(De onde menos se espera, de um comentário que de antemão se sabe que vem com intenções duvidosas ou, sem sombra de dúvidas, para “chatear”, salta uma questão interessantísima. Cá por mim, rejubilo. Bem-vindo comentário!)
As questões da troca equivalente e da troca desigual desafiam para umas considerações de natureza linguística.
O que em português chamamos troca, em francês pode ser troc ou échange. Por exemplo, L’échange inégale, o original de Arghiri Emmanuel, que foi muito lido – e usado – no final dos anos 60/começo dos anos 70, foi editado em português com o título A troca desigual. E de que outra forma poderia ser?
Mas o facto é que são, em francês, conceitos diferentes que têm a mesma, e por isso perturbadora, designação em português.
No dicionário que me acompanha há décadas, e que por vezes parece ganhar actualidade, lá está, como “cabeça”, intróito aos respectivos artigos:
Echanges – (traduzo:) termo genérico para designar os movimentos das mercadorias, efectuando-se quer directamente quer por intermédio da moeda.
Troc – (traduzo:) forma de troca (échange) não monetária que consiste em trocar (échanger) directamente um objecto contra um outro.
A diferença (enorme!) está em que a troca-échange é genérica e a troca-troc é não-monetária e directa, objecto por objecto.
A partir da dúvida do comentário – fosse qual fosse a intenção do comentador –, fique claro que a troca a que me refiro neste passo (24) do “materialismo histórico” é a troca-troc, não-monetária e directamente de objecto contra objecto, com estes já a tomarem a forma conceptual de mercadoria.
As questões da troca equivalente e da troca desigual desafiam para umas considerações de natureza linguística.
O que em português chamamos troca, em francês pode ser troc ou échange. Por exemplo, L’échange inégale, o original de Arghiri Emmanuel, que foi muito lido – e usado – no final dos anos 60/começo dos anos 70, foi editado em português com o título A troca desigual. E de que outra forma poderia ser?
Mas o facto é que são, em francês, conceitos diferentes que têm a mesma, e por isso perturbadora, designação em português.
No dicionário que me acompanha há décadas, e que por vezes parece ganhar actualidade, lá está, como “cabeça”, intróito aos respectivos artigos:
Echanges – (traduzo:) termo genérico para designar os movimentos das mercadorias, efectuando-se quer directamente quer por intermédio da moeda.
Troc – (traduzo:) forma de troca (échange) não monetária que consiste em trocar (échanger) directamente um objecto contra um outro.
A diferença (enorme!) está em que a troca-échange é genérica e a troca-troc é não-monetária e directa, objecto por objecto.
A partir da dúvida do comentário – fosse qual fosse a intenção do comentador –, fique claro que a troca a que me refiro neste passo (24) do “materialismo histórico” é a troca-troc, não-monetária e directamente de objecto contra objecto, com estes já a tomarem a forma conceptual de mercadoria.
Como se verá adiante, este "pormenor" tem a maior importância. Aliás, não é por acaso que aparece aquele sinal de igual ( = ) na ilustração gráfica, em que - talvez! - as setas devessem estar ao contrário.
7 comentários:
A confirmar que até no mau pano de um comentário duvidoso cai... a limpidez de uma explicação útil...
Um abraço.
Lido, percebido e anotado!
Como diz a Justine...
Quando as explicações são desta natureza não à margem para dúvidas!
Abraço
Claríssimo, transparente...
... quase vidro...
:)))
Xô tôr.
Se o assunto é interessante, então, que tal acelerar o passo à novela e passar da troca directa para a troca intermediada (por uma outra mercadoria de aceitação mais alargada e, depois, para o dinheirinho como mercadoria equivalente geral, e também intermediada por um terceiro interveniente que não já duas comunidades ou produtores distintos, o tal de mercador ou comerciante)?
Mas o melhor seria situarmo-nos na troca da totalidade da produção, na produção orientada para o mercado, e não na troca de excedentes. Esta é coisa muito recuada no tempo; aquela é ainda actual.
Poderíamos chegar à questão do valor das mercadorias e das suas diversas formas. O que são e como se determinam. E o que são essas coisas de lucro e de mais-valia e onde e como se originam.
Saíriamos, é claro, da saga do materialismo histórico, que não explica a História, mas pretende antecipar o futuro, e ficaríamos no campo da economia política. Um campo muito mais interessante, sem dúvida.
Quem sabe se não seria interesante?
A.Fagundes.
E assim fica o assunto brilhantemente esclarecido e (pelo menos para mim) encerrado, a provar que "Na melhor nódoa cai o pano!"
Abraço
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