segunda-feira, novembro 24, 2008

Materialismo histórico - 37

A lei tendencial da baixa da taxa de lucro pode parecer negada pela realidade pois justificar-se-ia que, sendo ela verdadeira, os detentores de capital-valor monetário, privilegiassem o investimento em capital variável relativamente ao capital constante, e não procurassem, ao contrário, substituir os trabalhadores, trabalho vivo, por meios de produção, por trabalho passado que não cria mais valia. Levando a que o desemprego seja um dos mais graves problemas sociais contemporâneos do “mundo desenvolvido”.
Ora, no processo histórico, o desenvolvimento das forças produtivas é incessante, cada descoberta dá origem a uma nova descoberta, cada invenção a uma nova invenção. O ramo que prolonga o braço, a pedra que chega onde não alcança a mão, as suas transformações em complexos instrumentos e meios de trabalho… em suma, os exemplos que deixámos no início desta “conversa”. A ruptura que leva de um modo de produção a outro modo de produção tem causas objectivas na crescente falta de correspondência entre esse desenvolvimento das forças produtivas e as relações sociais dominantes.
O novo modo de produção estimula o desenvolvimento das forças enquanto ele não contraria os interesses da classe dominante. Quando os contraria, a classe dominante procura, pelo menos, controlar ou travar esse desenvolvimento Para tanto podem servir direitos de propriedade industrial, registos de marcas e patentes e coisas dessas, chegando-se ao limite destruição de forças produtivas - até às guerras - quando a crise atinge níveis de grande gravidade.
Cito o Manifesto: “O permanente revolucionamento da produção, o ininterrupto abalo de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época da burguesia de todas as outras”.

O capitalismo está marcado pelas suas contradições. Se, ao nível das relações de produção, no seu bojo criou o proletariado, também, ao nível das forças produtivas, vai criando as condições – e não as consegue inverter – para a baixa tendencial da taxa de lucro. Como transformou o desemprego em sua variável estratégica. Do que se escreverá a seguir.

14 comentários:

Anónimo disse...

Sempre um prazer ler e reler estes textos. Também agradável foi tê-lo lá pelo "meu" canto.

Ora, quanto a estes últimos assuntos aqui tratados, nenhuma dúvida ou devaneio me surge. Cá ficarei sempre à espera do que virá a seguir.

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Este post acalmou-me de um sobressalto! Fora de tópico, e aqui mostro como curiosidade:
http://www.movimentonn.org/quem_somos.php

Maria disse...

É bom ler-te e lembrar aulas antigas. Acho que já te tinha dito isto...
Será que o pessoal que estudou pelos mesmos livros que tu e, em determinada altura, entendeu o que estudou, fez um enorme delete do que aprendeu?
Não fico angustiada, apenas penso, e penso, com alguma perplexidade...

Um beijo
(quase a ver-nos)

Justine disse...

Agora sim, está claro como água cristalina o modo inevitável como aparece essa lei!
Mais uma excelente lição esclarecedora:))

Sérgio Ribeiro disse...

Aos que já leram este "post" antes deste comentário, as minhas desculpas. O texto tinha uma gralha que acabo de emendar. Na citação de o Manifesto estavam "esternos" onde deveria estar eternos.
Acontece... mas não devia acontecer!
Junto saudações às desculpas.

Anónimo disse...

-Ta visto a culpa dos gajos fazerem uns trabalhinhos por fora é da tal. ...Baixa Taxa de Lucro!

Anónimo disse...

E o desemprego cria o exército de mão de obra de reserva baixando os salários.

Anónimo disse...

Não será a "Bolsa" o ladrão maior das mais valias do trabalho?
O dinheiro corre como a àgua pelos canais que lhe abrem, na frente!
Pronto já me estiquei!Camarada Sérgio isto está tão bem explicado,que uma pessoa, até se começa a sentir encorajado, a opinar!
Abraço

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado aos que me chamaram a atenção ao erro de numeração, que já corrigi. Inclusivé ao sr. a. fagundes, que para tal me chamou a atenção mas cujos comentários - como decidi - já apaguei, não pelas questões que levanta, algumas até interessantes, mas pelo tom por vezes a passar de provocatório a insultuoso, nem tanto pelo que me diz respeito mas pelo que respeita a quem me visita, e comigo conversa, neste "meu cantinho".

Anónimo disse...

Xô tôr.

Não tem de agradecer.

Quando cá venho e deixo comentário é para ajudar a ultrapassar os dogmas da fé. Porque, julgo, o xô tôr ainda é bafejado pela razão de homem de ciência, apesar de ofuscado pela fé de homem de partido.

Mas eu não digo nada de original. Onde eu aprendi, o xô tôr poderá aprender melhor do que eu, que não sou homem de ciência. No sítio existem coisas ainda mais interessantes do que aquelas que eu boto aqui. Muito, mas muito interessantes.

A.Fagundes, um criados ao dispôr de vocelência.

Anónimo disse...

"No sítio existem coisas ainda mais interessantes do que aquelas que eu boto aqui".
Eh, valente fagundes! Ainda mais interessantes? n'ácredito!

Ainda bem que o "dono do blog" não apagou este comentário.

Anónimo disse...

paroquiano.

Lá vou ter de xingar mais um paroquiano, e com isso ser insultuoso, dando motivo para que o xô tôr apague os meus comentários.

Mas, ó paroquiano: de quem acredita em milagres e noutras profecias do livro seria de esperar outra coisa?

Vá, não desesperes. Com a crise do capitalismo que aí vem, o apocalipse espreita e finalmente cumprir-se-á a profecia do Barbas/Marx. Trigo limpo, Farinha Amparo! Não percas a fezada!

A.Fagundes, um criado ao dispôr de vocelências.