Lê-se de uma assentada, nesta manhã, na habitual correria de actualização informativa. É no Expresso curto. De arma carregada.
O título é curto, sugestivo. Prende. O texto é profuso
de dados e factos encadeados. Alimenta o susto em que vivemos à ocidental
maneira.
Que nos deixa a leitura e a sua subliminaridade?
- que a ameaça nasceu com a perda do monopólio da
arma nuclear, quando outros que não os seus inventores a ela tiveram acesso
(então não se está a assinalar o “Dia Internacional contra os Ensaios Nucleares, 73 anos depois da ex-União
Soviética fazer o seu primeiro teste”?
- que não fora isso, e nada de mal teria vindo ao mundo: tudo estaria controlado,
sossegadinho, só preocupados com os somenos da inflação.
- que a ameaça só nasceu, e esteve sempre, do outro
lado, do lado dos “índios maus”, dos incivilizados, dos não oxidentalizados (a tal União Soviética,
Cuba, Coreia-a-desNorteada, Irão, Rússia, China... só 85% da Humanidade!).
- que, neste apogeu apolíptico, até há um ministro
dos negócios estrangeiros “apostado (!) em passar a mensagem de que uma Terceira
Guerra Mundial será nuclear” (nem vale a pena acrescentar o nome...).
- que “Passaram três dias desde o bloqueio da Rússia a um acordo na 10ª conferência de
revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear que tem 191 signatários” (assim
sublinhado!), não se referindo que é no decurso da negociação de revisão (e por reservas a 5
parágrafos), e que essa revisão de acordo se deve a que um outro Estado (os EUA) se tenha
dele retirado.
- que logo se entala, num curto período no meio do
texto, a referência a “… que as nuvens em forma
de cogumelo ensombraram Hiroshima e Nagasaki, mataram dezenas de milhares de
pessoas em segundos, deixaram uma pesada herança radioativa aos sobreviventes.”
- (referência de passagem) que, mais adiante, se pessoaliza e suaviza: “Mas Harry
Truman, o presidente norte-americano que deu ordem para atacar Hiroshima e
Nagasaki, em agosto de 1945, recusou acionar o gatilho atómico pela terceira
vez.”, não parecendo merecer a pena sequer referir que foi a única vez que o tal gatilho foi
accionado, e por quem e porquê!
- que Kiev, qual cereja no topo do bolo,
“abriu mão das armas nucleares quando
trocou o estatuto de terceira maior potência nuclear do planeta pelo
reconhecimento da independência do país, após a dissolução da União Soviética
(1991), está impedida de responder.”
E por aqui me fico! É esta a “informação”
que nos formata! Ao serviço do império(lismo)!
3 comentários:
E tão habilmente, tão eficazmente essa "informação" formata, que muitos ficam irreversivelmente formatados.
Abraço!
Cara amiga,
e é essa a intenção e é esse o enorme perigo.
Obrigado pelas ajudas.
Saudações
Informadores cuja função,intencional ou não,é formatar,porque eles,também já estão formatados.Aqui há dias ouvi uma dessas espécies,que não são raras, dizer que um cenário de incêndio equivale à bomba de Hiroshima.Fiquei pasmada,se aquela coisa-com-pernas,acredita naquilo que disse,se a intenção era minimizar uma guerra nuclear.Bjo.
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