sexta-feira, novembro 28, 2008

Não resisto a transcrever

O culpado do costume

Os advogados Coito e Tranquada, deputados da respeitável associação política que dá pelo nome de PSD Madeira, vieram esclarecer clientes, amigos & povo em geral que não têm, nem nunca tiveram, nada a ver com o BPN. Se percebi bem, houve só qualquer coisa relacionada com umas instalações. Por mim, estou esclarecido e continuarei a depositar total confiança em Coito e Tranquada.O presidente da República também já informou o país de que não tem nada a ver com o BPN. Dias Loureiro, como se sabe depois ter ido à RTP e de o ter jurado "solenemente" em Belém, é quem menos tem a ver com o BPN. O próprio Oliveira e Costa, apesar de preso, já terá garantido ao Ministério Público (estou a violar o segredo de justiça mas é por uma boa causa) que nem sequer sabe o que é o BPN e que a primeira vez que ouviu falar de tal coisa foi quando a Polícia lhe bateu à porta. Verifico, inquieto, que sou o único português que tem alguma coisa a ver com o BPN. De facto, há um balcão do BPN a 20 metros de minha casa e já lá fui ao Multibanco, pelo que começo a temer que seja eu quem vai pagar as favas do escândalo.
Manuel António Pina (no JN)
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Muito obrigado a quem me enviou este texto num comentário

adenda

Neste período de andanças e desandanças quase sem paranças, enquanto corro de um lado para o outro procuro não perder o treino da auto-crítica, e vou avaliando o que me vai acontecendo, ou o que vai acontecendo comigo dentro. Ao parar aqui, ao computador, alguns episódios vêm ao de cima.
No Porto, no debate sobre os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, uma pessoa amiga pôs a questão do ambiente. Ripostei da forma que a "inspiração" do momento me ajudou, que sim senhor que a preservação do ambiente é um direito humano, mas, depois, sozinho comigo e a fazer balanço... "veio-me à memória uma frase batida" e quase consensual - poluidor, pagador! - , e fiquei com pena que tão tarde me tivesse chegado.
Reconhecido que poluir é um atentado contra a natureza, considerado por nós que o ser humano faz parte da natureza pelo que esse atentado é também, e inequivocamente, contra o ser humano e os seus direitos... desde que se pague, tantas vezes após um cálculo de custo-beneficio para o capital investido em que se inclui nos custos o pagamento da poluição provocada, aceita-se ou tolera-se que se polua. E, depois, até se faz da despoluição mais um negócio...
É difícil encontrar fórmula que tão bem sintetize a desumanidade em que vivemos.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Justificações e explicações...

Criei (sobretudo para mim próprio) a rotina de vir aqui comentar algumas coisas da realidade. Estou a sentir-me ultrapassado... Ao mesmo tempo que há tanto e tanto para comentar, o tempo para o fazer encolheu quase diria drasticamente. Não "chego para as encomendas"... e sinto uma enorme falta dos comentários.
Fernando Paulouro, na tão amiga apresentação do meu livro no Fundão, disse que eu sou "um homem que explica as coisas", e saltou-me, na resposta, que o faço por prazer e por me parecer que é a explicar que mais se aprende. Estou com pouco tempo para aprender! Não pode ser.
Mas aqui estou a explicar (a explicar-me) a ausência de comentários para que tanto me está a convocar esta realidade que estamos a atravessar. Ou esta realidade que nos está a atravessar.
Para deixar um único comentário, nesta vertiginosa passagem por aqui (logo volto...), apenas digo que sei que este gosto e desejo de explicar as coisas nunca me levará à inexplicável situação de sentir necessidade de vir explicar o que não tem explicação, porque nunca me verei na situação do cidadão em funções de Presidente da República.
E, explicando-me melhor, apenas acrescento um dito popular: diz-me com quem andas... Já agora, porque mais minuto menos minuto já estou atrasado, talvez mais adequado seja um outro: com amigos (e conselheiros) destes, o Exmo. Senhor Presidente da República não precisa de inimigos.
O pior é que tudo isto se reflecte na ideia que se forma e confirma da chamada "classe política" e, por isso, na credibilidade da democracia.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Materialismo histórico - 37

A lei tendencial da baixa da taxa de lucro pode parecer negada pela realidade pois justificar-se-ia que, sendo ela verdadeira, os detentores de capital-valor monetário, privilegiassem o investimento em capital variável relativamente ao capital constante, e não procurassem, ao contrário, substituir os trabalhadores, trabalho vivo, por meios de produção, por trabalho passado que não cria mais valia. Levando a que o desemprego seja um dos mais graves problemas sociais contemporâneos do “mundo desenvolvido”.
Ora, no processo histórico, o desenvolvimento das forças produtivas é incessante, cada descoberta dá origem a uma nova descoberta, cada invenção a uma nova invenção. O ramo que prolonga o braço, a pedra que chega onde não alcança a mão, as suas transformações em complexos instrumentos e meios de trabalho… em suma, os exemplos que deixámos no início desta “conversa”. A ruptura que leva de um modo de produção a outro modo de produção tem causas objectivas na crescente falta de correspondência entre esse desenvolvimento das forças produtivas e as relações sociais dominantes.
O novo modo de produção estimula o desenvolvimento das forças enquanto ele não contraria os interesses da classe dominante. Quando os contraria, a classe dominante procura, pelo menos, controlar ou travar esse desenvolvimento Para tanto podem servir direitos de propriedade industrial, registos de marcas e patentes e coisas dessas, chegando-se ao limite destruição de forças produtivas - até às guerras - quando a crise atinge níveis de grande gravidade.
Cito o Manifesto: “O permanente revolucionamento da produção, o ininterrupto abalo de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época da burguesia de todas as outras”.

O capitalismo está marcado pelas suas contradições. Se, ao nível das relações de produção, no seu bojo criou o proletariado, também, ao nível das forças produtivas, vai criando as condições – e não as consegue inverter – para a baixa tendencial da taxa de lucro. Como transformou o desemprego em sua variável estratégica. Do que se escreverá a seguir.

sexta-feira, novembro 21, 2008

Ligeira pausa?!

