Serei Abril
no lugar e tempo que for
onde e quando Abril quiser
... é bom ler textos como este, e com eles construir Abril. Sempre por construir, sempre em construção (como o operário):
Abril. Os equívocos e ditames do novo Acordo Ortográfico
apoucaram-lhe a ortografia. Não lhe diminuíram a grandeza. Abril. Em abril
nos queremos. Em abril
nos vemos. Em abril nos revemos. Abril não é sonho, nem
utopia. Abril não é um estado de espírito. E, ainda assim, não há abril sem
a dimensão do sonho. Não
há abril sem o desejo de utopia. Não há abril sem esse
imenso e solidário espírito de entrega. De dádiva. Abril não é um estado de
exceção. É uma forma de ser. E de estar. É a normalidade adquirida de um país reencontrado com um povo
sedento de liberdade. A ansiar democracia.
Abril é um estado em
construção. Não é um ponto de chegada. É tão só um início
de viagem. Cada um terá o seu próprio abril. Cada um esboçará a sua própria representação de abril.
Cada um terá as suas próprias frustrações. A cada um as suas muito
particulares revoltas e devoções. Pelo
abril que (não) se cumpriu. Em cada rosto se idealiza um
percurso. Em cada rosto se narra uma história. Em cada história se desvenda
um mundo. São muitos e
infinitos os mundos de abril. Às vezes contraditórios. Às
vezes incompatíveis. Às vezes conflituais.
Em cada instante abril nasce de novo. Reformula-se. Reequaciona-se.
Interpela-nos. Desafia-nos. Abala certezas adquiridas. Questiona verdades
tidas por intocáveis. Absolutas. Essa
a grandeza de uma data. Essa a glória derramada pela memória
do tempo vivido e construído. Em abril. Por abril. E pelo abril sem o qual jamais
seríamos o país que somos. Com todas as suas fragilidades.
Com todas as suas grandezas. 25 de Abril foi ontem. 25 de Abril é hoje. 25 de Abril será sempre.
Se soubermos lutar. Se o soubermos defender. Se o soubermos preservar . Se
o soubermos continuar.
Liberto. Sem amarras. Sem donos. Abril é o absoluto e redondo vocábulo.
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(Expresso curto)
5 comentários:
Na noite de 26 para 27 de abril, lembro-me de ter ficado impressionado com a cobertura televisiva em direto do Forte de Caxias ... Na altura com quase 9 anos era-me difícil compreender o que se estava a passar ao ver todos aqueles homens e toda aquela emoção ... Hoje (todos os dias) é dia de celebrar a liberdade. Um abraço especial par si, Sérgio.
Muito obrigado!
Reconhece-me? Com aquela barba que hoje está branca?, que hoje foi a Caxias, participar no descerrar de um lápide?, que ontem desceu a Avenida da Liberdade?, que anteontem chorou no final de uma sessão para jovens na escola de Abrantes, quando estes cantaram o Acordai do Lopes Graça/Gomes Ferreira?
Olho para o espelho da minha juventude e... reconheço-me no jovem de barba negra com pressa de sair da prisão de Caxias, na noite 26 para 27 de Abril de 1974!
Forte abraço,
Hoje é (também) disso que falo
De reencontros, de tanto abraço
...e o Acordai estava bem
também
Faltou o Hino de Caxias!
Um abraço, Rogério
Na memória da ministra Francisca v.D., e do seu discurso, ficou a imagem da saída de Caxias dos «rapazes barbudos»! Icónico!
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