- Nº 2550 (2022/10/13)
A concertação anti-social
A maioria dos sócios do BMWED, sindicato que representa os trabalhadores da manutenção da linha férrea dos EUA, rejeitou o acordo de concertação social proposto pelo patronato e mediado pessoalmente por Biden, pelo seu chefe de gabinete, pelo principal conselheiro económico do país e por três dos seus secretários de Estado. É um sinal claro de que os trabalhadores dos EUA já não aceitam migalhas, mesmo que elas sejam servidas de um prato dourado pelo próprio presidente.
No horizonte próximo está uma greve que pode paralisar toda a economia dos EUA e a que se podem juntar outros sete sindicatos ferroviários que, nas próximas semanas, votarão também o mesmo acordo. Entretanto, trabalho e capital concordaram em adiar qualquer decisão até à próxima sessão do Congresso que, em meados de Novembro, será chamado a pronunciar-se sobre a melhor forma de evitar a greve. As principais organizações patronais do sector, quiçá fartas de tanta concertação, já vieram pedir ao congresso e ao presidente que proíba uma greve que «destruiria toda a economia».
Não consta, em contrapartida, que o congresso, o presidente ou os seus melhores mediadores laborais tenham sugerido aos patrões a fórmula secreta que poderia desbloquear o contencioso: respeitar quem trabalha.
António Santos
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