Acabo de fazer o meu matinal circuito dos blogs. Espanto-me. Em nenhum deles (não são muitos, mas ainda são alguns) encontro um comentário à entrevista de ontem da ministra da educação. Apesar da primeira página dos jornais "de referência" (seja isto o que for...) se repartir por ela e por Oliveira e Costa.

Tanta teimosia e intransigência também cansa e exige uma pausa. O "truque" da simplificação associado à inaceitável afirmação de "MANTÉM-SE o critério" quando tudo e todos (até o simplicíssimo bom senso) exigem a suspensão, obriga a respirar fundo antes de continuar a luta. Que só pode continuar.

16 dias depois...

De ocastendo, ontem, este contributo de um estudioso do sistema eleitoral dos EUA que merece ser conhecido e reflectido:

«Eleições EUA: 16 dias depois... finalmente... há fumo branco...

1. Imagine-se que o Presidente da República de Portugal só era sabido 16 dias depois das eleições. Seríamos uma República das Bananas, pelo menos...
2. Falemos agora desta República...
Finalmente, sabe-se a composição do Colégio Eleitoral que elegerá o próximo Presidente dos EUA: 365-173.
Foi reconhecida a vitória a McCain no Estado de Missouri, tendo em conta que os votos que faltava contar são em número inferior à diferença de votos entre os dois principais candidatos. Quanto aos outros candidatos, continua a nada saber-se.
Outro assunto de que se não fala é do processo eleitoral no Estado do Nebraska, que elegeu 4 delegados de McCain e um de Obama. Ainda não sei a razão que leva este Estado a ser diferente de todos os outros. Certamente porque, um dia, assim decidiram. Mas, o que gostaria de saber (e ainda o virei a saber) é a razão porque é assim.
Feitas as contas, Obama terá 365 votos no Colégio Eleitoral e McCain terá 173. Isto é, Obama, que teve 53% dos votos a nível nacional, terá 68% dos votos no Colégio Eleitoral. McCain, que teve 46% dos votos, terá 32% na votação do Colégio Eleitoral. Argumentará muita gente "Isso que interessa... de qualquer forma Obama ganhou..." e é verdade. Pela simples razão que ganhou com margem suficiente para não haver dúvidas.
Mas recordemos 2000. Gore teve mais 500 mil votos do que Bush a nível nacional. E Bush ganhou, porque teve mais votos no Colégio Eleitoral...
3. Fica a questão. Será possível que, um dia, a eleição do Presidente dos EUA seja directa e decidida pelos cidadãos que, de facto, votam?
Será possível haver uma reforma do sistema eleitoral?

Fernando»
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... e como é que é possível que esta "democracia" passe atestados de democraticidade?!

quinta-feira, novembro 20, 2008

Materialismo histórico - 36

A lei da baixa tendencial da taxa de lucro exprime a tendência para a diminuição da taxa de lucro, resultante da evolução da composição orgânica do capital (coc).
O capital investido troca-se por capital constante (K), sob a forma de meios de produção e matérias primas, e por capital variável (V), a parte destinada à compra de horas de força de trabalho. Como o lucro (L) resulta da mais-valia (m-v) que o proprietário dos meios de produção retira do trabalho assalariado na produção (cada vez mais colectivo), L é proporcional a V, embora a taxa de lucro se calcule em função do capital total investido – L/(K + V).
Com a elevação da coc, a parte do capital variável no capital total – e poderia dizer-se a parcela do trabalho vivo na soma deste com o trabalho passado ou cristalizado nos meios de produção –, diminui, e a taxa de lucro também decresce, desde que se mantenha a m-v que se relaciona apenas com V. O que significa que a mesma quantidade de força de trabalho no mesmo tempo de emprego, põe em movimento uma massa sempre crescente de capital nas suas várias formas. Assim, uma mesma quantidade de capital variável fará funcionar uma sempre crescente quantidade de capital constante. Para ilustrar, dir-se-ia que, no limite ou caricatura, V apenas remunerará a tarefa de carregar em botões ou teclas que fariam o produzir K, que representa trabalho passado e cristalizado em instrumentos e objectos de trabalho.
Esta lei exprime o progresso do trabalho enquanto força produtiva por com menos trabalho, se criar a mesma quantidade de valores de uso (mercadorias), ou, com o mesmo trabalho se criar maior quantidade de valores de uso (mercadorias), ou os dois efeitos acumulados.
Em resumo, o desenvolvimento das forças produtivas, com expressão no acréscimo quantitativo e qualitativo dos meios de produção, faz aumentar K proporcionalmente a V, e implica necessariamente a tendência para a diminuição da taxa de lucro. Para o compensar, a classe dominante procura, permanentemente, um acréscimo da taxa de exploração, que só em condições excepcionalmente negativas da relação de forças sociais possibilita travar ou inverter, temporariamente, a lei tendencial, dados os diferentes ritmos de crescimento de K e de V.
Esta lei suscita, certamente, muitas dúvidas para que, surjam ou não, se procurará adiantar esclarecimentos à luz do materialismo histórico.
4 dos da UE, ou dos G-8, ou dos G-20 (desses "gangs"...), podendo identificar-se o Sarkô, o Durão e o Berlus, parecem à procura de qualquer coisa. Do que será?
Da rolha?...
Da aliança de um deles?...
Do Manifesto?... (para verem se percebem alguma coisa do que se está a passar - o "portuga", antes de partir para estágio nos EUA, deve ter queimado toda a "literatura subversiva" que tresleu)
Do dr. Vitor Constâncio?...
Ou andam só a "apanhar papéis"?... e aqueles papelinhos ali nos degraus serão as últimas instruções do BusinessEurope que lhes cairam dos bolsos? (ver artigo de Pedro Guerreiro, no avante! de hoje, Os camaleões)

quarta-feira, novembro 19, 2008

Desabafo de reformado compulsivamente (*) de professor

Acompanho com atenção particular (e corporativa, dirão uns atrasados mentais que não sabem o que foi a capa corporativa do fascismo…) a evolução da crise-conflito professores/ministério. E sinto desgosto e revolta.
Apenas vou anotar umas observações do enquadramento que tenho sentido quase totalmente marginalizado no debate… se debate se pode chamar a este confronto entre as obsessões de um lado e as razões do outro.

