domingo, novembro 01, 2009

Reflexões lentas e curtas - 7 - O XIII Congresso - A lição que mais retive - a. A coragem e a lucidez

1. Há partidos que são do Poder e partidos que o não são?
2. Não é o PCP um partido do poder?
.....a. Este PCP (O Partido com paredes de vidro)… e não outro
3. O Poder aparente e o real Poder
4. A governabilidade como Poder aparente ao serviço do Poder real
5. Ser Poder no Poder Local não conota como poder?
6. Partido e Poder – lutar contra a promiscuidade
.....a. Os maus exemplos
..........i. Dos outros – hoje, aqui: PS no Poder Central/PSD no Local
..........ii. Dos "nossos" – o mau exemplo dos últimos anos da URSS

7. O XIII Congresso (Extraordinário) 1990 – a lição que mais retive
.....a. A coragem e a lucidez


.....b. Uma das causas – Partido/Poder.

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O programado é para ser cumprido! Mesmo que demorando tempo, ainda que com grandes hiatos.
Este será o penúltimo “episódio” de uma reflexão que me acompanha, e que quis passar ao papel (“quere-se dezer”…). Fica arrumado e, nesta fase, com alguma sistematização. Não definitiva. Como nada o é. Será útil? Para mim foi (ou está a ser).
O socialismo, os seus ideais, estiveram – poderosamente! – no Poder. Por força de um Partido que soube, que foi capaz de materializar o caminho da História. Que foi e será.
Foi uma revolução inolvidável (aproximamo-nos do 7 de Novembro!), inapagável, por mais vilipendiada que seja na comprovação de que a luta de classes continua e tem momentos e aspectos que são, por vezes, quase insuportáveis. Para os explorados, sobretudo quando dessa exploração não tomaram consciência. E não tomaram partido e luta!
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O XIII Congresso (Extraordinário) do Partido Comunista Português realizou-se de 18 a 20 de Maio de 1990, quando um “vendaval” percorria o “mundo socialista”. Para datar com precisão, há que referir que a queda de Muro de Berlim, erigida como símbolo, foi em 9 de Novembro de 1989, embora a União Soviética apenas tivesse deixado oficialmente de existir a 25 de Dezembro de 1991, depois da extinção do Parlamento (a 16 de Dezembro) e da renúncia de Gorbatchev à presidência nesse mesmo dia 25 de Dezembro.
Pois o XIII congresso foi convocado, nesse intervalo e enquanto a actividade partidária continuava sem paragens, para apreciar os acontecimentos, a situação e a evolução na URSS e nos outros países socialistas, seu significado e suas consequências na situação internacional, na vida dos trabalhadores e dos povos do mundo e no movimento comunista e operário, com outros pontos na Ordem de Trabalhos mas decorrentes da situação que se vivia.
Em resumo, pode dizer-se que, sem perder de vista o património de conquistas das experiências de construção do socialismo, e valorizando-o inequivocamente, o Congresso procedeu a uma desenvolvida análise de causas determinantes do fracasso de um "modelo" que se foi afastando da ideologia, aprofundou a reflexão sobre a natureza e a identidade do PCP, e reafirmou o conteúdo diferenciado do projecto de democracia e de socialismo que o Partido defende, e a sua profunda confiança e convicção no valor, actualidade e projecção dos ideais comunistas.
Ao reforço dessa convicção nesses ideais juntou-se, para alguns muitos, o orgulho de pertencer a um Partido capaz de fazer, naquele tempo e naquelas condições, um congresso como o XIII, ao invés de outros – partidos e indivíduos – que, numa espécie de orfandade, desertaram e procuraram caminhos de curto prazo e efémera realização, à medida da sua escala de tempo.
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No último “episódio” se tratará do aspecto que mais fundamente retive deste Congresso, e relacionado com o tema desta “série”.

5 comentários:

poesianopopular disse...

Grande viagem, eu fiz por esta tua curta, mas, sumarenta reflexão!
De tanta coisa que vizitei, retive aquela frase de Álvaro Cunhal ao ser interpelado por um jornalista, que o questionava sobre a queda da URSS, e ao qual ele simplesmente respondeu "quem mais perde com tudo isto, -são os trabalhadores de todo o mundo"
Não foi preciso esperar muito pela resposta, mas apesar de tudo, -nós ainda acreditamos, -que um mundo melhor é possível.
Camarada Sérgio Obrigado pela tua lenta e curta, mas,sumarenta reflexão.
Abraço

do zambujal disse...

Obrigado, poesianopopular,
grande abraço

Maria disse...

Estava tão atrasada na leitura deste 'anónimo'...
Foi bom ler-te. É sempre bom ler-te. Para além do ânimo que nos dás, e mais força...

Anónimo disse...

Pois é, já estou em casa.

Sobre esta tua reflexão apetece-me dizer que nós, ao contrário de outros que se amam muito e amam o poder tanto quanto a si mesmos, não matámos pai e mãe para podermos ir ao baile do orfanato. Temos outra noção do Tempo e da dignidade.
E, já agora, como dizia a minha avó: o tempo é que cura as meadas".

Campaniça

Graciete Rietsch disse...

A resolução política do XIII Congresso de que somos um partido revolucionário que mantem a sua linha de actuação apesar de todas as investidas que o querem aniquilar e de todos os que se afastam porque procuram talvez as oportunidades que não encontraram neste partido ou ainda dos que se sentem desiludidos por quaisquer atitudes não devidamente esclarecidas,tem vindo a ser reafirmada em todo os Congressos.
Obrigada camarada Sérgio pelas tuas "reflexões".
Mais uma vez me apetece repetir "A aurora é lenta mas avança". Um beijo.