sexta-feira, outubro 14, 2022

(um)A Conferência Nacional

  - Nº 2550 (2022/10/13)


Conferência, para que te queremos!

Opinião

Estamos a poucas semanas da Conferência Nacional do Partido, convocada pelo Comité Central com o objectivo de «contribuir para a análise da situação e dos seus desenvolvimentos».

Por todo o País, realizam-se centenas de reuniões, plenários, debates, assembleias, num movimento que honra o nosso funcionamento democrático (como se vê pelas páginas da agenda do Avante!), porque não apenas possibilita a todos os membros do Partido a participação e discussão dos conteúdos da Conferência, designadamente os que estão inscritos no projecto de Resolução, como suscita a intervenção, a reflexão e a proposta de cada um, desde logo «na resposta aos problemas do País, nas prioridades de intervenção e reforço do Partido e na afirmação do seu projecto».

O Projecto de Resolução agora em debate afirma, na sua abertura, que «a evolução da situação nacional e internacional confirma os aspectos essenciais identificados no XXI Congresso do Partido realizado em Novembro de 2020». Se assim é, que sentido tem estar agora a fazer uma Conferência, ainda por cima com o genérico tema Tomar a iniciativa, reforçar o Partido, responder às novas exigências?

Em primeiro lugar importa sublinhar que, sim, o que debatemos ao longo do ano de 2020, e que está plasmado na Resolução (do Congresso) então aprovada, constitui a orientação essencial para o trabalho que temos pela frente, na caracterização que faz da evolução do capitalismo, da situação nacional e internacional, da ofensiva política e ideológica e no que aponta de iniciativa e proposta do Partido e de medidas necessárias para o seu reforço.

Passado este tempo, e em função dos desenvolvimentos a que, daí para cá, assistimos – de que apenas referimos como exemplo a acentuada degradação das condições de vida do povo português, a fragilidade e dependência crescente da economia nacional, as alterações na correlação de forças e a campanha antidemocrática em curso com forte pendor anticomunista –, trata-se de olhar para eles e considerar a resposta do Partido no imediato.

A Conferência não é um ponto de partida. Esse situa-se bem lá atrás no momento em que um punhado de homens decidiu a fundação do Partido. Não é também um ponto de chegada, que esse está colocado no futuro de paz e progresso que queremos construir.

A Conferência é parte de um caminho que trilhamos desde sempre e que tem de ligar ainda mais o Partido às massas, aos trabalhadores, à juventude, às camadas populares. Não se trata de elencar, de forma avulsa, linhas de trabalho, metas e objectivos. Antes de olhar para a realidade e considerar as formas de, articuladamente, cumprir o nosso papel de sempre.

Cada reunião de preparação da Conferência é um passo mais nesse percurso. A energia e criatividade de cada membro do Partido vão ser colocadas ao serviço das respostas que é preciso dar, confirmando que tomar a iniciativa, pelo aumento dos salários, pela valorização dos trabalhadores ou pela defesa dos serviços públicos, beneficia e é beneficiado pelo reforço do Partido e pelo envolvimento de muitos e muitos outros democratas na sua dinamização.

E que o reforço do Partido, assegurando mais quadros a assumir nas suas mãos o destacado papel de direcção de organizações partidárias e estruturas, alargando o número de organismos a funcionar, criando mais células nas empresas e locais de trabalho, assegurando a independência financeira do Partido, e recrutando, recrutando sempre mais um trabalhador, mais um jovem, mais uma mulher, é condição para um mais impetuoso desenvolvimento da acção das massas, indispensável para conquistarmos um País melhor.

E, arrisco a dizer, principalmente, que a ligação do Partido às realidades concretas, a intervenção dos comunistas no movimento sindical unitário, no movimento associativo popular, nos movimentos de utentes, na vida local, contribuindo para o reforço das organizações de massas, base fundamental para o desenvolvimento da luta organizada, e que o contacto com outros, com democratas sem partido ou de outros partidos, são elementos estruturantes do enraizamento do Partido capaz de lhe dar sólidas bases para levar de vencida as investidas que não pararão.

A Conferência Nacional é a resposta que precisamos. Para reflectir, debater, ouvir, envolver, decidir, avançar. Com toda a confiança.


João Frazão

(membro da Comissão Política)

2 comentários:

Olinda disse...

Uma iniciativa de máxima importância para animar os militantes mais novos e envolvê-los nas organizações.Bjo

Maria João Brito de Sousa disse...

Ainda que na impossibilidade de cumprir as funções impostas pela militância, de alguma forma trago sempre o Partido dentro de mim.

Abraço!