  • Esta "crise" sectorial está ligada a outras, está no ramalhete das privatizações na área da economia, da empresarializações dos hospitais, do desmantelamento dos serviços públicos, do individual e egoísta a prevalecer sobre o colectivo e solidário, cada um para si, tudo e todos em concorrência e competitividade.
  • Esta "crise" resulta de passos (canhestros) para a transformação do direito à educação, a assegurar pelo Estado, no negócio da formação de quadros para a actividade lucrativa de interesses privados, como se tende, aceleradamente, a tornar o direito à saúde no negócio da doença.
  • Nesta "crise", não inocentemente confunde-se autonomia com a obrigação de criar receitas para as despesas, confunde-se inserção na comunidade com "prestação de serviços a terceiros", confunde-se a qualificação e habilitação para uma profissão com patamar para mestrados e doutoramentos enquanto fonte de receitas, confunde-se direcção com gestão… e quem não é bom gestor não serve para reitor.
  • Esta "crise" vem juntar-se a outras que ignoram a existência de uma Constituição da República Portuguesa, e que, sob o nome de reformas, estão ao serviço do poder económico e de um sistema em crise que se assemelha a um castelo de cartas sobre areias movediças.

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(*) estou impedido de dar aulas por proibição de acumular com a situação de reformado, ainda que disponível para o fazer sem remuneração.

terça-feira, novembro 18, 2008

Tu cá, tu lá... ou... só sábios éramos dois, embora eu ainda agora antes do outro

O tal que afinal também disse que. Disse o senhor dr. Manuel Alegre: “ainda agora, no dia onze de Outubro, o Stiglitz escreveu um importantíssimo artigo no Le Monde, como eu também várias vezes o disse, defendendo que”.* Não interessa o complemento de «defendendo que». O que interessa é o artigo definido antes do nome de Stiglitz. Porque não foi Joseph Stigliz que «escreveu um importantíssimo artigo publicado no Le Monde», foi «o Stiglitz», mais ou menos como o nosso O Marquês. Mas isto é quase nada. Porque «o Stiglitz» escreveu o que o senhor dr. Manuel Alegre também disse várias vezes. Premonição deste e confirmação daquele, portanto, pois «ainda agora» «o Stiglitz» escreveu como o senhor dr. Manuel Alegre já andava por aí antes de «ainda agora» também a dizer. Enfim, ainda bem que «o Stiglitz escreveu um importantíssimo artigo no Le Monde». Mesmo se o artigo referido é, porque foi, uma entrevista. Nicky Florentino.
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* Diário de Notícias, n.º 50.996, 16.Novembro.2008, p. 4.
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ó Nicky!, como eu gostava de ter escrito isto...

sexta-feira, novembro 14, 2008

Materialismo histórico - 35 (lucro)

Lucro é forma modificada da mais-valia. Na linguagem corrente, o lucro constitui o resultado tangível, material, de uma actividade económica qualquer. No capitalismo industrial, trata-se do acréscimo do capital investido durante um ciclo de reprodução desse capital. É a diferença entre D e D' após a passagem pela troca D-M e o processo produtivo de que resulta realizando-se M' como valor monetário através da troca por D'. Ou, em prática especulativa (o que não se deve confundir com distribuição), é a transformação de D a D' sem passar por (…P…), isto é, criação de riqueza.
O lucro depende da mais-valia. Primeiro, porque ele é, em si-mesmo, mais-valia, ou seja, a força de trabalho utilizada e não paga; depois, porque constitui um modo da existência concreta da mais-valia, e realiza-se, como capital-dinheiro, em várias formas: o lucro comercial, as rendas, os juros. Na prática especulativa, só se transfere mais-valia antes criada e apropriada.
Enquanto a mais-valia existe apenas na dimensão do capital variável, o lucro refere-se à totalidade do capital, pelo que é a mais-valia reportada ao conjunto do capital. Noutros termos (ou nos mesmos…), no processo produtivo, o capital total investido é a soma do capital constante (K), que são os edifícios, as máquinas os instrumentos, as matérias primas – os meios de produção, objectos e instrumentos de trabalho – mais o capital variável (V), a parte destinada à utilização da força de trabalho, e a mais-valia é parte de V e o lucro é parte de K + V.
Sendo epifenómeno da mais-valia, o lucro é elemento fundamental da mistificação do funcionamento do capitalismo:

  • porque, para o proprietário dos meios de produção, convertidos em capital-dinheiro que é investido para reprodução e acumulação, o lucro é criado pelo seu capital, e considera-o como fruto da sua actividade;
  • porque, para os economistas não-marxistas (mais contabilistas que economistas…), o lucro é o que resulta como benefício (ou prejuízo), como resíduo – o que se recebe menos o que se gasta –, compensa o risco assumido e está condicionado pela “conjuntura”.

Em ambos os casos o que se escamoteia é a exploração do homem pelo homem, uns possuidores dos meios de produção, outros apenas da sua força de trabalho.

Esta nota, necessariamente sumária (como todas, apenas pistas), é indispensável para se chegar à lei da baixa tendencial da taxa de lucro, o pé da mesa que falta.

quinta-feira, novembro 13, 2008

a talhe de foice...

