O dia de ontem foi, em grande parte, dedicado ao 1º encontro distrital da FARPIR-Federação dos Aposentados, Reformados, Pensionistas, Idosos do Ribatejo, em Alpiarça (Casa dos Patudos). Talvez seja útil destacar algumas reflexões para debate. Na minha participação, procurei contribuir com algumas considerações e gráficos sobre a evolução demográfica, em que tentei expor a falácia das estatísticas e a necessidade de corrigir conceitos operativos como o de idade activa e de o substituir pelo de vida activa.
«(...) Por último, mas não por fim ..., há que nos libertarmos de conceitos de pensamento único como é esse, verdadeiramente castrador, de que trabalhar é vender a força de trabalho;
há
que recusar o conceito que lhe que está associado de que a reforma é um peso
para a sociedade porque quem a recebe não contribui para o que lhe seria oferecido
por se manter vivo, ou sobrevivo, mas é, sim, o receber parte do que foi conquistado por e para todos, também por si, pelos idosos, reformados e pensionistas.
Numa
organização social que tenha o ser humano como começo, meio e fim (e medida) de
tudo, uma peça ou aparelho que prolonga ou substitui parte do corpo humano, não
pode provocar desemprego, porque tais peças ou aparelhos foram criado pelos seres humanos para lhes permitir
tempo livre;
o que se ilustra pela necessidade de, pelo menos, dividir em duas ou três parcelas a
população acima dos 55 anos:
i) uma, mantendo-se inteiramente activa embora fora do mercado da força de
trabalho (agriculturando, carpinteirando, ensinando, aprendendo, escrevendo,
pintando, fazendo o seu comércio por conta própria, dando consultas médicas –
outras – por voluntariado, cumprindo tarefas que só avós e avôs);
ii) outra, mantendo alguma actividade parcial e condicionada;
iii) outra ainda, inactiva por incapacidade física e exigindo cuidados continuados.
Seres
humanos a que conquistas da humanidade prolongam a vida não são (e não se podem
tratar como) um fardo, um peso para os seres humanos seus contemporâneos. Não se está a pedir nada!
Estamos
a aprende-lo, à nossa custa. Lentamente. Seguramente.»
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Referência bibliográfica citada:
«Quando se considera um determinado país,
sob
o ângulo da economia política,
começa-se pela sua população(…).
No entanto,
vendo mais de perto, este método pode falsear tudo.
A população é uma
abstracção se se deixa de lado,
por exemplo, as classes de que ela se compõe.
Estas classes são, por sua vez,
palavras vazias de
sentido
se ignoro os elementos sobre que assentam,
por exemplo, o trabalho
assalariado, o capital, etc.
Estes pressupõem a troca, a divisão do trabalho, o
preço, etc.
Assim,
se se começasse e ficasse
pela
população como um todo,
ter-se-ia uma representação caótica do conjunto…»
Dizia
Marx
(mais ou menos…
em alemão traduzido do francês em
karl marx-oeuvres choisies1, idées nrf,
1963, Editions Gallimard)
1 comentário:
Ora aí está um exemplo de coerência entre o que escreves e o que praticas: mais activo não é possível!
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