domingo, dezembro 19, 2021

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Enquanto nos "fazem a cabeça" com a  antidemocrática versão de

Costa e Rio vão disputar votos "taco a taco". PS e PSD com empate técnico

Enquanto nos assustam a propósito e a pretexto dos

perigo de guerra com a NATO a leste e a aproximar-se mais e mais da Rússia,

quem é que lê - quem é que tem acesso a informação como esta?!:

Não foi o tornado, foi o capital

António Santos

Cos­tuma-se dizer que não são os de­sas­tres na­tu­rais que matam, mas sim a po­breza. Mais acer­tado seria dizer que o que mata é o ca­pi­ta­lismo. Os vi­o­lentos tor­nados que têm sa­cu­dido o Midwest es­tado-uni­dense ar­ran­caram os te­lhados e ex­pu­seram a po­dridão: na fá­brica de velas da May­feld Con­sumer Pro­ducts, no Ken­tucky, mor­reram oito pes­soas e ou­tras dez estão de­sa­pa­re­cidas.

Apesar de todos os alertas, os pa­trões proi­biram os tra­ba­lha­dores de se re­fu­gi­arem nas casas de banho e man­ti­veram a linha de mon­tagem a fun­ci­onar até ao úl­timo mo­mento. «Per­gun­támos se po­díamos sair dali ou ir para casa. Dis­seram-nos que não. Que se saís­semos éramos des­pe­didos», ex­plicou o ope­rário Elijah Johnson à NBC, em di­recto de uma cama de hos­pital. Nesta fá­brica, o sa­lário é o mí­nimo per­mi­tido à es­cala fe­deral, ex­cepto para os pre­si­diá­rios: esses tra­ba­lham por poucos cên­timos à hora. Quando a fá­brica ruiu, es­tavam 110 tra­ba­lha­dores no in­te­rior.

Não se trata de um caso iso­lado. His­tó­rias se­me­lhantes emergem agora um pouco pelos quatro Es­tados por onde os tor­nados pas­saram: Ar­kansas, Ten­nessee, Ken­tucky e Il­li­nois. Foi neste úl­timo que mor­reram seis tra­ba­lha­dores num ar­mazém da Amazon. Nas ins­ta­la­ções de Edwards­ville, os quase du­zentos tra­ba­lha­dores foram obri­gados a ig­norar as si­renes que, trinta mi­nutos antes da tra­gédia, si­na­li­zavam a ur­gência de pro­curar re­fúgio.

Em de­cla­ra­ções à CNN, Danny Stuart, ope­rador de em­pi­lha­dora, ex­plicou que, nessa al­tura, os pa­trões proi­biram as idas à casa de banho para evitar que os tra­ba­lha­dores pu­dessem salvar-se. Nesse pre­ciso mo­mento, Jeff Bezos, dono da Amazon e o homem mais rico do mundo, es­tava na festa do lan­ça­mento de uma nave de tu­rismo es­pa­cial. Cá em baixo, na Terra, morria a tra­ba­lhar quem lhe criou essa fa­bu­losa ri­queza. Não cabem dú­vidas que para o ca­pital o lucro vale mais do que a vida. Só não sa­bemos se lá de cima con­se­guem ver os tor­nados.


(no avante! de 16.12.2021)

1 comentário:

Maria João Brito de Sousa disse...

Vêem, vêem! Mas os que vêem os tornados lá de cima, jamais os conseguirão "ver" com os olhos dos que os que os sofrem na pele, "cá em baixo".

Abraço!