domingo, novembro 08, 2009

Com dedicatória!

A um visitante que por aqui gosta de encontrar poesia:


(...)
La Lámpara Marina

Portugal,
vuelve al mar, a tus navíos,
Portugal, vuelve al hombre, al marinero,
vuelve a la tierra tuya, a tu fragancia,
a tu razón libre en el viento,
de nuevo
a la luz matutina
del clavel y la espuma.

Muéstranos tu tesoro,
tus hombres, tus mujeres.
No escondas más tu rostro
de embarcación valiente
puesta en las avanzadas de Océano.

Portugal, navegante,
descubridor de islas,
inventor de pimientas,
descubre el nuevo hombre,
las islas asombradas,
descubre el archipélago en el tiempo.

La súbita
aparición
del pan
sobre la mesa,
la aurora,
tú, descúbrela,
descubridor de auroras.

Cómo es esto?

Cómo puedes negarte
al ciclo de la luz tú que mostraste
caminos a los ciegos?

Tú, dulce y férreo y viejo,
angosto y ancho padre
del horizonte, cómo
puedes cerrar la puerta
a los nuevos racimos
y al viento con estrellas del Oriente?


Proa de Europa, busca
en la corriente
las olas ancestrales,
la marítima barba
de Camoens.

Rompe
las telaranãs
que cubren tu fragrante arboladura,
y entonces
a nosotros los hijos de tus hijos,

aquellos para quienes
descubriste la arena
hasta entonces oscura
de la geografía deslumbrante,
muéstranos que tú puedes
atravesar de nuevo
el nuevo mar oscuro
y descubrir al hombre que ha nacido
en las islas más grandes de la tierra.

Navega, Portugal, la hora
llégó, levanta
tu estatura de proa
y entre las islas y los hombres vuelve
a ser camino.

En esta edad agrega
tu luz, vuelve a ser lámpara:
aprenderás de nuevo a ser estrella.


(parte V de um poema de Pablo Neruda)

16 comentários:

CS disse...

"Navega, Portugal, la hora
llégó, levanta
tu estatura de proa
y entre las islas y los hombres vuelve
a ser camino."

Assim será, e pela luta faremos o caminho!

Pata Negra disse...

Confesso que gostei e viva quem gosta de poesia!
Um abraço novembrado

CS disse...

Que saiba este poema não está traduzido. Porquê?

samuel disse...

Que maravilha!...

Sérgio Ribeiro disse...

Terá sido traduzido para andar de mão em mão. Publicado nãoconheço... ou já me esqueci.
Mas tenho-o todo. Aqui, ao lado do computador:

EL PUERTO COLOR DE CIELO

Cuando tú desembarcas
en Lisboa,
cielo celeste e rosa rosa,
(...)

Belo, belo.

Até logo, amigos

Graciete Rietsch disse...

Querido amigo Sérgio e também comentador CS.Este poema é o V de um conjunto de poemas dedicados a Portugal- A lâmpada marinha-e está traduzido em português por Albano Martins num volume cujo título é "As uvas e os Ventos" da Editora "Campo das Letras". A
1ª edição é de Abril de 2007.
Todos os outros poemas são igualmente maravilhosos e revelam-nos o grande Pablo Neruda que foi também fundador do Partido Comunista Chileno.Um abraço.

anamar disse...

Muito bonito!
:))

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado, amiga e camarada Graciete, pela informação. Tinha uma vaga impressão de que havia uma tradução mas deu-me a "preguiça" de ir procurar... ou de melhor vasculhar a memória.
Até porque me dou muito bem com o original!

zemanel disse...

"(...)Pero,
portugués de la calle,
entre nosotros,
nadie nos escucha,
sabes
dónde
está Álvaro Cunhal?
(...)"
O Álvaro, Militão e Bento Gonçalves: gente que foi gente na poesia de Neruda

Justine disse...

Tão belo, tão forte e tão heroico - porque de heroismo se trata!
Vivá poesia:))

Maria disse...

E este poema de Neruda é tão especial para nós...

Podes continuar :)))

Abreijos, ainda daqui de cima

CS disse...

Obrigado Graciete. Vou procurar o livro.

Anónimo disse...

Perdoai,senhoras e senhores a minha
intromissao,sou um modesto operario
pessoa pouco culta, mas sei e gosto
de Pablo Neruda.E´com lagrimas nos
olhos e um aperto no coraçao que
vejo um estrangeiro enaltecer o
nosso passado glorioso a incentiva_
nos a lutar por um futuro honroso,
enquanto por ca´com mais de metade
do tempo que durou o Estado Novo,
muitos temo-nos vendido por um pra_
to de lentilhas e arrastado esta
terra de Camoes para a ignominia.
Ao longo destes trinta e cinco anos
o que de palpavel se fez?.Bastara´
eu estar a desabafar convosco e lo_
go mais a policia politica nao me vir buscar a casa.Desculpem a minha
ignorancia e muito obrigado.

Antuã disse...

A Libertação é um poema que navega pelos mares.

Luís Neves disse...

"inventor de pimientas"?!
Só um não-poeta se pode ter retido neste verso. Arde-me a língua, Portugal pica-me, dá-me pica (incrível! não é um palavrão! diz-se na nova língua!) Dá-me pica Portugal! - é pouco! Sou isto e aquilo, homem, operário, companheiro, pai, bom garfo, amigo, corpo, anti-sócrates, pelos nossos, anti-os-outros e no meio de tudo isto: sou português, pablo, latino, meio vermelho, todo encarnado desta carne que é este poema e, como português, nem sequer percebo porque é que deixo este comentário.
Deu-me pica (credo! aos termos a que chegou a minha língua! foi da pimenta!)
Abreijos (credo! aos termos a que chegou a minha língua! foi da pimenta!)

Fel de cão disse...

Neruda é sempre belo. Este poema (para Cunhal,Militão e outros) merece ser publicado integralmente. Mas é ver Neruda por aqui. Obrigado.