  • Há umas décadas, há mais de três porque ainda não tinha havido aquele 25 de Abril, existia uma coisa chamada previdência social. Eram as “caixas”!
  • Não havia reformas, nem subsídios de desemprego, nem salários mínimos, essas (outras) coisas…, mas as “caixas” arremedavam uma segurança social.
  • Diga-se, entre parênteses, a tal “previdência” vinha na tradição dos socorros mútuos, da solidariedade “a sério”, e de conquistas sociais do final da guerra que chegaram, mitigadamente, ao Portugal sob opressão fascista, e preveniam males maiores para o regime…
  • Mas… como se descontava para as “caixas” que fazer com esses dinheiros? Lembro-me que se faziam “aplicações”, mas das “seguras”, sobretudo em imóveis, de que se recebiam rendas e, assim, o dinheiro “estava a render”.
  • Houve alturas em que algo se terá arriscado… mas é dos prédios com a placa “propriedade das Caixas de Previdência” (ou querendo dizer isto) que me estou a lembrar ao ler o a talhe de foice do Henrique Custódio no ávante! de hoje.
  • Não passaria pelas cabeças fascistas meter esses dinheiros em “aventuras arriscadas”, e se por algumas passou e se foram levados pensamentos desses à prática, os donos de tais cabecinhas também sabiam que corriam o risco de ser considerados vulgares delinquentes.
  • Na “economia moderna” é “outra loiça”, e o caso BPN é (como é que “eles”, os dos novos paradigmas, dizem?...) paradigmático!
  • Paradigmático por há anos ter práticas (vá lá…) duvidosas, de todos conhecidas menos do conjugue enganado, perdão, do último a saber, perdão, da entidade reguladora (outro paradigma).
  • Pois era por lá que circulavam, por off-shores e outras insularidades, centenas de milhões da nossa segurança social.


Vale a pena ler o artigo (e o jornal) todo.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Pequeno concurso

Regras: assinalar a resposta certa a uma questão.

A questão: obviamente, não se demite... quem?

1. O bem governado governador do Banco de Portugal...._____
X. A autista e mal educada ministra da Educação....____
2. O maior, o primeiro, o "senhor engenheiro"....____

Solução: Uma tripla!

terça-feira, novembro 11, 2008

De repente...

... depois de umas deambulações pela "blogosfera", sinto uma irreprimível vontade de escrever esta frase, sem cuidar de saber se já, algures, a li ou ouvi (assim), ou se já, algures, a escrevi ou disse (assim):

Se o real coincidisse com a sua aparência não haveria ciência!

Álvaro Cunhal

Hoje, com um dia de atraso, um desenho de Álvaro Cunhal, inédito (e recuperado de um papel que alguém evitou que fosse para o lixo...):

Nos 160 anos...


Para voltar ao trilho de colocar aqui o que de aqui é, nada melhor que uma transcriçãozinha (adaptada) do Manifesto:


O socialismo da burguesia consiste precisamente na afirmação de que os capitalistas são capitalistas... no interesse dos trabalhadores.


segunda-feira, novembro 10, 2008

Antes de...

17. o Suicida confessou-se ao padre e exigiu:
  • "Sim, senhor prior… Rezo isso tudo mas quero passaporte e visto para o céu!"

domingo, novembro 09, 2008

Ora aqui está uma qualquer manifestação ou descontentamento!

"... andam à procura é de qualquer manifestação ou descontentamento..." (José Sócrates, 1º ministro, hoje)

Apeteceu-me escrever isto:

Enquanto aqui trabalho, estou a ouvir(-me) na comunic, e apeteceu-me corrigir e acrescentar umas coisas ao que disse.
Fica esta ideia:
O novo Presidente da República dos Estados Unidos foi eleito criando muitas ilusões em muita gente, e até euforias. Há que lutar para que não as frustre todas. Que haja mesmo algumas mudanças, mesmo que não se possam esperar rupturas... a partir desta eleição.
E lembrei-me de que, nos anos 80, houve muitas ilusões num homem, relativamente a mudanças que eram urgentes na URSS, e se transformaram em rupturas, obrigando a dois passos atrás na História.
E se acontecesse o contrário? Ora aqui está uma ilusão que é só minha!...
E não resisti a vir escrevê-la.

Materialismo histórico - 34 (anotação a mais-valia)

