De regresso às rotinas quotidianas depois desta que se tornou a rotina anual de 3 dias de Festa, sonho e luta. com vivências que dão sempre para viver (e contar) o ano inteiro entre as Festas. Inesgotáveis. Em cada Festa há sempre algo para descobrir e sempre muito que fica por viver. Este ano foi o ano descoberta do desporto em Festa a compensar o tanto que ficou por viver ou reviver.
Assim se constrói a vida transformada. Com gente de todas as idades e sentires.
Este ano, cumpri uma tarefa num momento de solidariedade. Que me emocionou pelo que lembrei e convivi. No espaço do Setúbal. Momento de solidariedade que abri, dizendo:
ÁFRICA É DOS SEUS POVOS
Caros companheiros,
É com alguma emoção que, em
nome do PCP, vos reitero formalmente e neste momento de solidariedade, as boas vindas a esta Festa, na sua 42ª
realização e que, por ser o que é e como é, é também a vossa Festa.
42 Festas, desde 1976!
Um tempo que, na nossa
contemporânea idade, começa a ter dimensões históricas.
Este ano de 2018 assinalando
2 séculos. Do nascimento de Marx. E também os 100 anos de Mandela!
Como o ano passado, em 2017,
se assinalou um século. Da revolução soviética.
Tal como estamos a
aproximar-nos de meio século de tanto da História que muitos de nós ajudaram a
escrever. E que tão mal escrita está por alguns escribas…
Um tempo na escala da
história dos humanos que somos. Mas também, decerto, um tempo histórico à
escala da Humanidade.
Na viragem da década de 60
para a de década 70 do século XX vivia-se a consciência da necessidade de uma Nova
Ordem Económica Internacional pós-colonial, embora com forte reacção
imperialista.
Se se vierem a colocar
marcos ou balizas no recente processo histórico, eles bem podem vir a pôr-se
nos anos de 1974 e 1975. Em resultado das nossas lutas, das lutas dos nossos
povos.
Das lutas do povo português
a resistir e a libertar-se do fascismo, das lutas dos vossos povos a resistirem
e a libertarem-se do colonialismo e a encetarem caminhos cheios de escolhos e
armadilhas, caminhos que se queriam de independência e soberania.
Há algumas datas de
imprescindível referência para Portugal e para os novos países em África.
(Repito: à nossa escala
humana e à escala temporal da Humanidade. Em 1974/75)
Com o PAIGC a antecipar-se
na Guiné-Bissau ao nosso (de todos nós!) 25 de Abril de 1974 com o seu 24 de Setembro
de 1973, cumprindo o inapagágel legado do tão nosso, tão de nós todos, Amílcar
Cabral, assassinado nesse ano;
em Moçambique, a luta da
FRELIMO e a data de 25 de Junho de 1975, depois de vencida a reacção mas, em 86,
sem se ter sido capaz de impedir a estranha queda de avião que matou Samora e acompanhantes;
em Cabo Verde, ainda o PAIGC
em 5 de Julho de 1975, e depois o PAICV;
uma semana depois, a 12 de
Julho, S. Tomé e Príncipe do seu MLSTP;
por último, e já com
dificuldades acrescidas pela sua relevância económica e estratégica, o MPLA e Angola,
no acto tristemente unilateral de 11 de Novembro de 1975.
No entanto, já antes, a 12
de Dezembro de 1974, a Assembleia Geral das Nações Unidas, por 120 votos a
favor, 6 votos contra e 10 abstenções, aprovara uma Carta dos Direitos e Deveres Económicos dos Estados. Onde, nessa
assembleia-geral, se afirmou ser (cito):
“… um instrumento efectivo para o estabelecimento de um novo sistema de
relações económicas internacionais baseadas na equidade, na igualdade soberana
e na interdependência dos interesses dos países desenvolvidos e dos países em
desenvolvimento…”
Na votação dessa Carta não participaram, ainda, os vossos
novos Estados em vias de criação, mas o papel dos partidos e movimentos pela independência
dos seus povos está nela reflectido.
Foi há quase meio século –
foi ontem!
Aqui, neste extremo da
Europa, nesta porta para os caminhos do Sul, este Partido lutava, com outras
forças, por um continente nas mãos dos
povos, em segurança e cooperação, e também foi, este Partido, o único sempre
solidário com os povos de África a lutarem pelo futuro nas suas mãos.
Passaram décadas
Em que muito se viveu. Com
muitos passos atrás.
Em que aos avanços
civilizacionais se seguiram provocadores e inevitados recuos.
Nas sempre novas condições
concretas, a retoma dos caminhos de ontem está na ordem dos dias de hoje e na
necessidade dos povos. E nas suas lutas!
Em Festa, em encontros e reencontros que ela proporciona, reafirma-se a
solidariedade como intrínseca aos povos que queremos representar.
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Depois de intervenções das delegações presentes, todas a contribuir indelevelmente para um ambiente amigo e fraterno, solidário!, ainda me coube encerrar. o que fiz num brevíssimo apontamento que, apesar disso, ainda deu para lembrar dois episódios: a fuga de Portugal de Agostinho Neto e Vasco Cabral em 1963, e o encontro das delegações dos nossos povos enquanto a guerra colonial prosseguia, no Congresso Mundial das Forças de Paz de 1973, em Moscovo.
2 comentários:
Foi muito interessante o convívio
È uma Festa que nos transmite muito conhecimento,que logo,se transforma em cultura!Como o que acabo de ler.Este ano,estive limitada,ainda assim,soube aproveitar bem o pouco tempo que pude.Para o ano há mais,para dor da direita!Bjo
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