quinta-feira, novembro 05, 2009

Atenção aos sinais!

Excerto de texto de Javier Blas (em Londres) e James Lamont em (Nova Delhi), publicado no Finantial Times, actualizado a 4 de Novembro de 2009. O que a China e a India estão a fazer é a libertar as suas reservas das contingências monetárias das "economias ocidentais" e a valorizá-las em ouro, por via de compras maciças. Atenção aos sinais!


Compra de ouro da Índia faz o preço do ouro atingir record

Os preços do ouro continuaram a subir na 4ª-feira, atingindo os mais altos níveis de sempre que acompanharam a compra de 200 toneladas do precioso metal pelo Banco Central da Índia, trocando dólares por barras de ouro, depois do ministro das finanças do país, ter considerado que as economias dos EUA e da Europa tinham entrado “em colapso”.

A decisão da Índia de trocar 6,7 milhares de milhões de dólares por ouro, o que equivale a 8% da produção mundial mineira anual, deu o mais forte sinal de que os países da Ásia estão a afastar-se da moeda dos EUA.

Esta compra, através do FMI, empurrou os preços do ouro para um record de 1,090.90 dólares por onça”troy”, subindo 2.6% num dia, já que os “traders” apostaram que outros bancos centrais também se tornariam compradores.

O ministro das finanças da Índia, Pranab Mukherjee, disse que a aquisição reflectia o poder de uma economia que terá a 5ª maior reserva mundial: “Temos dinheiro para comprar ouro. Temos bastantes reservas em divisas”.

Ele contrapôs a força indiana à fraqueza no resto do mundo: “A Europa entrou em colapso, assim como os EUA”.

“Este é uma transacção de referência”, disse Jonathan Spall, um director na Barclays Capital e especialista em ouro. “Os bancos centrais são instituições conservadoras e a iniciativa da Índia é um sinal para outros bancos centrais e para fundos de riqueza nacionais que estão a considerar comprar de ouro”.

A aquisição de Nova Deli deu-se meses depois da China (de longe o 1º mundial em reservas) ter revelado que quase duplicou as suas reservas em ouro nos últimos seis anos.

“Traders” e executivos “mineiros” advertem que os fundos nacionais da China, Arábia Saudita e Médio Oriente se candidatam a tomar posse do resto do ouro que o FMI planeia vender.

8 comentários:

Justine disse...

Muito importante, este artigo. Os "equilíbrios" estão a transferir-se, o mundo está mesmo a querer mudar. Não é. Sr. economista? Queres explicar à gente?...

Graciete Rietsch disse...

Não percebo nada de Economia mas o que me parece é que as Economias dos países ocidentais incluindo E.U.A. estão em acelerada decadência ao contrário do que sucede na China e Índia. Mas surge-me um problema. Como irá isso influenciar a vida desses Povos? Um abraço.

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado pelos (rápidos) comentários. Esses povos - e deveria ser a questão central - têm um ponto de partida, à escala tempo não medido em anos, nem em décadas, mas de séculos, da exploração mais desumana, de domínio colonial e imperial(ista). Com esse atraso quase endémico, a descolagem é extraordinariamente difícil. E, na China sobretudo, as centenas de milhões de miseráveis que estão a sair da miséria, a ganhar estatuto humano, é um facto histórico do nosso tempo, de uma relevância inquestionável.
Poderia ser de outra maneira? Talvez. Mas... está a ser!, e sob a direcção de um Partido que se afirma e reafirma Comunista.
Isto não esqueço nas minhas pequeninas, insignificantes, avaliações.

Saudações

Maria disse...

Pronto. E já te li aqui acima (onde não estavas há bocado...)

Beijos

poesianopopular disse...

O capitalismo tem de começar a (puxar os cordões à bolsa)para começar a pagar, a quem pense por ele, que por si só,-já não consegue, e os aliados começam a fazer-se caros.
...Se é bom ou não, é preciso que algo diferente aconteça.
Obrigado pela lição, abraço!

Graciete Rietsch disse...

Obrigada camarada Sérgio pela tua explicação. O mais difícil agora vai ser meter isso na cabeça das pessoas que todos os dias me massacram com perguntas sobre esse facto em relação à China e até à Coreia do Norte para justificar o seu anti-comunismo. Um grande abraço.

zé do boné disse...

-Desculpa lá camarada mas vou ter de te gamar isto.
Com licença.

Sérgio Ribeiro disse...

Ó fazfavor!