terça-feira, setembro 13, 2005

De classe

Ido do Zambujal, o trânsito infernal à entrada de Lisboa impediu-me de chegar a horas à apresentação da candidatura de Jerónimo de Sousa à Presidência da República, embora ainda tenha chegado a tempo de estar no final da impressionantemente concorrida e entusiática iniciativa.
Em compensação, ouvi na rádio parte da intervenção do Jerónimo e um comentário muito esclarecedor do sr. Carlos Magno.
Segundo este, o discurso que ouvia estava muito bem escrito, milimetricamente disse ele, e tinha-o sido, decerto!, por intelectuais do Partido para operário ler, coisa que este fazia muito bem.
Isto ouvi eu com estes dois que ladeia a minha cabecinha.
E está dito: Jerónimo de Sousa será um operário que sabe ler, mas não se exagere... não pode saber escrever. O que será uma evidência para o sr. Carlos Magno, que também deve ter dúvidas se um operário pensará.
É de classe!

O facto, que custa a aceitar, é que Jerónimo de Sousa, operário que é, além de ser de (outra) classe, tem classe!

7 comentários:

Anónimo disse...

Se os Carlos Magnos da nossa praça admitissem que um operário pode escrever um discurso como o de ontem ... entrariam em colapso, tal era o choque das contradições nas suas cabeças. :)

Sérgio Ribeiro disse...

Pois...
E em colapso entrarão!

Anónimo disse...

Neste País qualquer mabeco é transformado em comentador por obra e graça dos donos da comunicação social que temos.
Depois... é dar-lhes asas e deixá-los voar que eles, como bons abutres que são, irão fazer o resto!!!
O Jerónimo que se cuide pois, como benfiquista que é, ainda vai ser acusado pelas más prestações do seu clube!!!
Para esses senhores, contra o PCP vale tudo!!!
Mas não nos abatem!!!
E isto é que lhes dói!!!

Anónimo disse...

Os meus preâmbulos:
1.Vou fazer de advogada do diabo.
2.Acho que Carlos Magno não precisa da defesa de pessoas como eu que não sabe defender nada incondicinalmente e que acredita no relativismo de tudo... Por isso não venho em sua defesa.
3.É fundamental afirmar (e reafirmar) como aprecio e respeito as opiniões do Sérgio.
4.Queria apenas dizer que ouvi na Antena 1, uma opinião crítica do mesmo Carlos Magno muito abonatória, detalhada e fundamentada da escolha de Jerónimo de Sousa em "Os Poemas da Minha Vida".

Sérgio Ribeiro disse...

Óptimo, Teresa, congratulo-me.
Mas a incoerência é maior ainda. Quem reconhece o mérito na escolha dos poetas e dos poemas não poderia dizer que um discurso como aquele, feito por quem escolhe poetas e poesias, foi escrito por intelectuais do Partido, milimetricamente, para o operário ler...
Foi, espero, uma escorregadela. Só que eu tive o azar de ouvir!

Anónimo disse...

Jerónimo de Sousa, merece-me todo o respeito!
Desde muito jovem tem sido coerente, honesto, um lutador!
Pelo facto de não ter tirado um curso superior, não ser DR., não dá o direito a ninguém chamar-lhe, ignorante! Jerónimo de Sousa, participou em grupos culturais, chegando a fazer teatro amador! Tem experiência sindical. Foi durante 16 anos, deputado à AR, integrando as comissões dos Assuntos Sociais. No PCP, esteve sempre ligado aos problemas laborais. E o curriculum, não termina aqui....

Carlos Magno nas Legislativas, teceu critica favoráveis a Jerónimo de Sousa!
Por vezes a cólera, faz-nos dizer palavras que nos ferem! Carlos Magno, apesar de ser um homem de direita, está ferido com os disparates das políticas neoliberais dos sucessivos governos! Agora, começa novamente a dizer o que pensa! E disparata!
Mas C.M. sabe, todos sabem, por baixo daquele ar humilde e tímido de Jerónimo de Sousa, está um homem íntegro, humano e muito inteligente!

GR

Sérgio Ribeiro disse...

Eu não diria que Carlos Magno é um "homem de direita". É um "convencido", gosta de se ouvir, de dizer "boutades"... o que o leva a comportar-se como um homem de direita. Como tantos que (talvez) não o sendo assim se comportam. Eles é que, sem se darem por isso, são os "politicamente correctos", que estão "na onda" com a irreverência bem comportada, qb. para não incomodar o poder e para beliscar, com ares descontraídos e modernaços, a (outra) classe quando como tal se assume.