segunda-feira, outubro 15, 2018

Coisas do outro mundo... que também é o nosso!

 - Edição Nº2341  -  11-10-2018
Contra o aumento na UE da violência neofascista

Numa intervenção no Parlamento Europeu, no dia 2, o deputado João Pimenta Lopes, do PCP, denunciou o aumento da violência neofascista na União Europeia (UE). Afirmou:
«Não ignoramos as causas e o caldo em que se alimentam as forças de extrema-direita e fascistas.
A UE que invoca cinicamente a preocupação ante esse avanço é a mesma que apoiou e continua a apoiar o golpe fascista na Ucrânia, que imprime uma natureza exploradora e xenófoba na sua política migratória, a mesma que promove e aprofunda as políticas que atacam direitos sociais, laborais e a soberania dos estados, a mesma que impõe ameaças, chantagens e sanções contra os estados e os seus povos.
As políticas de direita da UE, implementadas pela direita e social-democracia, não se distinguem, nos objectivos, do que defendem as forças reaccionárias: aumentar a opressão, exploração e a concentração da riqueza, garantir a manutenção de uma ordem social iníqua, a do capitalismo.
O fascismo, criação do capitalismo, tem hoje uma inquietante expressão institucional em parlamentos e governos na UE.
O firme combate às forças de extrema-direita e fascizantes exige que não se branqueiem as políticas que lhes abrem caminho!».

A UE e o Iémen
O deputado João Pimenta Lopes abordou também, no Parlamento Europeu, a situação no Iémen. Assim:
«São os crimes do capitalismo que impõem a barbárie. É a “coligação” militar liderada pela Arábia Saudita e apoiada pelos EUA, Reino Unido e França que tem bombardeado campos de deslocados internos e alvos civis, com a morte de centenas de pessoas, incluindo dezenas de crianças, como nos ataque de Agosto passado.
São as armas produzidas naqueles países e noutros da UE que mataram cerca de 16.000 pessoas nesta guerra, dois terços das quais civis, e feriram mais de 55 mil, números certamente conservadores. Cerca de 22 milhões de pessoas no Iémen enfrentam a pior crise humanitária do mundo, 8,4 milhões severamente afectados pela fome. Situação que se agrava com as restrições da Arábia Saudita à importação de alimentos e combustível.
São estes países que silenciam os crimes de guerra e a repressão dentro da própria Arábia Saudita, maquilhando aquele tenebroso regime de uma pretensa “modernização”.
É tempo de os povos se mobilizarem pela paz, pelo fim de um gigantesco crime contra o povo iemenita, contra o cinismo do imperialismo, da UE e das suas potências militares».

Caças sauditas atacam autocarros no Iémen e matam pelo menos 15 civis
15 DE OUTUBRO DE 2018

Um ataque aéreo realizado este sábado pela aviação saudita atingiu dois autocarros com pessoas que fugiam da província costeira de Hudaydah, que é alvo de uma ofensiva militar desde meados de Junho.

De acordo com a cadeia de TV em língua árabe al-Masirah, o ataque provocou pelo menos 15 vítimas mortais e um número indeterminado de feridos. A mesma fonte referiu que as vítimas tentavam escapar da província de Hudaydah, que se tornou um ponto fulcral na guerra de agressão que a coligação liderada pelos sauditas mantém contra o Iémen.
Em 13 de Junho deste ano, a cidade costeira de Hudaydah, principal ponto de entrada das importações no Iémen, foi alvo de uma ofensiva concertada entre as forças militares sauditas, dos Emirados Árabes Unidos e das milícias leais a Abd Rabbuh Mansur Hadi.
De acordo com a PressTV, a ofensiva tem-se intensificado nas últimas semanas, levando a que milhares de famílias procurem fugir dali em direcção a outras partes do país.

Outro autocarro em Agosto
No dia 9 de Agosto deste ano, um raide aéreo saudita atingiu um autocarro escolar na região de Dahyan, na província nortenha de Sa’ada, provocando a morte a 51 pessoas – 40 das quais crianças – e causando cerca de 80 feridos, também crianças na sua maioria.
A guerra de agressão contra o Iémen, liderada pelos sauditas e com forte apoio das potências ocidentais, teve início em Março de 2015, sem que os agressores tenham conseguido atingir as metas que declararam querer alcançar – esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade.
A intensa campanha militar provocou milhares de mortos e feridos entre a população civil, foi responsável pela destruição de uma parte substancial das infra-estruturas do mais pobre dos países árabes e está na origem de uma situação humanitária que as Nações Unidas classificaram como «catastrófica».

«Situação humanitária agrava-se»
Farhan Haq, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, voltou a lembrar, na sexta-feira, que o Iémen vive «a pior situação humanitária do mundo», sendo que 22,2 milhões de pessoas (num total de 28 milhões) necessitam de ajudam urgente. Numa conferência de imprensa na sede da ONU em Nova Iorque, Farhan Haq sublinhou que «ataques aéreos incessantes da Arábia Saudita e dos seus aliados são a principal razão da crise humanitária no Iémen» e instou todas as partes no conflito a cessar os bombardeamentos, indica a HispanTV.
O representante das Nações Unidas mostrou-se particularmente preocupado com a situação na província de Hudaydah, alvo de intensos bombardeamentos de aviação e de artilharia da coligação liderada pelos sauditas.
Referindo-se à ofensiva, disse que nos últimos quatro meses mais de 570 mil pessoas perderam as suas casas e dezenas de milhares ficaram feridas.

Infra-estruturas de produção alimentar, alvo frequente de Riade
Num relatório publicado a 9 de Outubro pela World Peace Foundation, instituição integrada na Fletcher School da Tufts University (EUA), documenta-se a estratégia da Arábia Saudita e dos seus aliados na destruição de infra-estruturas de produção e de distribuição alimentar e agrícola no Iémen, em regiões controladas pelo movimento popular iemenita Ansarullah. O objectivo desta estratégia é que a população passe fome.
Na conclusão, lembra-se que «a destruição deliberada da agricultura familiar e da pesca artesanal é um crime de guerra».

1 comentário:

Olinda disse...

E o mundo assiste alheio à maior catástrofe humanitária do planeta.É óbvio que o petróleo (sempre o petróleo)é o motivo maior desta tragédia.Bjo