Não vou responder ao que é provocação, petulância, má criação. Deixei de o fazer. De vez. O que não me impede de ler o que aparece publicado, e ai procurar “o trigo” das dúvidas. Aliás, acho curioso que se acusem marxistas de serem acríticos seguidores de uma cartilha, de usarem Marx como cego argumento de autoridade, e também de heterodoxos, quase de hereges por, a partir de Marx e da realidade que tanto se transforma, poderem, aqui e ali, sair do trilho que estaria certo no século XIX e deixou de o estar. Como o ilustra cabalmente o prefácio de Engels, de 1872 ao Manifesto de 1848.
Assim, vou aproveitar um comentário que me foi enviado, para (me) esclarecer e procurar esclarecer, ignorando quem o fez, como o fez e as intenções com que o fez. Até agradecendo algumas pistas apontadas e por onde entro e vou, fazendo o meu caminho.
Marx disse que as mercadorias, incluindo a força de trabalho, eram trocadas pelos seus valores. Em conformidade, a troca das mercadorias, de todas as mercadorias, era uma troca de equivalentes. Disse, também, que a mais-valia, o tal valor suplementar, era criada pela força de trabalho que criava mais valor do que o seu próprio valor, por fornecer mais trabalho do aquele que fora necessário para a sua produção.
Ora foi afirmado, num episódio anterior, que a troca da força de trabalho é uma troca desigual, ao contrário do que sucede com a troca das restantes mercadorias. E isso acontece porque a jornada de trabalho está dividida em duas partes, uma para o trabalhador (trabalho necessário), outra para o capitalista (trabalho excedente). Por isso, a troca das mercadorias é uma troca de equivalentes, como disse Marx, e é (também) uma troca desigual no que respeita à força de trabalho? Mas para o entender é preciso deixar a grilheta do sim OU não e já ter passado para o dialéctico sim OU/E não. Quer dizer, a troca de mercadorias é uma troca equitativa e a troca da força de trabalho é uma troca desigual? Assim se reconhece que, no capitalismo, a troca, em geral, é uma troca equitativa, e que a troca da força de trabalho, ao contrário da troca das restantes mercadorias, é - também - uma troca desigual!
Por a troca da força de trabalho ser uma troca desigual, é precisamente através dessa troca desigual que ocorre a criação e a apropriação de uma parte do valor criado pelos proprietários dos meios de produção que, por o serem, puderam trocar desigualmente a força de trabalho. O que se concretiza na esfera produtiva, quando – e se – se acrescenta valor. Na produção das mercadorias é gerado o seu valor; na troca das mercadorias, na relação social da troca, realiza-se a troca, através do dinheiro, pelo que o ciclo apenas termina na troca M’(mercadorias criadas na produção)-D’(dinheiro). Na troca, de facto, não é gerado qualquer valor, apenas é realizada, em capital dinheiro, a apropriação de valores criados na produção.
Há quem não tenha este entendimento. Julgo que estão errados, e esse erro, nalguns casos, tem a curiosidade de ir buscar o conceito de Marx de mais-valia e de o transplantar de (…P…), produção, para M´-D’, para a troca. Até porque a parte do valor apropriada é a que não é paga ao trabalhador na produção, isto é, a parte suplementar criada pela mercadoria que o trabalhador vende e que lhe não é paga. Nada acrescenta mais do que contém, dizia Lavoisier e outros – e o materialismo! –, mas a mercadoria força de trabalho, ao acrescentar valor, só recebe em troca uma parte do valor que acrescentou (por exemplo, com o trabalho vivo das costureiras que produzem camisas, e com o trabalho cristalizado nos meios de produção – fábrica, energia, máquinas de costura, pano, linhas, botões – propriedade de quem, por ser proprietário da forma de valor capital-dinheiro, também compra a força de trabalho)
O modo de produção capitalista caracteriza-se pela produção de mercadorias, e toda a produção é efectuada tendo por objectivo D-D’ (troca de dinheiro por mais dinheiro), objectivo que se mantém mesmo quando não haja produção e apenas transferência de mais-valia antes criada.
O valor das mercadorias só pode resultar do valor das outras mercadorias que foram usadas na sua produção. Marx, para continuar o que o David Ricardo deixara incompleto na sua teoria do valor, teve o génio de descobrir que o valor das mercadorias não era resultado do valor das que entravam na sua produção, mas de uma mercadoria especial, a força de trabalho, que único motor da dinâmica necessidades-utilização e transformação de recursos. E tudo se explica pela criação de valor na sua duplicidade valor de uso/valor de troca formando uma unidade dialéctica. O valor das mercadorias (M') é criado pelo uso de uma mercadoria que acrescenta valor (de uso/troca) ao valor das mercadorias que as integram (M).
A exploração existe, no capitalismo como noutros modos de produção que o antecederam. O que está e sempre esteve em causa é explicá-la. David Ricardo dissera que o trabalho era a medida do valor, Adam Smith que o trabalho cristalizado comprava trabalho vivo. Mas não explicaram como era gerada a mais-valia (e o seu epifenómeno, o lucro, que resulta da relação da mais-valia apropriada com o capital total investido, não fazendo qualquer distinção entre o constante e o variável). E foi este problema fulcral que Marx terá resolvido, com a descoberta da força de trabalho, que tem o “dom” de fornecer mais valor que aquele que é necessário para a sua própria produção.
Aliás a distinção entre trabalho e mercadoria-força de trabalho ainda não aparece em o Manifesto, o que só foi corrigido uma década depois, quando Marx aprofundava os seus estudos de economia (sem que se alterasse o documento original).
Há quem, de boa fé, não pense assim. A meu ver – e não afirmo estar a ver bem, mas estou convicto de que estou –, porque não penetraram em alguns mecanismos de raciocínio a que só se consegue chegar pela abordagem materialista dialéctica.
Parafraseando alguém, desculpem o lençol mas, como se sabe, isto dá pano para mangas. E mais mangas virão. Quando eu julgar oportuno e outras tarefas o consentirem.

O que é (o que pode ser) um intelectual

Os textos de pedras contra canhões merecem (devem!) ser lidos. Têm, para quem navega pela "blogosfera", um grande "defeito": são longos e densos, não permitindo que se fuja, não têm "escapadelas".
Recomendo particularmente este. Mas, se recomendo uma visita ao império bárbaro, com tempo para gozo e proveito..., à cautela deixo o parágrafo final:
"Por isso mesmo, não existem intelectuais inocentes. Um intelectual que difunde ou aprofunda a cultura dominante é uma peça actuante do sistema, um instrumento voluntário do capitalismo e das suas políticas. Um intelectual silencioso é um cúmplice. Um intelectual silenciado, mas que nunca se cala, é um Homem."

sábado, novembro 08, 2008

8 de Novembro!

Hoje, sou professor!
Reformado... mas professor.
E no activo, ainda que o Ministério não autorize que acumule...

sexta-feira, novembro 07, 2008

Viva o 7 de Novembro!


Como no ano passado.

Como há dois anos.

Como sempre. Desde há 91 anos.

Como no futuro. Para o futuro!

Materialismo histórico - 33 (mais-valia)

Mais-valia significa, de uma forma geral, suplemento ou excedente de valor. Aplica-se em várias circunstâncias. O reforço de uma equipa de futebol, um imposto sobre o que viu acrescido o seu valor fiscal.
Mas mais-valia é um conceito fulcral no marxismo-leninismo. Se, em materialismo histórico, se remontar à origem das trocas de coisas com valor de uso, estas trocas fazem-se entre equivalentes, isto é, tendo custado, em princípio, o mesmo dispêndio de horas de trabalho, ou de emprego da força de trabalho. Pelo que não é na circulação que se pode encontrar a origem da mais-valia. Mas, sim, na produção.
A jornada de trabalho, no sistema capitalista, divide-se em duas partes. Durante uma parte (t), o trabalhador que vende a sua força de trabalho contra um salário, produz, sob a forma de coisas, de mercadorias, um valor equivalente ao valor dessa força de trabalho (tempo de trabalho necessário); durante a outra parte da jornada de trabalho (t’), o trabalhador não tem retribuição (salarial ou outra), o que quer dizer que ele produz, também sob a forma de mercadorias, um valor suplementar (sobre-trabalho) de que se apropria o proprietário dos meios de produção, que não só comprou as horas de força de trabalho do trabalhadores do tempo de trabalho necessário como as outras mercadorias necessárias à produção, sem que destas lhe tenha advindo valor suplementar.
Reportando-nos ao anterior episódio, o proprietário dos meios de produção trocou capital dinheiro por capital constante (K) e por capital variável (V). Relativamente a K a troca, de uma forma geral, é equivalente; relativamente a V, apenas retribui com o necessário para que o trabalhador satisfaça as suas necessidades, isto é, apenas retribui o tempo de trabalho que lhe é necessário ao trabalhador para viver ou sobreviver, tedo esta expressão a ver com as necessidades do momento (histórico)!Assim, a mais-valia resulta da exploração da classe operária pela classe burguesa, enquanto proprietária dos meios de produção. O grau de exploração pode medir-se pelo sobre-trabalho (ou tempo de trabalho não pago) sobre o trabalho necessário (ou tempo de trabalho pago) (t’/t).
Dir-se-á que esta formulação é simplista e está ultrapassada porque o funcionamento da economia não tem - ou já não tem - esta simplicidade. É certo que o funcionamento da economia não tem – ou já não tem – esta simplicidade, mas também é certo que nada se pode compreender do funcionamento da economia, ou do que quer que seja, se não se for ao que é o seu cerne, ao que, ao tornar-se mais complexo o funcionamento, não deixou de ter as suas raízes, não passou a viver sem o seu alimento essencial, vital. O capitalismo não pode viver sem a exploração do homem pelo homem, através da criação e apropriação de mais-valia.

