quarta-feira, outubro 18, 2017

A não inesperada brutalidade de uma declaração presidencial

Foi o tempo de. Porque foi a oportunidade. Porque foi a oportunidade criada nos tempos idos e que querem voltar. Porque foi a oportunidade de ter o País em estado de choque, de ter o Povo em carne viva e a arder.
Marcelo mostrou a sua outra face de Presidente da República. Com uma dureza que serviu de tema para muitas glosas. Todas a mostrarem a face que estava no reverso da cara que fica nos “selfies” dos afectos à flor da pele.
… Ou quase todas…
Não vi – talvez por não ter visto tudo no tudo que vi – a citação que me fez saltar do lugar de espectador-alvo do discurso anunciado, e me fez arrogar, em irritada agitação, ter visto o mais clarificador, o mais “fundo da questão”. Ou só a ter visto, de passagem..., numa passagem comentada do Observador (onde haveria de ser?...).
Transcrevo a passagem e o comentário:

“O Presidente da República pode e deve dizer que nessas decisões não se esqueça daquilo que nos últimos dias confirmou ou ampliou as lições de junho e olhe para estas gentes, para o seu sofrimento, com maior atenção ainda do que aquela que merecem os que têm os poderes de manifestação pública em Lisboa.” (disse Marcelo)
«Para Marcelo, o barulho dos sindicatos nas ruas de Lisboa não pode valer mais do que o silêncio das vítimas dos fogos. Nas últimas semanas, a mais pequena reivindicação de uma qualquer classe profissional levou o Governo a engordar o Orçamento. Agora, a mesma "atenção" deve ser prestada a quem não consegue encher ruas, decretar greves, mobilizar protestantes, ou exercer poder na "geringonça".» (comentou o Observador)


Trazer para a luz do confronto as reivindicações do trabalho e dos trabalhadores – “os que têm os poderes de manifestação pública em Lisboa” – com a dor, as lágrimas, o sofrimento de populações agredidas (elas sim, brutalmente!) é, na verdade, esclarecedor para quem se quiser libertar da palha das palavras e procurar a semente das coisas.

Só (!) acrescento uma outra esclarecedora citação, lembrada em aspalavrassaoarmas.blogspot.pt:

«Aqueles que durante anos, para não dizer décadas, defenderam "menos Estado" em todas as áreas da governação, foram agora os primeiros a ficar roxos de indignação com as falhas do Estado a propósito dos incêndios no interior. Quem os ouviu quando o País de província foi ficando deserto, sem serviços, recursos e equipamentos? Quem ouviu os gritos abafados das populações? Desse País, alguns conhecerão a versão turística, feita de queijos, carnes e vinhos em restaurantes de estalo e umas quantas piscinas com vista para o rio encravadas numa fraga. Ai Portugal, se ao menos fosses, por uma vez, qualquer coisa de asseado e com memória...»

MIGUEL CARVALHO
(Quando Portugal Ardeu)

3 comentários:

Pata Negra disse...

O Marcelo é um balola!

Olinda disse...

Marcelo mostrou a sua autentica face!A que nós conhecemos e rejeitamos.Bjo

O Puma disse...

Marcelo ainda está no adro