunho da que virá a ser a resolução política a propor à reunião final, sendo esse documento publicado de várias formas (como suplemento do avante! e outras), que se distribui por TODOS os militantes com a expressa intenção de discussão em TODAS as organizações e de promoção de propostas de emendas, acrescentos, cortes.

As Teses, após esse período, transformam-se em proposta de resolução política, que os delegados vão discutir e ainda poderá – e sempre é – ser alterada em plena reunião plenária por propostas dos delegados, e é aprovada nem sempre, na história dos congressos, por unanimidade. 

Quanto aos delegados, são eleitos em reuniões especialmente convocadas para esse fim e de acordo com as condições regulamentadas, que para o Congresso deste ano foram 600, cerca de metade dos últimos congressos pelas condições conhecidas e assim decidido com larga antecedência, pelo que, por exemplo, se agruparam organizações, que em congressos anteriores tinham um delegado seu, em reuniões electivas para um único delegado. 

Processo congressual perfeito, sem máculas?... claro que não, mas procurando cumprir o chamado centralismo democrático, e se, sendo os militantes cidadãos de um Estado-nação de elevada iliteracia, de nível cultural médio baixo e pouca actividade de promoção associativa e cultural, algumas fases do processo congressual parecem “remar contra a maré” e assemelhar-se, em determinadas circunstâncias, a cumprimento formal. 

No contexto em que se realiza este Congresso, duas coisas me parecem de dizer: 
  • Trata-se de um direito que se exerce nas mais difíceis condições, numa afirmação de direitos democráticos que a TODOS (militantes e não) respeitam e foram conquistas a preservar
  • A campanha que se promove contra o Congresso nada tem a ver com preocupações com a saúde pública, é anti-democrática e reveladora de um condenável oportunismo político – que parece ser genético – servindo-se da democracia para, por via da desinformação e deturpação informativas, atacarem, num visível e não escamoteável plano, um partido mas, no fundo, atacar a democracia e os direitos que a conformam.

E, já agora… para terminar e porque vem a propósito, nas décadas que Portugal viveu sob ditadura, este PCP, de certo nem sempre acertando, algumas vezes tendo de se corrigir, lutou pela liberdade e a democracia, não pelas suas liberdades e democracias individuais, dos seus militantes, também então pela liberdade e democracia de e para TODOS.

E não foi fácil…