quinta-feira, novembro 06, 2008

As eleiçóes nos Estados Unidos

Já que destas eleições aqui tenho falado (mais transcrito que escrito), aqui vai:

NOTA DO GABINETE DE IMPRENSA DO PCP

A gigantesca operação produzida a propósito das eleições presidenciais nos EUA não pode ser desligada da actual crise do capitalismo - que tem tido particular expressão nos EUA - e das várias tentativas em curso que procuram reabilitar o sistema capitalista e o papel da potência hegemónica que os EUA constituem no plano internacional.
Não ignorando diferenças entre os candidatos republicano e democrata, a verdade é que ambas as candidaturas não disfarçam o seu vínculo a um projecto de dominação no plano económico, ideológico e militar do mundo.
Para o PCP a eleição de Barack Obama como presidente dos EUA está longe de corresponder às expectativas que a gigantesca campanha mediática mundial procurou criar para construir a ilusão de uma mudança e de uma viragem na política dos EUA e do seu papel na esfera internacional.

Obama, Saramago e Guantánamo

Dá-me particular (melhor diria pessoal) satisfação convidar à leitura deste "post " do Canhotices

quarta-feira, novembro 05, 2008

A ignorância arrogante ou a arrogância ignorante

Atirei-me ao artigo cheio de boa vontade. Tinha sobre ele umas sopradas referências positivas e umas perguntadas interessantes dúvidas. E este autor, Miguel Sousa Tavares, às vezes acerta, no seu disparar verborreíco, embora mais disparate que acerte. E o título era convidativo: O fim de um mundo falso.
Tudo parecia confirmar as boas expectativas. Um levantar de questões sobre o mediático "mea culpa" de Alan Greenspan... até que: "Marx (e a) crença de que a propriedade era um roubo !
Não li mais.
Primeiro, essa coisa da propriedade ser um roubo é de Proudhon, que escreveu A Filosofia da Miséria, a que Marx respondeu, cáustico, com A Miséria da Filosofia.
Depois, no Manifesto, Marx (e Engels) não pode ser mais claro:
"Horrorizai-vos por querermos suprimir a propriedade privada. Mas, na vossa sociedade existente, a propriedade privada está suprimida para nove décimos dos seus membros; ela existe precisamentepelo facto de não existir para nove décimos. Censurais-nos, portanto, por querermos suprimir uma propriedade que pressupõe como condição necessária que a imensa maioria da sociedade não possua propriedade.
(...)
"O comunismo não tira a ninguém o poder de se apropriar de produtos sociais; tira apenas o poder de, por essa apropriação, subjugar a si trabalho alheio.
(...)"
O que está antes, o que está no meio, e o que vem depois não é menos interessante e elucidativo. Para quem queira falar de Marx, do socialismo, do comunismo com seriedade.

terça-feira, novembro 04, 2008

supervisão da situação com incursão pela zoologia asinina

Com a devida vénia (?), transcrito de albergue dos danados:
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Caso de aplicação alargada do método cartesiano. A expressão «legalidade duvidosa» é duvidosa. Tão duvidosa quão a expressão «supervisão» aplicada a funções do banco de portugal. Mas está bem, isto é portugal, é tudo duvidoso, muito duvidoso, incluindo o que é certo, porque por cá parece que só se supervisiona o que se visiona, que é o que está à mostra ou é exibido, não o que está ou é ocultado. Na prática, em portugal supervisão significa constatação de evidências. Mais ou menos como as alimárias e as azémolas diante da manjedoura. Ou há palha ou não há palha e ouve-se o regougo reclamante das bestas porque não há palha, a demandar palha e sem culpa ou responsabilidade por não haver palha, porque devia haver palha. Segismundo.

Materialismo histórico - 32 (composição orgânica do capital)

O capital é uma relação social mas é, também, um valor sob a forma monetária que é investido para se reproduzir. Enquanto tal, é um conjunto estruturado, que se compõe de duas partes.
Uma fracção do capital converte-se em meios de produção e compõe o capital constante (K), uma segunda fracção é dada em pagamento da força de trabalho, isto é, o capital variável (V). Esta divisão pode ser encarada no processo de valor (composição valor) ou, pela natureza das forças produtivas postas em movimento pelo capital no processo técnico (composição técnica) e, na ligação dos dois processos no ciclo de reprodução – D-M-(…P…)-M’-D’ – do capital, se exprime o conceito composição orgânica do capital (coc). Esta é representada pela fracção K/V (K sobre V).
Com o capitalismo, a coc não pára, de uma forma tendencial, de se elevar, em função dos ritmos de inovação tecnológica e de acumulação do capital. O numerador da fracção cresce mais que o seu denominador.
Esta noção é essencial para a compreensão dos mecanismos de acumulação capitalista.
Depois da crise de 1929-33 (e podia ir-se até 39 e à guerra), os economistas não-marxistas descobriram, à sua maneira, noções semelhantes à coc, como por exemplo a intensidade capitalista, mas sempre no pressuposto do capital apenas como uma coisa e não como uma relação social, e apenas elaborando noções técnicas de “capital fixo” e de “capital circulante”, não justapostas às de capital constante e de capital variável.
Na evolução do capitalismo, a elevação da composição orgânica do capital tem um duplo carácter contraditório. Por um lado, representa o rápido progresso das forças produtivas com crescente importância dos meios de produção, trabalho passado, cristalizado, relativamente à força de trabalho, trabalho vivo; por outro lado, reflecte a forma de acumulação do capital, com maior recurso ao capital constante, acompanhado de despedimentos, de desemprego e maior dificuldade na criação e apropriação de mais-valia.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Ver pinça mentes que são de e para a "freguesia" deste blog.

