Uma impossibilidade derivada de questões de saúde que me obrigaram a ir aos HUC (estou óptimo, acrescento já em intenção de quem a isso interessar...) impediu-me de ver o debate da moção de censura apresentada pelo PCP. Custou-me muito...
Ouvi, no entanto, o noticiário das 19 no serviço público antena 1... e estive quase a ter de voltar para trás, para o hospital!, tal a náusea e a revolta que senti. Lá para meio do noticiário, falou-se da moção de censura. Para se dizer, em resumo, quais os motivos do partido que a apresentou? Não! Para dar a grande "caixa" de que o 1º ministro tinha dito que havia motivos para censurar o Governo mas não aqueles (quais?), a que se seguiu logo o dr. Francisco Louçã a aproveitar a boleia e a indagar, em diálogo com o tal 1º ministro, que motivos eram esses. Isto é informação... vergonhosa, pustulenta.
Depois, algo do final do debate, pela voz do Bernardino Soares, e o comentário (acintoso) sobre o resultado da votação.
Outros quefazeres só me deixaram "ouver" o inefável Sousa Tavares na televisão, com aqueles seus tiques ou trejeitos, a dizer que o PCP falhara a oportunidade de censurar o Governo porque escolhera mal os motivos, baseando-os numa concepção imobilista, num mercado do trabalho ultrapassado, própria do auge do marxismo-leninismo do século xix. Que rigor!, que comentador!, que dor de alma...
Pouco acrescentarei aqui e agora. Já ouvi, no site oficial do PCP, o discurso inicial do Jerónimo de Sousa (que aplaudi a mãos ambas no silêncio desta secretária), já viajei por alguns blogs onde encontrei o que era preciso encontrar, já renovei e fortaleci a dose quotidiana de vontade de lutar e de convicção que vale a pena e... que é possível!
Apenas deixo o meu resumo dos três motivos apresentados, e que a comunicação, deliberada e desavergonhadamente, escamoteou: agravamento da situação económica e social, opção de fundo e classista do Governo contra a Constituição da República Portuguesa, actualidade e urgência de trazer à A. da R. o sentimento do povo português.
E mais um apontamento que considero particularmente relevante na actual situação do capitalismo - e da luta de classes - a procura de liquidação do conceito horário de trabalho, que é essencial para a exploração dos trabalhadores na interpretação marxista em que a exploração é o tempo não pago de utilização da mercadoria força de trabalho, e porque a sociedade humana por que se luta terá uma organização do tempo de vida dos humanos em que o tempo livre seja o objectivo concreto e concretizável de todo o ser humano.
4 comentários:
É uma técnica perfeita e que até agora tem ficado impune. Como sabem perfeitamente que a esmagadora maioria dos "populares", como gostam de chamar ao povo, não vê debates na Assembleia, fazem de conta que dão a notícia, mas dizendo rigorosamente apenas o que lhes apetece.
O governo cria um "sound byte" como esse dos motivos errados e até grunhos como o Sousa Tavares lhe pegam...
A indignação que sentiste, senti-a também eu.
Na impossibilidade de acompanhar o debate em directo, ouvi o noticiário de TSF às 17.00 que noticiou... os argumentos de Sócrates. Mais tarde fui procurar informação na net e encontrei na LUSA tudo. Tudo o que lhes intessava que a opinião pública soubesse. Ou seja, propaganda Socratiana que não diferia do noticiário da TSF. E pelos vistos da antena 1.
Apeteceu-me escrever sobre isto e foi o que fiz no "Vermelho Vivo".
Quando me coloquei em frente à TV para ver as notícias da SIC, apanhei com Sr. Erikson (será assim que se escreve?)na abertura e... dei por terminada a minha recolha de informação sobre o debate.
Tal como tu, fui à noite ao sitio do Partido saber aquilo que em tanta procura pelos órgãos de informação isenta, imparcial e pluralista não tinha encontrado.
Enfim... nada que nos surpreenda, mas sempre digno de denúncia.
Curiosamente, esta desinformação programada só nos motiva ainda mais para a luta diária que travamos.
Um abraço
A única diferença palpável entre a Antena-1 e a ex- Emissora Nacional é qe nesta se falava melhor português. Quanto ao Miguel Sousa Tavares não passa do uísque a falar. Desculpa lá o aportuguesamento da famosa bebida escocesa.
Acompanhei o debate na AR. Com sais de fruto e água das pedras ao lado.
Chamei-os de tudo mas eles nem ouviram...
Poupo-te os pormenores das "tentativas" que o PM fez em gozar com a velha estória da "cassette". Porque até o esgar na fuça era forçado.
O nosso Partido esteve muito bem. A moção foi chumbada? Foi, já o sabíamos. Chumbada por duzentos e poucos eputados, que deveriam representar na AR o sentir de quem os elegeu. Não o fazem.
Mas: A Moção Foi APROVADA nas ruas por muitos milhares de trabalhadores! E é isto que conta, que nos dá força para continuarmos a Luta!
Um abraço
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