Estas últimas reflexões lentas foram-me provocadas, em muito, por reacção à campanha eleitoral em curso, em que a modalidade dos debates a dois me prendeu a atenção.
É evidente que
o ambiente em que se está viver, esta situação sanitária, é muito determinante
do que nos faz pensar, sobre a vida e a morte, a saúde e a economia, nós e os
outros, e que este ambiente nos condiciona e se reflecte também no modo como correram os
sucessivos debates. Logo, e indirectamente (ou não…) influenciaram as reflexões
que têm saltado para as teclas e, destas, para a comunicação a outros (os que
há, sempre muito menos do que o que desejaria porque não “estou a falar sozinho”).
A “ouver” três
protagonistas (dois candidatos e um moderador) de cada vez, mais dois
comentadores, passei por vários escalas de humores entre a satisfação plena (“era isto mesmo que tinha de ser dito, agora
e nestas condições”) e a irritação desabrida e vernaculizada (“mas como é possível haver gajos destes!; …
é preciso não ter vergonha nenhuma!”; “#$%&»!=?” e etc.).
Hoje, no final
da série, houve o debate entre João Ferreira e Vitorino da Silva, moderado por
Carlos Daniel, e fez-me saltar para o teclado com a imediata necessidade de
fixar as reflexões que provocou.
Antes de mais, porque
quase esqueci que estava perante um debate eleitoral, apesar da intromissão da
questão sobre adiar ou não, como fazer as eleições neste estado (de coisas…)
sanitário, de que apenas se pode esperar, a curto e médio prazo, de
agravamento,.
Eram dois
homens diferentes em tanta coisa, mas sinceros, coerentes, respeitando-se, a
trocarem impressões sobre os problemas nacionais e a inserção do País no mundo,
com um moderador felizmente bem diferente de outros que nos calharam na rifa, a todos nós que os
tivemos de aturar (não obstante algumas observações e críticas quanto a algumas
questões postas… há questões que parece que são obrigatórias e que não há nada
a fazer). Confesso mesmo que tive momentos (raros, e lamentando algum
atabalhoamento motivado pelo contra-relógio) em que esqueci que estava em
campanha eleitoral. E gostei!
Diria muito mais (ou de outra maneira) mas senti que o que escrevi, no auge de uma das irritações, tinha agora inteiro cabimento para ilustrar este debate. E que seria de ficar pela transcrição do que então soltei para o facebook, a 3 de Janeiro.
À pergunta
calista, provocadora, facebookiana, sobre o que estava a pensar quando vinha de
um daqueles debates de fazer “perder a cabeça”, respondi:
"Com
justificada indignação, estou a pensar nos caminhos que está a tomar a mais
nobre actividade dos humanos, a política enquanto disponibilidade para estar ao
serviço da contínua transformação da sociedade em proveito de todos, por todos
e contra os poucos que dela querem usufruir à custa do sacrifício de muitos."
Foi o que
saltou para a reflexão após aquele debate. Que foi de política como a concebo, e que foi pena que não tivesse servido mesmo para campanha eleitoral, que está perfeitamente inquinada pelas contrafacções do mercado que substitui a democracia.
Dos “comenta dores”
não digo nada… Não deixo que me estraguem, hoje!,
o fecho destas reflexões lentas. E curtas.
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