Branco no preto

Procurar, propor, contribuir com ou para medidas que ajudem o capitalismo a sair desta crise”? Nanja eu!
Procurar, propor, contribuir com ou para medidas que minorem as consequências da crise do capitalismo no viver das suas vítimas de sempre? Ah! com certeza…
Lutar para que terminem os “malefícios sociais do capitalismo” e por uma Humanidade… humana? Com todas as forças que tenho e enquanto as tiver.
Lutar para que se alargue e reforce a consciência de que são possíveis outras relações sociais sem exploração do homem pelo homem, o que depende de nós e dessa tomada de consciência? Para isso vale a pena ter nascido e viver.

domingo, novembro 02, 2008

As palavras e os seus significados

Tirado de o Sapo:

Crise financeira
Governo anuncia nacionalização do BPN que acumulou perdas de 700 ME
(Sapo)

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, anunciou hoje que vai propor ao Parlamento a nacionalização do Banco Português de Negócios, que acumulou perdas no valor de 700 milhões de euros.


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Nacionalizar?
Já significou caminho, esperança, nova vida, socialismo.
Nacionalizar?
Agora significa "socializar" os prejuízos (e não só!).
Outras palavras ligadas a BPN?
off-shores, "operação Furação" (fraude fiscal e branqueamento de capitais).
Nomes ligados ao BPN?
Oliveira e Costa, Cadilhe (das equipas do Ministério das Finanças de governos de Cavaco Silva).

Não são só aqueles dois!

As eleições e a responsabilidade do intelectual
para com a verdade
– Doze razões para rejeitar Obama
e apoiar Nader/McKinney
por James Petras
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As eleições presidenciais nos EUA, mais uma vez, apresentam um teste ácido para a integridade e a coerência dos intelectuais estado-unidenses. Se o dever e a responsabilidade do intelectual público é dizer a verdade ao poder, as recentes declarações da maior parte dos nossos bem conhecidos e prestigiados sábios públicos fracassaram miseravelmente. Aos invés de destacar, revelar e denunciar as reaccionárias políticas externa e interna do candidato do Partido Democrata, senador Barack Obama, eles preferiram apoiá-lo, "criticamente", apresentando como desculpas que mesmo "diferenças limitadas" podem resultar em resultados positivos, e que "Obama é o mal menor" e "cria uma oportunidade para uma possibilidade de mudança".

O que faz estes argumentos indefensáveis é o facto de os pronunciamentos públicos de Obama, seus principais conselheiros políticos, e prováveis decisores políticos no seu governo, definirem abertamente uma política externa mais belicosa e uma política económica interna profundamente reaccionária alinhada com Paulson-Bush-Wall Street. Quanto às grandes questões da guerra, da paz, da crise económica e do ataque brutal aos salários e à classe assalariada estado-unidense, Obama promete estender e aprofundar as políticas que a maioria dos americanos rejeita e repudia.

Doze razões para rejeitar Obama

1- Obama pública e reiteradamente promete escalar a intervenção militar dos EUA nos Afeganistão, aumentando o número das tropas estado-unidenses, expandindo as suas operações e empenhando-se em sistemáticos ataques trans-fronteiriços. Por outras palavras, Obama é mais fomentador da guerra do que Bush.

2- Obama declarou publicamente que o seu regime estendera a "guerra contra o terrorismo" através sistemáticos ataques em grande escala, por terra e por ar, ao Paquistão, portanto escalando a guerra para incluir aldeias e cidades consideradas simpáticas à resistência afegã.

3- Obama opõe-se à retirada das tropas estado-unidenses no Iraque preferindo a sua redisposição; a relocalização das tropas dos EUA das zonas de combate para posições de treino e logística, condicionada à capacidade militar do exército iraquiano para derrotar a resistência. Obama opõe-se a uma data claramente definida para a retirada das forças estado-unidenses no Iraque porque estas tropas são essenciais para prosseguir suas políticas gerais no Médio Oriente, as quais incluem confrontações militares com o Irão, Síria e Sul do Líbano.

4- Obama declarou seu apoio incondicional à posição do lobby pró Israel e às políticas de expansionismo colonial e belicosas do estado judeu. Ele prometeu apoiar ataques militares israelenses seja qual for o custo para os EUA. O seu abjecto servilismo a Israel foi evidente no seu discurso na conferência anual da AIPAC, em Washington, 2008. Conselheiros principais que têm antigas e notórias ligações aos escalões de topo das fábricas de propaganda sionista e aos presidentes da Leading Jewish American Organizations escreveram o discurso e formularam a sua política para o Médio Oriente.

5- Obama prometeu atacar o Irão se este continuar a processar urânio para os seus programas nucleares. Por duas vezes, poucas semanas antes das eleições, o candidato companheiro de Obama, Joseph Biden, explicou uma série de "pontos de conflito" (incluindo Irão, Afeganistão, Paquistão, Rússia e Coreia do Norte) enfatizando que Obama "responderia vigorosamente". Entre os conselheiros senior de Obama para o Médio Oriente incluem-se sionistas importantes como Dennis Ross, estreitamente ligado ao "Bipartisan Policy Center", o qual publicou um relatório que serve como um plano para a guerra contra o Irão. A oferta de Obama para negociar com o Irão é pouco mais do que um pretexto para a emissão de uma ultimatum ao Irão para abdicar da sua soberania ou enfrentar um assalto militar maciço.

