quinta-feira, novembro 20, 2008

Materialismo histórico - 36

A lei da baixa tendencial da taxa de lucro exprime a tendência para a diminuição da taxa de lucro, resultante da evolução da composição orgânica do capital (coc).
O capital investido troca-se por capital constante (K), sob a forma de meios de produção e matérias primas, e por capital variável (V), a parte destinada à compra de horas de força de trabalho. Como o lucro (L) resulta da mais-valia (m-v) que o proprietário dos meios de produção retira do trabalho assalariado na produção (cada vez mais colectivo), L é proporcional a V, embora a taxa de lucro se calcule em função do capital total investido – L/(K + V).
Com a elevação da coc, a parte do capital variável no capital total – e poderia dizer-se a parcela do trabalho vivo na soma deste com o trabalho passado ou cristalizado nos meios de produção –, diminui, e a taxa de lucro também decresce, desde que se mantenha a m-v que se relaciona apenas com V. O que significa que a mesma quantidade de força de trabalho no mesmo tempo de emprego, põe em movimento uma massa sempre crescente de capital nas suas várias formas. Assim, uma mesma quantidade de capital variável fará funcionar uma sempre crescente quantidade de capital constante. Para ilustrar, dir-se-ia que, no limite ou caricatura, V apenas remunerará a tarefa de carregar em botões ou teclas que fariam o produzir K, que representa trabalho passado e cristalizado em instrumentos e objectos de trabalho.
Esta lei exprime o progresso do trabalho enquanto força produtiva por com menos trabalho, se criar a mesma quantidade de valores de uso (mercadorias), ou, com o mesmo trabalho se criar maior quantidade de valores de uso (mercadorias), ou os dois efeitos acumulados.
Em resumo, o desenvolvimento das forças produtivas, com expressão no acréscimo quantitativo e qualitativo dos meios de produção, faz aumentar K proporcionalmente a V, e implica necessariamente a tendência para a diminuição da taxa de lucro. Para o compensar, a classe dominante procura, permanentemente, um acréscimo da taxa de exploração, que só em condições excepcionalmente negativas da relação de forças sociais possibilita travar ou inverter, temporariamente, a lei tendencial, dados os diferentes ritmos de crescimento de K e de V.
Esta lei suscita, certamente, muitas dúvidas para que, surjam ou não, se procurará adiantar esclarecimentos à luz do materialismo histórico.

6 comentários:

Justine disse...

Mas então, se assim é, e longe de mim duvidar, não entendo porquê os detentores dos meios de produção estão sempre ansiosos por diminuir o núumero de trabalhadores, e/ou substituí-los por máquinas cada vez mais sofisticadas,em que qualquer dia nem preciso é carregar no botão. Pois se isso vai dar origem a uma baixa tendencial da taxa de juro...

Anónimo disse...

...E que tal nacionalizar-mos as máquinas?
Quem acaba por as pagar, são sempre os trabalhadores!
As máquinas não trabalham sózinhas !
Camarada com isto assim tão bem explicadinho,qualquer dia fico sabixão.
Abraço

Sérgio Ribeiro disse...

Ora aqui estão dúvidas pertinentes (porque não dizer das que esperava?).
Aguardem, por favor, o próximo episódio...

Maria disse...

E assim os trabalhadores vão-se transformando quase em peças da engrenagem, tendo que produzir sempre mais e mais e mais...
(e ai da máquina que se avariar, será certamente despedida...)

Anónimo disse...

Os detentores dos meios de produção tentam ganhar vantagem aos seus concorrentes... resultando num aumento de K, mas essa vantagem é de curto prazo. A longo prazo, a concorrência adapta-se ou extingue-se, resultando numa generalizada baixa da taxa de lucro.

-Estou a ver bem o boneco?

-A baixa tendencial da taxa de lucro, e todos o fenómenos a si associados, são intrínsecos à contradição capital-trabalho, certo? Não será haverá aqui outra: "humanos"-maquinas. É que o aumento do capital constante, no limite e a determinada altura, pode "ele" precisar apenas de um único carregar do ENTER, tendo "este" depois a capacidade de se auto-laborar; isto é, estou já a imaginar um mundo ao estilo do filme Terminator em que o trabalho humano deixaria de ser necessário.
Enfim, paro por aqui, que isto já são devaneios provocados pelo sono!!

Esperarei pelos próximos episódios. (refiro-me aos episódios do MH, perceba-se!)

:-D

samuel disse...

Não querem lá ver que a dita "baixa da taxa de lucro" acaba por ser boa para "os mesmos"?
Mas pronto... se agora adoptaste as técnicas das novelas... venha o próximo episódio.

Abraço