Circulem, senhores, circulem.
Não parem junto aos mortos,
não estacionem no silêncio,
não se detenham ante o sangue.
Circulem, senhores, circulem.
Não interrompam o tráfico,
não deixem de cumprir ordans,
não deixem de ser neutros
e desapiedados.
Circulem. senhores, circulem.
Há muita gente que tem horas,
há muita gente que tem pressa,
há muita gente que deve esquecer.
Circulem, senhores, circulem.
Façam de conta,
fechem os olhos,
tapem os ouvidos.
Circulem, senhores, circulem.
Deviam já estar habituados.
deviam não ter lágrimas,
nem espanto, nem irmãos.
Circulem, senhores, circulem
2 comentários:
Ele há cada coincidência...
Numa sessão de leitura, anteontem, ouvi este poema...
Beijo
É muito bom este poema. E eu não o conhecia apesar de conhecer o António Rebordão Navarro e ele ter sido colega dos meus irmãos.
Um abraço.
Enviar um comentário