Exmo. Senhor Provedor do Leitor
do Diário de Notícias
Evidentemente que o jornal de que V. Excia é provedor pode convidar, promover, aceitar todas as colaborações que muito bem entender.
Pode o comprador e leitor de jornais fazer a sua escolha a partir do livre mercado que está criado, com todas as mãozinhas que, por detrás desse mercado, o regulam.
Estas são as regras de um jogo que, por mais viciado que esteja, é o dito jogo democrático, e às suas regras nos atemos, mesmo quando as procuramos mudar por via de “outra informação”, de uma tomada de consciência que a todos chegue.
Um senhor chamado Alberto Gonçalves pode, usando os direitos que lhe concedem, dizer dos “baladeiros” o que lhe apetecer, até à fronteira do insulto, da agressão, chamar inconcebível a Ary dos Santos, achar melodias indigentes e colocar aspas para se referir a poemas de Gedeão e Saramago, achar que tudo isso é lixo, ir até à sentença boçal de que, a seu juízo (tão final que o terá gasto todo noutras graçolas) de que «ouvir o nosso canto de “intervenção” é perceber o infinito alcance da boçalidade humana». E mais que não sou nem obrigado a (re)ler nem a transcrever. É a sua “opinião” e sobre ela tenho a minha, decerto impublicável.
Pode usar e abusar desse seu direito de bolsar sobre as páginas que Abril lhe abriu (porque a censura não lhe deixaria escrever assim sobre o nacional-cançonetismo), tal como eu tenho o direito de deixar de comprar quem publique essas “opiniões”.
Mas não é admissível que, nas páginas do jornal como aquele de que V. Excia. é provedor, esse sociólogo (?!) se refira a um assassinato hediondo em termos pretensamente irónicos. Esmagarem as mãos a um homem e assassinarem-no num estádio-prisão, em condições cujo relato – conhecido por quem o quiser conhecer – arrepia qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade, e Alberto Gonçalves permite-se fazer, com esse episódio, umas linhas de prosa pretensamente irónicas. Absolutamente inaceitável! Condenável por mais libérrimas (ou libertinas) que sejam as “opiniões”.
Pergunto a V.Excia. se o papel de provedor não tem a função de impedir, já que não pode evitar, que se repita a publicação de “opiniões” (!) destas?
Com os cumprimentos
do Diário de Notícias
Evidentemente que o jornal de que V. Excia é provedor pode convidar, promover, aceitar todas as colaborações que muito bem entender.
Pode o comprador e leitor de jornais fazer a sua escolha a partir do livre mercado que está criado, com todas as mãozinhas que, por detrás desse mercado, o regulam.
Estas são as regras de um jogo que, por mais viciado que esteja, é o dito jogo democrático, e às suas regras nos atemos, mesmo quando as procuramos mudar por via de “outra informação”, de uma tomada de consciência que a todos chegue.
Um senhor chamado Alberto Gonçalves pode, usando os direitos que lhe concedem, dizer dos “baladeiros” o que lhe apetecer, até à fronteira do insulto, da agressão, chamar inconcebível a Ary dos Santos, achar melodias indigentes e colocar aspas para se referir a poemas de Gedeão e Saramago, achar que tudo isso é lixo, ir até à sentença boçal de que, a seu juízo (tão final que o terá gasto todo noutras graçolas) de que «ouvir o nosso canto de “intervenção” é perceber o infinito alcance da boçalidade humana». E mais que não sou nem obrigado a (re)ler nem a transcrever. É a sua “opinião” e sobre ela tenho a minha, decerto impublicável.
Pode usar e abusar desse seu direito de bolsar sobre as páginas que Abril lhe abriu (porque a censura não lhe deixaria escrever assim sobre o nacional-cançonetismo), tal como eu tenho o direito de deixar de comprar quem publique essas “opiniões”.
Mas não é admissível que, nas páginas do jornal como aquele de que V. Excia. é provedor, esse sociólogo (?!) se refira a um assassinato hediondo em termos pretensamente irónicos. Esmagarem as mãos a um homem e assassinarem-no num estádio-prisão, em condições cujo relato – conhecido por quem o quiser conhecer – arrepia qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade, e Alberto Gonçalves permite-se fazer, com esse episódio, umas linhas de prosa pretensamente irónicas. Absolutamente inaceitável! Condenável por mais libérrimas (ou libertinas) que sejam as “opiniões”.
Pergunto a V.Excia. se o papel de provedor não tem a função de impedir, já que não pode evitar, que se repita a publicação de “opiniões” (!) destas?
Com os cumprimentos
de Sérgio José Ferreira Ribeiro
– BI 2010116
– BI 2010116
14 comentários:
Estou contigo Sérgio. Acima de tudo é inadmissível que ironize quem devia RESPEITAR e ADMIRAR!Pode não gostar das canções mas ironizar com factos históricos e com a vida de alguém que foi barbaramente assassinado é verdadeiramente aberrante! Um abraço...
Ontem já tinha lido o post do Samuel, mas recusei-me a ler a prosa do snr.
