quinta-feira, novembro 05, 2015

O Óscar para o actor mais secundário... ou da vergonha nacional

 - Edição Nº2188  -  5-11-2015

E o Óscar vai para…
Desde 2010 que a associação de editores de jornais e revistas da Alemanha entrega o Prémio «Europeu do Ano». Na sua primeira edição o prémio foi atribuído a Durão Barroso e nos anos subsequentes a figuras com Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu e ex-governante polaco ou a Enda Kenny, primeiro-ministro iIrlandês e ex-vice-presidente do Partido Popular Europeu. Este ano foi dedicado «aos 11 milhões de pessoas que vivem em Portugal». Quem o entregou, e proferiu esta elucidativa frase, foi o comissário Günther Öttinger, actual Comissário para a Economia, ex-vice-presidente da segunda Comissão Barroso, conhecido pela aberta ingerência nos assuntos internos de vários estados e célebre pela atoarda de que os países mais endividados deveriam ter as suas bandeiras a meia haste nos edifícios da União Europeia. Segundo Öttinger o prémio é entregue porque Portugal aplicou bem o programa da troika e conseguiu «encontrar o caminho para mais emprego e competitividade». Mas disse mais: o prémio era também um pedido para que os tais 11 milhões «possam manter uma estabilidade» (…) «sem oscilações». Se parássemos por aqui a coisa dava para rir.
Mas não, o caso é mesmo grave e não dá para rir. Do lado do receptor do prémio estava Rui Machete, o ainda ministro dos Negócios Estrangeiros que afirmou que «cumprimos o que nos foi pedido e ajudámos a Alemanha a justificar o seu papel de liderança», que destacou «o auxílio da Alemanha» e que notou que a língua portuguesa é muito falada no Mundo e que isso tem permitido aos «investidores alemães acesso a importantes mercados lusófonos». Falando em alemão realçou que o Prémio era «uma grande responsabilidade para Portugal» e que portanto o próximo governo «tem o dever de manter o rumo».
A inqualificável e vergonhosa atitude de Machete, profundamente lesiva da soberania, independência e dignidade nacionais só tem uma explicação: a seita que tenta manter-se no poder em Portugal é a versão nacional de uma seita maior da qual Öttinger é uma das sinistras figuras de proa. Mas Machete conseguiu o impensável: não só insultou os portugueses e participou activamente na chantagem e ingerência externa – com toda a gravidade que este facto comporta quando falamos do MNE – como conseguiu ser mais cínico e hipócrita que Öttinger. Da nossa parte, acaba de ganhar o Óscar da vergonha nacional.

Ângelo Alves

Machete, pois claro...
depois de muitos anos
a "ensaiar" na Fundação Luso.Americana 

1 comentário:

Olinda disse...

Pela parte que me toca,podem meter o dito prémio numa caixinha suástica e guardá-lo nas profundezas!Que nojo desta gente!Bjo