Embora antecipando (e - aqui - seja tarde), sempre a tempo:
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Quando estas linhas foram escritas não era ainda conhecido o desfecho da votação de ontem, na Assembleia-geral das Nações Unidas, reclamando o levantamento do bloqueio norte-americano contra Cuba. Mas a julgar pelos resultados mais recentes, não será demasiado ousado prever um clamor massivo, quase unânime: 191 Estados a favor e dois contra, em 2017; 189 a dois, em 2018; e, no ano seguinte, 187 a favor, três contra e dois abstiveram-se. Ao lado dos EUA votou sempre Israel e, em 2019, também o Brasil. E mais ninguém! Se não é isto a comunidade internacional, o que será?
Imposto há quase 60 anos pela administração Kennedy, o bloqueio foi agravado diversas vezes, quase sempre em momentos particularmente difíceis para o povo cubano: no início da década de 90, após o desaparecimento do campo socialista europeu (principal aliado económico e político de Cuba), e em 2020, quando a pandemia de COVID-19 ceifava já vidas um pouco por todo o mundo e obrigava a esforços – e investimentos – redobrados para proteger a saúde. As recentes medidas impostas pela anterior administração norte-americana, que reforçaram o (ilegal) carácter extraterritorial do bloqueio, não foram revertidas por Biden.
Só entre Abril e Dezembro de 2020, o bloqueio provocou à economia cubana prejuízos superiores a 3,5 mil milhões de dólares: impedida de adquirir produtos e tecnologia com pelo menos 10% de incorporação norte-americana, Cuba viu dificultado o acesso às vacinas desenvolvidas pelas principais multinacionais farmacêuticas, a ventiladores e a outros materiais essenciais a um combate eficaz à doença; na produção das suas próprias vacinas (duas delas, a Soberana 2 e a Abdala encontram-se já em fase muito avançada de desenvolvimento), foi forçada a comprar equipamentos e reagentes a preços 50 a 65% superiores ao estabelecido nos mercados internacionais.
Mas não é só Cuba que perde com o bloqueio imposto pelo imperialismo: vários países viram seriamente limitado o acesso a tratamentos e a produtos farmacêuticos e biotecnológicos desenvolvidos em Cuba, enquanto dos próprios Estados Unidos surgem apelos a uma mais estreita colaboração científica com a ilha socialista.
Apesar de todas estas dificuldades, crescentes, Cuba resiste e continua a assumir a Saúde como um direito fundamental de toda a Humanidade: a uma eficaz resposta à pandemia no país, junta-se a solidariedade internacionalista, com 57 brigadas médicas cubanas envolvidas no combate à COVID-19 em 40 territórios da América Latina, de África, da Ásia, mas também da Europa.