6. Obama apoia incondicionalmente a expulsão de palestinos cometida por Israel e a expansão de colonatos judeus na Cisjordânia, a principal causa da hostilidade, guerra e descrédito da política estado-unidense na Médio Oriente. Com três dúzias de "Israel em primeiro lugar" (Israel-Firsters) entre os principais organizadores da sua campanha, conselheiros políticos de topo, redactores de discursos e entre os prováveis candidatos para posições ministeriais, não há virtualmente nenhuma esperança de "influenciar a partir de dentro" ou de "aplicar pressão popular" para mudar a servil submissão de Obama à Configuração do Poder Sionista. Ao apoiar Obama, os "intelectuais progressistas" são, com efeito, aliados dos seus mentores sionistas.

7- Na frente interna, os conselheiros económicos chave de Obama têm credenciais da Wall Street impecáveis. Ele deu endosso cego e imediato ao salvamento de US$700 mil milhões com dinheiro dos contribuintes, do secretário do Tesouro Paulson, aos mais ricos bancos de investimento dos EUA. Obama sequer desafiou Paulson ou os bancos quanto à utilização dos fundos federais para buyouts e aquisições ao invés de serem usados para empréstimos e créditos a produtores e proprietários de casas. O endosso de Obama ao salvamento de Paulson e da Wall Street é equivalente às suas misérrimas propostas para suspender arrestos por um período de três meses, durante as re-negociações dos pagamentos de juros. Obama propõe aumentar as transferências de fundos do governo para instituições financeiras mal administradas e corporações capitalistas em bancarrota, em esforços para salvar o capitalismo fracassado ao invés de defender quaisquer novos programas de investimento público em grande escala e a longo prazo os quais gerariam empregos bem pagos para os trabalhadores.

8- A equipe económica de Obama declarou abertamente abraçar e praticar a ideologia do "mercado livre" e a sua oposição a qualquer esforço para aplicar injecções de fundos governamentais em grande escala em actividade produtivos do sector público e em serviços sociais diante do fracasso generalizado, a corrupção e o colapso do sector privado.

9- Obama abraça os fracassados planos de saúde do sector privado, dirigidos e controlados por companhias corporativas de seguros, médicos conservadores, associações de hospitais e a grande indústria farmacêutica. Ele rejeita publicamente um programa universal nacional de saúde modelado de acordo o bem sucedido programa Federal Medicare, preferindo os ineficientes planos privados lucrativos subsidiados pelo estado que são custosos e para além dos meios de um terço das famílias dos EUA.

10- Obama é e continua a ser um advogado da Big Agro e do seus altamente subsidiados e lucrativo programa etanol, o qual aumentou os preços dos alimentos para milhões nos EUA e para centenas de milhões no mundo.

11- Obama advoga a continuidade do embargo criminoso contra Cuba, a confrontação hostil contra o populista presidente Chávez da Venezuela e outros reformadores da América Latina e a política dúplice de promover o proteccionismo internamente e o acesso ao livre mercado na América Latina. Seus conselheiros políticos chave sobre a América Latina propõem mudanças cosméticas no estilo e na diplomacia mas um apoio implacável para a reafirmação da hegemonia dos EUA.

12- Obama não propôs, nem tão pouco seus conselheiros de livre mercado e os multimilionários das finanças que o apoiam, qualquer plano abrangente ou estratégia para escaparmos ao aprofundamento da recessão. Ao contrário, o rol de medidas fragmentárias apresentadas por Obama não têm consistência interna. A austeridade fiscal é incompatível com a criação de empregos; o salvamento da Wall Street drena fundos do investimento produtivo; e prosseguir novas guerra mina a recuperação interna.

CONCLUSÃO

Os intelectuais que, em nome do "realismo", apoiam um político que pública e abertamente abraça novas guerras, salvamentos multimilionários e programas de saúde dirigidos pelo sector privado, para o lucro, estão a repudiar as suas próprias afirmações de serem "críticos responsáveis". Eles são o que C. Wright Mills chamava "realistas da corda" ("crackpot realists"), que abdicam da sua responsabilidade como intelectuais críticos. Tendo em vista apoiar o "mal menor" eles estão a promover o "mal maior". A continuação de mais quatro anos de aprofundamento da recessão, de guerras coloniais e de alienação popular. Além disso, eles são aliados dos mass media, grandes partidos e do sistema legal que marginalizou ou excluiu sem rodeios os candidatos alternativos, Ralph Nader e Cynthia McKinney , que falam abertamente em oposição à guerra e aos salvamentos da Wall Street, propondo investimento genuíno em grande escala na economia interna, um programa universal de saúde com pagamento por um único fundo (single payer), políticas sustentáveis e pró ambiente, e políticas em grande escala e a longo prazo de redistribuição do rendimento.

O que é obtuso e inaceitável na argumentação destes intelectuais (uma espinha insignificante no traseiro do burro democrata) é que por um instante acreditam que o seu "apoio crítico" à máquina política de Obama abrirá espaço para ideias radicais. Os sionistas e militaristas civis controlam totalmente a política de guerra de Obama no Médio Oriente: Não haverá espaço para a paz com o Irão, Palestina, Paquistão, Afeganistão ou Iraque. A Wall Street controla a política financeira de Obama: Não haverá espaço para alguns progressistas de Cambridge darem uma esmola para as famílias que estão a perder as suas casas.

Se tesourarias sindicais multimilionárias gastaram uma centena de milhão de dólares em cada campanha presidencial, o que não garantiu uma única peça de legislação progressista em mais de 50 anos, não será ilusório os nossos progressistas "intelectuais públicos" imaginarem, no seu esplêndido isolamento, poderem "pressionar" o presidente Obama a renunciar aos seus conselheiros, apoiantes e à defesa pública da escalada militar a fim de seguirem o caminho da paz com o Irão e promoverem a justiça social para os nossos trabalhadores e desempregados?


30/Outubro/2008
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=10749

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

sábado, novembro 01, 2008

Ah!...

Ah!, e o jeitão que fazem os gajos maus (mesmo muito muito beras) para apanharem com as culpas do sistema!
Ah!, e o jeitão que fazem os gajos bons (bonitos e de outra cor) para criarem ilusões no sistema!
Ah!, e o jeitão que fazem os "novos manifestos" a dizerem não ao novo capitalismo... para que continue o capitalismo.