sexta-feira, junho 24, 2016

Revisão de matéria e cábula - BRexit - 2

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Há um “projecto europeu”?, ou escrevendo com  um pouco (só um bocadinho…) de rigor: há um “projecto de integração de Estados europeus”?

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Ou há tal projecto assim como edifício que se vai construindo, ou como caminho que se vai fazendo passo a passo, al andar como cantou o poeta e nós ecoamos?

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Não!, o que tem havido, no pós-guerra, são vários esboços de arranjos macro-estruturais entre Estados europeus, adaptando-os, nas mutáveis correlações de forças sociais, à evolução objectiva da História.

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BENELUX, OECE, FRITAL, CAME, CECA, OCDE, CEE (com CECA e EURÁTOMO), EFTA (AECL) e, a partir do apagamento desta e do desaparecimento do CAME, transformações na CEE em CEs e, depois, em UE como se esta fosse a filha de todas as mães e madrastas, a única e globalizada via, arrogando-se até a tomar abusivamente o nome do continente, substituindo geografia, história, cultura por economia, corrijo: substituindo Europa por União Europeia, isto é, por mercado, finanças, especulação bolsista e bancária, especulação, dívida, défice orçamental,,,  

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Mas esses passos nesse caminho imposto transnacionalmento pela relação social dominante, se numa única direcção sempre foram passos ziguezagueantes e, muitas vezes, de recuo.

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Porque há os povos e porque há que manter a fachada democrática, tem havido que ratificar alguns desses passos mais evidentemente decisivos para os povos e os seus viveres.

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E várias vezes os povos têm dito NÃO ao que aqueles em quem delegaram o poder congeminaram e acertaram entre si (ou a que uns submeteram outros por força dos interesses mais poderosos).

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BRexit não é estreia.

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O noruegueses disseram NÃO à integração por duas vezes (1972 e 1992), os dinamarqueses começaram por recusar Maastrich, obrigaram a malabarismos legalistas em que impuseram, com os britânicos e os suecos, a opção de ficarem de fora de certas Uniões dentro da União Europeia como a Económica e Monetária (coisa de somenos!…), e quando houve a intenção de dar uma passada que tudo varresse de obstáculos com a constituição de uma Constituição (a que chamavam) Europeia, os franceses e os holandeses, em referendos, disseram NÃO, isto é, não deram perna para a passada.

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A “solução” foi radical mas tardia: acabar com os referendos!, e avançar com fórmulas como a do Tratado de Lisboa… sem que os povos tivessem de dizer SIM ou NÃO.

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Faltava esta…, esta do BRexit, que se não viesse agora apenas adiava o que ficou inadiado.

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E agora?

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1 comentário:

Olinda disse...

Muito esclarecedor!Claro,que de vez em quando, é preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma,mas,neste caso,será que fica?Pelo menos,servirá para fazer reflectir sobre esta europa do nosso descontentamento.Bom fim de semana.