Foi o tempo de. Porque foi a
oportunidade. Porque foi a oportunidade criada nos tempos idos e que querem
voltar. Porque foi a oportunidade de ter o País em estado de choque, de ter o Povo
em carne viva e a arder.
Marcelo mostrou a sua outra face
de Presidente da República. Com uma dureza que serviu de tema para muitas glosas.
Todas a mostrarem a face que estava no reverso da cara que fica nos “selfies”
dos afectos à flor da pele.
… Ou quase todas…
Não vi – talvez por não ter visto
tudo no tudo que vi – a citação que me fez saltar do lugar de espectador-alvo do
discurso anunciado, e me fez arrogar, em irritada agitação, ter visto o mais
clarificador, o mais “fundo da questão”. Ou só a ter visto, de passagem..., numa passagem comentada do Observador
(onde haveria de ser?...).
Transcrevo a passagem e o
comentário:
“O Presidente da República pode e deve dizer que
nessas decisões não se esqueça daquilo que nos últimos dias confirmou ou
ampliou as lições de junho e olhe para estas gentes, para o seu sofrimento, com
maior atenção ainda do que aquela que merecem os que têm os poderes de
manifestação pública em Lisboa.” (disse Marcelo)
«Para Marcelo, o barulho dos sindicatos
nas ruas de Lisboa não pode valer mais do que o silêncio das vítimas dos fogos.
Nas últimas semanas, a mais pequena reivindicação de uma qualquer classe
profissional levou o Governo a engordar o Orçamento. Agora, a mesma
"atenção" deve ser prestada a quem não consegue encher ruas, decretar
greves, mobilizar protestantes, ou exercer poder na "geringonça".» (comentou o Observador)
Trazer
para a luz do confronto as reivindicações do trabalho e dos trabalhadores – “os
que têm os poderes de manifestação pública em Lisboa” – com a dor, as lágrimas,
o sofrimento de populações agredidas (elas sim, brutalmente!) é, na verdade, esclarecedor para quem se quiser libertar da palha das palavras e procurar a semente
das coisas.
Só (!) acrescento uma outra esclarecedora citação, lembrada em aspalavrassaoarmas.blogspot.pt:
«Aqueles que durante anos, para não dizer décadas, defenderam "menos
Estado" em todas as áreas da governação, foram agora os primeiros a ficar
roxos de indignação com as falhas do Estado a propósito dos incêndios no
interior. Quem os ouviu quando o País de província foi ficando deserto, sem
serviços, recursos e equipamentos? Quem ouviu os gritos abafados das populações?
Desse País, alguns conhecerão a versão turística, feita de queijos, carnes e
vinhos em restaurantes de estalo e umas quantas piscinas com vista para o rio
encravadas numa fraga. Ai Portugal, se ao menos fosses, por uma vez, qualquer
coisa de asseado e com memória...»
MIGUEL CARVALHO
(Quando Portugal Ardeu)
3 comentários:
O Marcelo é um balola!
Marcelo mostrou a sua autentica face!A que nós conhecemos e rejeitamos.Bjo
Marcelo ainda está no adro
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