quarta-feira, novembro 25, 2009
Cá por coisas que só alguém entenderá
Estrela da tarde
.
Era a tarde mais longa de todas as tardes
que me acontecia
eu esperava por ti, tu não vinhas
tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
tardando-lhe o beijo, mordia
quando à boca da noite surgiste
na tarde tal rosa tardia
quando nós nos olhamos tardamos no beijo
que a boca pedia
e na tarde ficámos unidos ardendo na luz
que morria
em nós dois nessa tarde em que tanto
tardaste o sol amanhecia
era tarde de mais para haver outra noite
para haver outro dia.
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza.
Foi a mais bela de todas as noites
Que me aconteceram
Dos nocturnos silencios que à noite
De aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois
Corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa
De fogo fizeram.
Foram noites e noites que numa só noite
Nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
Que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles
Que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto
Se amarem, vivendo morreram.
Eu não sei, meu amor, se o que digo
É ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
E acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
Dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida
De mágoa e de espanto.
Meu amor, nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto.
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15 comentários:
É linda! Tão linda! Há-de me enternecer o conteúdo e maravilhar o jogo de palavras e fonemas sempre que a ouvir!
O Ary era um grande, enorme poeta e o Carlos do Carmo tem uma grande voz (diga-se o que se diga da su integridade).
Uma das mais bonitas, que mais bonita ficou com a voz de Carlos do Carmo!
Um beijo
Poema lindo,que concerteza Ary, se estivesse entre nós,não daria hoje a cantar a Carlos do Carmo,ou como por exemplo ao seu outrora grande amigo F.Tordo.
Quantos poetas e escritores já não trairam os poemas e os livros que escreveram, entre nós e vivos TEMOS ALGUNS.
Mais uma das letras mais fantásticas do Ary...
Dá gosto ler em voz alta!
Abraço.
pois ARY...
Não tive a sorte de o ver vivo.
encontro sempre algo único nos seus textos. era pelos vistos um camarada fiel nas suas convicções, e sentia na estrela da tarde um brilho que tardava em chegar...
6º lugar? nada de espantar, mataram abril, e vão morrendo esperanças , radicalizando discursos... esquecendo o brilho da liberdade.
quanto a quem a cantou, cantou-a muito bem e sentir .... era com ARY.
abraço do vale
Ouvimo-la há 30 anos, e parece que a ouvimos ontem, juntos pela primeira vez!E emociono-me. E sorrio. Nunca é tarde nem cedo...etc!
E no dia 4, lá estarei no Coliseu, a homenagear o Zé Carlos, no espectáculo organizado pelo PCP e com a participação do Carlos do Carmo - o maior intérprete de Ary.
Um abraço.
que bonito Sérgio. obrigado. comovi-me, como se também eu a pudesse entender como tu querias. um abraço grande
Passei aqui para te desejar um bom debate.
Não estava à espera de ver e ouvir o nosso Ary.
Lindo!
Emocionei-me.
Bjs,
GR
Não é estranho este convite para quem não tem a memória curta. Trata-se afinal da política de conciliação do PC com o PS que é recorrente desde quase sempre. Quem não se lembra do convite feito pela CGTP a uma figura sinistra do oportunismo político para o 1º de Maio e que acabou por ser um tiro dado no prório pé. Agora é apenas mais outro.
se este anónimo soubesse o que diz não era... anónimo! ele há cada um a dizer cada alarviada!
LIndo poema!
Linda interpretação!
Se puder lá estarei no dia 4 de Dezembro.
Quanto ao anónimo das 11.29, deixá-lo poisar.
Um Abraço
Sérgio, agora tens que aturar esta Luz escura? Como eu estou farto de revolucionários de plástico!...
nteressantes comentários ao "visitante" anónimo. Esquecem estes comentaristas que o próprio blog onde fazem estás "simpáticas" observações se chama precisamente "anónimosecxxi". Se não fosse anónimo faço uma pequena ideia onde chegaria o achincalhamento e o insulto, que é o que tem acontecido a alguns que têm a coragem de assinar o seu nome.
Boa noite Dr. Sérgio.
É com muita emoção que oiço as músicas que coloca no seu blog.
Apesar de ser um "puto" como o nosso Carlos do Carmo canta noutra música, à data do festival da canção aqui lembrado e da música apresentada, vibro sempre com as mensagens que são eternas, não têm côr nem deixam de ser actuais, doa a quem doer.
Obrigado Doutor.
E não esqueça o nosso "Atouguia".
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