Já não tenho idade para me incomodar com vómitos, embora reconheça que deveria haver uma enorme quantidade de cartas a chegar ao provedor....
Só hoje li este post e do Samuel!
Na minha fúria e revolta, apodera-se uma impotência, uma tristeza profunda.
Como o fascismo está a estender os tentáculos.
Não conheço ninguém que leia o DN (no norte, muito poucos o compram).
Contudo estou a enviar este post e a tua carta (anónimo séc.xxi) por mail, para que ninguém mais compre este jornal salazarista. Não podemos pactuar, com uma situação tão grave.
QUE MAIS NINGUÉM COMPRE O - DIÁRIO DE NOTÍCIAS
Se fosse possível subscrições de apoio à tua carta.
Ou fazer qualquer outra coisa, para que este fascista saia do jornal.
GR
Ai Sérgio. Tocas na ferida...
Estamos fartos de saber que estes miseráveis fazem o querem e lhes apetece, porque estão lá (quer na imprensa como no poder) para defender o capital, porque lá foram colocados, a dedo, para executarem as suas missões, para evitarem que se forme opinião contrária, libertadora.
Mas é tão difícil, tão difícil.
E há dias em que não há estômago para aguentar tanta canalhice.
Estamos nesta luta, que é realmente como dizes: contínua.
(Mas custa muito, às vezes, ter de conceber a ideia que esta gente pode falar impunemente.)
Não preciso de dizer que a tua carta está excelente.
beijinho
Será que DN quer dizer diário Nazi?!... Se não é para lá caminha. excelente carta. vamos ver se o homem é provedor ou provaddor!...
Parabéns.
Aqui fica o link sobre as últimas horas de Vítor Jara:
http://ocastendo.blogs.sapo.pt/189249.html
Saúde, felicidades e bom trabalho
Fraternais saudações comunistas
Sérgio, está tudo ok...mas eu quase que juro (mesmo sabendo-se muitas vezes que quem mais jura mais mente) ter lido o dito "artigo" na revista sábado...
Erro meu?
Se lermos o relato dos últimos momentos do herói Vitor Jara, que o vilarigues publicou no Castendo, não teremos dificuldade em reconhecer na prosa do alberto Gonçalves a fúria do fascista que assassinou o cantor.
E a mesma cobardia une os dois escroques: um mata protegido por um exército de criminosos. O outro ataca de forma vil e mentirosa, resguardado na fortaleza do DN. Contra estes canalhas o melhor é não permitirmos que reescrevam a história. Um abraço forte.
O DN é uma das pústulas dos nossos media que se encontra em avançado estado de gangrena e onde chafurdam muitos vermes intelectualmente venenosos.
O DN é uma das pústulas dos nossos media em avançado estado de gangrena onde chafurdam muitos vermes intelectualmente venenosos.
Olá Sergio.
Entrei no espaço,por via de amiga comum,e não gostei nada da forma como esse "Senhor" trata pessoas de bem,e poetas pois li o artigo e não gostei,daqui para diante tenho dúvidas se compro o dito jornal,pois devia ter consideração dos que sofreram muito nas mãos do capitalismo selvagem,pois só olham par os seus bolsos.
Bem haja por tal
Abraço Lisa
Caríssimo Sérgio,
É efectivamente inadmisssível e intolerável.
Os textos desse rapazinho deixam normalmente entrever o perfil de um tonto a fazer provocaçõezinhas, rapaz mal educado a quem disseram em pequeno que tinha jeito para dizer parvoíces e ele acreditou.
Já li uma vez ou outra. Parece mais um caso clínico. Deve sofrer do estômago e ganhou certamente o canudo de sociólogo, se o tem, num pacote de farinha maizena.
O problema destes tipos a quem dão espaço para dizer barbaridades é que levam algumas pessoas a pensar que isto é normal e democrárico e é para rir.
Lembro-me bem doutros. Os rapazes que apareceram no inicio dos anos 80 e descarregavam a sua pespinetisse em vários jornais como, por exemplo no finado Independente.
Esta cultura de uma direita espertalhota e pouco consistente magoa mas vai-se como muitas outras coisas nos despejos do tempo.
Mas há que barafustar. A cidadania que os portugueses tão pouvco praticam, exige-o.
Bem hajas pela tua carta aberta. É o míimo.
Um forte abraço fraterno,
José Fanha
Agradeço-lhe a carta que enviou ao Provedor.
Mas, afinal, parece que foi na "Sábado".
Seria bom que também se escrevesse para lá.
Porque ,de facto, a criatura é um torturador em potência!!!
Saudações.
Absolutamente inacreditável o Artigo do Sr. Alberto Gonçalves, Sociólogo (?) que revela o mais profundo desrespeito pelas convicções de cada um. Este é um pequeno comentário porque as palavras desse senhor não deveriam merecer senão desprezo. Tenho 60 anos, não sou nem nunca fui Comunista, mas também nunca Salazarista!
Senhor Provedor, rogo-lhe que em nome do Humanismo chame a atenção desse senhor para as aleivosias que profere! Que Deus lhe perdoe!
José Manuel F. Silva
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