Mas atualmente, passadas dezenas de anos, o FMI segue apenas
nominalmente esses princípios, concedendo créditos aos países necessitados. Mas
essa ajuda está acompanhada de uma série de condições que, pelo contrário,
enfraquecem ainda mais a economia e tornam dependentes financeiramente os
devedores.
A ideia de formar um fundo de ajuda aos países necessitados foi
anunciada pela primeira vez no último ano da Segunda Guerra Mundial numa
conferência da ONU em Bretton Woods. Naquela altura, peritos já começaram a
avaliar prejuízos causados ao mundo pela guerra e foram vivas ainda as
recordações sobre a depressão americana dos anos 30. A ideia nobre de
salvaguardar a economia contra novas falências deu início à constituição do
FMI.
Mas durante os anos da sua existência a organização sofreu
alterações. Agora, para melhorar a situação financeira dos países que contraem
empréstimos, o fundo concede créditos e acompanha-os de uma série de condições.
Essas exigências, regra geral, contrariam os objetivos inicialmente declarados e
enfraquecem ainda mais a economia do país, diz um analista, Serguei
Khestanov:
“A política e as recomendações do FMI não visam a desenvolver a
economia e a criar condições para a prosperidade do país, mas são voltadas para
corrigir o balanço de pagamentos. As exigências ditadas pelo fundo incluem a
liberdade da circulação de capitais. Naturalmente, a liberdade de capitais para
um país com problemas econômicos transforma-se bastante frequentemente numa fuga
considerável de capitais. Outra exigência importante consiste na privatização
maciça de quase todos os ramos. Conhecemos que existem monopólios naturais, cuja
privatização é complexa organizativamente ou leva a consequências
negativas”.
Mais uma condição é a renúncia ao apoio estatal da agricultura. Foi
nomeadamente essa exigência que sentiu a economia do México, pátria do milho,
que do maior exportador se transformou em importador.
Além disso, uma das importantes exigências, que, em primeiro lugar,
sente a população do país, é a recusa de apoio social a cidadãos. Para contrair
um crédito, as autoridades do país devem diminuir pagamentos sociais. Em
resultado, as medidas que deveriam apoiar a economia fraca, colocam o país numa
situação ainda pior e a obrigam a obter novos créditos.
Assim, um dos principais instrumentos financeiros do mundo
transformou-se num mecanismo de pressão política, diz um perito do banco
Absolut, Ivan Fomenko:
“Empresas agrícolas começam a falir e deixam de existir, pessoas
perdem emprego, não recebem salários, a economia deixa de desenvolver-se. Tudo
está sendo feito muito grosseiramente: privar de tudo, proibir, cortar, para que
o governo possa economizar. Mas ao mesmo tempo diminui o ingresso de impostos
que constituem, em princípio, a fonte principal de receitas. O FMI coloca
governos em tais condições, para que as autoridades financeiras do país voltem a
solicitar créditos”.
E se uma instituição financeira começa a intervir no campo político,
este fato, naturalmente, provoca dúvidas quanto à imparcialidade de suas ações.
O FMI é fortemente criticado pela posição abertamente pró-americana. Um cidadão
dos EUA nunca dirigiu o FMI, mas a presença americana no fundo foi sempre
bastante sensível.
O peso dos votos de todos os membros do fundo depende da
contribuição transferida pelo país concreto. Inicialmente foi previsto que a
influência do país seria determinada por sua força econômica. Quando a decisão
sobre a formação do fundo ainda estava sendo tomada, a economia dos EUA foi a
maior no mundo. Atualmente, as economias de países emergentes estão crescendo a
ritmos impetuosos, aproximando-se dos Estados Unidos, mas a distribuição das
forças no FMI não muda, diz Serguei Khestanov:
“Muitos países emergentes, cuja economia cresceu fortemente,
criticaram reiteradas vezes o FMI: estiveram dispostos a aumentar suas
contribuições para o fundo e elevar proporcionadamente seus votos na tomada de
decisões. Há dezenas de anos que tais discussões prosseguem. A Rússia e China
são os países que se manifestam sobretudo ativamente pelo aumento de votos, mas
o processo não avança muito por enquanto. O direito dominante na tomada de
decisões pertence aos Estados Unidos, embora a sua economia já não seja tão
importante no mundo em comparação com seus votos no FMI, o que estimula muitos
países a formar instituições financeira de alternativa”.
Uma das últimas iniciativas do gênero é a constituição do Banco de
Desenvolvimento do BRICS e do Arranjo Contingente de Reservas, que, com passar
do tempo, podem em certo grau fazer concorrência ao FMI. Em palavras do
presidente Vladimir Putin, essas instituições ajudarão os países do BRICS a
tornar-se mais independentes em relação à política das potências
ocidentais.
4 comentários:
Assim,compreende-se,todas esta manobras ä volta da Russia.Estâ comecando o declînio do Impêrio.
Um beijo
Será que poderá acontecer??????
Os EU ainda têm muito força e não descansarão enquanto não conquistarem as prnicipais fontes de riqueza do planeta.
Um abraço.
Para quem tem consciência é horrível viver num mundo destes.
O Antuã tem razão!
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