Aumento de 4,3%
e menos horas de trabalho
põem fim a
guerra laboral
Patrões
das principais empresas alemãs e o mais poderoso sindicato germânico põem fim a
braço de ferro
com
acordo que prevê jornada de 28 horas semanais e participação nos lucros das
empresas.
6 de Fevereiro de 2018, 11:12
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BÀ sexta foi de vez. O mais forte
sindicato alemão, o IG Metall, chegou a um acordo com o patronato para um
aumento salarial de 4,3% e um alívio no número de horas incluídas na jornada
laboral. Depois de cinco reuniões sem sucesso, e uma série de greves de 24
horas que custaram 200 milhões de euros à economia alemã, a última ronda de negociações
permitiu chegar a um pacote de medidas que ficam aquém das exigências iniciais
daquele sindicato (pedia aumento de 6%), mas que deverá servir de referência
para futuras negociações, incluindo noutros sectores da maior economia
europeia.
A aplicação das medidas aceites pelo IG Metall (que representa 3,9 milhões
de trabalhadores alemães) e pelo patronato vai estender-se por um período de 27
meses, segundo noticia a imprensa alemã nesta terça-feira. "Os
trabalhadores vão ter mais dinheiro no bolso em termos reais; vão obter uma
parte justa dos lucros das empresas; e isso vai impulsionar o consumo",
resumiu um dos negociadores daquele sindicato, Roman Zitzelsberger, citado pela
Reuters, ao fim de 13 horas de negociações.
O acordo foi selado em Estugarda, sede de empresas importantes como a
Daimler, abrangendo no imediato meio milhão de trabalhadores no sudoeste do
país, mas acabará por se estender a outras regiões e sectores de actividade,
"servindo de benchmark para milhões de
trabalhadores" na Alemanha, sublinham analistas ouvidos pela mesma agência
de notícias.
Numa base anual, o acordo representa um acréscimo salarial de 3,5%, segundo
as contas de um analista do banco alemão Commerzbank, Eckart Tuchtfeld. O que
significa que, para as empresas, haverá um aumento dos custos de produção acima
do inicialmente previsto, mas, como refere outro analista do Barclays,
"pelo menos este acordo traz garantias de maior certeza" para o
patronato. Ainda na semana passada, uma greve de 24 horas paralisou empresas
como a Airbus, a Daimler, BMW e Bosch, custando aos fabricantes de carros,
empresas fornecedoras de bens e de engenharia qualquer coisa como 200 milhões
de euros. E os sindicatos tinham ameaçado com mais greves e outras formas de
luta, caso a reunião de segunda-feira não servisse para alcançar um acordo. O
que acabou por acontecer, depois de se registarem cedências de ambas as partes.
Além de um aumento salarial de 4,3%, que começará a ser pago a partir de
Abril, os trabalhadores abrangidos irão receber um pagamento único de 100
euros, relativo ao exercício fiscal do primeiro trimestre. É um valor extra,
não repetível, que a partir de 2019 se converterá num pagamento único de 400
euros por cada ano, ao qual acrescerá outro pagamento anual extra
correspondente a 27,5% do salário mensal de cada um. Porém, este montante pode
ser convertido em menos horas de trabalho por quem preferir uma jornada laboral
mais leve – o que acontecerá de qualquer forma, visto que uma das alíneas do
acordo agora firmado prevê a redução das 35 horas de trabalho semanal para 28,
para quem tiver filhos menores, familiares doentes ou idosos. Uma medida que
será válida por um período de dois anos. Em compensação, as empresas poderão
recrutar mais trabalhadores que estejam disponíveis para 40 horas de serviço
semanal, o que será uma forma de criar "mais flexibilidade",
sobretudo em períodos em que seja necessário aumentar a produção para responder
a aumentos na procura.
A notícia deste acordo surge no mesmo dia em que as bolsas europeias registaram
índices a perder cotação, em resposta às perdas acentuadas verificadas em Wall
Street, onde o Dow Jones Industrial caiu, pressionado pelo aumento das taxas
das obrigações do Tesouro dos EUA. Um movimento que é justificado pelos dados
dos custos salariais, que subiram na economia norte-americana, e que pôs os
investidores à espera de uma subida das taxas de juro. O dia ainda traz outra
boa notícia para a economia alemã, a de que as encomendas na indústria subiram
2,2% no último mês de 2017.
Todos estes factores conjugados apontam para um aumento da inflação na zona
euro, empurrada pelo principal motor económico que é a Alemanha, fazendo a taxa
aproximar-se dos 2%, meta do Banco Central Europeu (BCE). Mas será necessário
aguardar para ver se isso de alguma forma pode acelerar a retirada dos
estímulos que o BCE tem empregado para ajudar a economia da zona euro.
1 comentário:
Que dirá a " coisa " da UGT sobre a luta dos trabalhadores Alemães?Bjo
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