terça-feira, julho 31, 2007
Depende do estado de espírito...
No cavalo de pau com Sancho Pança - antecipação 5
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A nós, os portugueses, Keiserling não achou melhor que classificar-nos de espanhóis degenerados. Não é bem assim. Somos hispanos europeizados, ou evolutivos. Em verdade, a nossa terra apresenta grande unidade étnica. Se essa unidade se expressa, acima de tudo, por univalência psíquica, direi que o minhoto se parece tanto com o alentejano como o algarvio se diferencia do galego.
O bocado de massa que não levedou ao fermento castelhano, na grande masseira que é a Península, adquiriu personalidade distinta de estrato antropológico.
segunda-feira, julho 30, 2007
No cavalo de pau com Sancho Pança - antecipação 4
Cada espanhol traz dentro de si, pequeno ou grande, um Engenhoso Fidalgo, mais disfarçado, menos disfarçado. Toda a história de Espanha é a aventura do cavaleiro manchego. Está compendiada nas suas três surtidas. Escreve Manuel Pinheiro Chagas, com lúcida compreensão: “E a Espanha sente bem ali no D. Quixote a sua própria imagem. Ri-se dos seus entusiasmos mas sabe que pouco basta para lhos despertar de novo”.
sábado, julho 28, 2007
No cavalo de pau com Sancho Pança - antecipação 3
Operou-se de novo a bipartição e julgamos que para todo o sempre. A datar daquele ano, as duas nações cada vez se apartaram mais em carácter, tendências e gostos. Na língua acima de tudo. (…)
A melhor forma de cimentar a etnicidade de um povo consiste na posse e uso de um idioma próprio. Ora dia a dia, com a evolução que se foi efectuando inelutável e profunda, mais o português se tornou português, tão longe do espanhol, repetimos, como do francês ou italiano. Longe vai a conjunção em que o castelhano se podia prevalecer do nosso idioma, como de um dialecto, o dialecto lusitano-galaico. Escapámos ao amplexo da boa-contrictor e só é pena que, derruído o solar da mãe celta, os dois filhos mais ocidentais, Portugal e Galiza, se olhem por cima de muros.
sexta-feira, julho 27, 2007
No cavalo de pau com Sancho Pança - antecipação 2
Em que divergem? Pois, e profundamente, no psíquico. Parecendo-se de modo flagrante, todavia não são os mesmos. Isso que é imponderável, imensurado, inapreensível ao espéculo, germinou, cresceu, dispartiu-se de todo e formou tipos diferentes. Como? Vá lá saber-se como elaboram os cadinhos subterrâneos em matéria de antropologia! A pequena molécula bioquímica cá e lá, bafejada por ventos morais, desenvolveu-se noutra direcção. O português em suma não é o espanhol.
Portugal estaria para Cervantes no conceito de província que andara escapa à soberania do seu rei e voltava ao redil.
Depois, Aquilino discorre de maneira admirável sobre o Tajo (gutural e incisivo, bruto) e o Tejo (doce e morna palavra, povoado por Cervantes com ninfas e dríades... e não tem tudo de ninfa Dulcineia?). Mas não se pode transcrever tudo! Por hoje, ficam estas duas antecipações.
No cavalo de pau com Sancho Pança - antecipação 1
Para o castelhano das três dimensões, homem de touros e zarzuela, nunca se desvaneceu o sonho da união ibérica. Livrem-nos os fados de tal conjuntura! Alianças ou conúbios destes seriam como os da panela de ferro e da panela de barro, levadas na corrente de um rio. Nós, dum momento para o outro, poderíamos ficar escaqueirados. Olho no monstro: ainda quando nos aparece como filósofo salvador é sempre Caliban. Sem dúvida que aparentou sempre discursador da beatitude terrena em Deus do Céu.
Com Espanha – dizia Mazarin – são de desejar todas as boas relações de vizinhança. Mas fique-se na cortesia. Se ides mais longe, às duas por três, sem vos consultar, nem dar cavaco, o vosso aliado manda queimar as naus. Não que o faça sempre por trancafio, mas por orgulho, indómito orgulho, e que mais não seja para exercício da vontade, ou pôr à prova o estado da senhoria que lhe é visceral.
Assim sendo...
Ah! Foi? E terá sido assim que foi, para esta que ela é hoje, tão outra relativamente ao que ela era quando teria sido assim?
Por isso, assim conta que foi assim. Como se tivesse sido.
E há uma corteZita boba a acenar com a cabeça, a fazer vénias e salamaleques, a aproveitar-se do que ela escreve para dizerem: vêem como foi? Foi assim!
Mas… para quê gastar tanta cera com tão ruim defunta?
Talvez lá tenha de ser, como reacção necessária a toda a cera que é gasta para alumiar a defunta e tornar útil uma múmia.
Talvez.
Será que ao coro dos coiros há mesmo que responder com a verdade das coisas? E, por outro lado, a indignação perante certos comportamentos também não resiste a vir manifestar-se com veemência.
Cá por mim, para este consumo interno, e depois de tanto ter lido e ouvido, apenas deixo uma constatação e uma lembrança muito pessoal.
Foi assim comprovado que D. Zita, ao tempo em que assim teria sido alta dirigente do PCP, conspirava em reuniões e jantares em sua casa, às quartas-feiras com o Sr. Vital Moreira, que era já putativo secretário-geral, escolhido à revelia das regras estatutárias e democráticas de que o PCP se orgulha, noutros dias “em plena dissidência, jantava tudo lá em casa”, segundo disse na RTP1, que não lhe poupa antena.
E para que conspiravam?
Pois “para evitar o declínio sem remédio do PCP”, dizi(t)a ela; pois para “a superação da crise que, sem aquela (renovação do Partido), o conduzirá, a breve prazo, a um irreparável definhamento”, escreveu o vital Moreira.
Assim se explicará a enorme contrariedade que sofrem e denotam os então conspiradores por não verem comprovados, como tanto desejariam, o “declínio sem remédio”, o “irreparável definhamento” do PCP.
E assim se compreende que tanto se continuem a esforçar para que eles – "o declínio" e "o definhamento” – aconteçam.
Ainda acrescento, por mero desfastio, uma lembrança muito pessoal: como militante de base, participei, há uns 25/30 anos, numa iniciativa do PCP, em que a dirigente Zita Seabra coordenava uma secção, e coube-me a tarefa de ir para a mesa e de a secretariar.
Foi a única vez que nos cruzámos em tarefas partidárias, e foi uma experiência penosa.
Sempre convivi mal com o autoritarismo, a falta de respeito pelos outros, a prepotência, e mais ainda quando a postura “muito dura mas relações humanas”, “a frieza de um revolucionário” (“qualidades” para si invocadas por Zita Seabra em Foi assim!) são uma espécie de máscara que esconde a fragilidade de convicções, a falta de caboucos ideológicos, a ausência de um “gostar dos outros” que, estas sim, são – a meu ver, claro – as qualidades de quem quer ser revolucionário. Toda uma vida. Com os erros e as fraquezas que inevitavelmente a preencherão.
terça-feira, julho 24, 2007
Extracto (adaptado) de uma espécie de diário
(...)
Da Constituição de 1976, uma das coisas que retive, eu que era – e sou – leigo e fui atento admirador de quem teve a tarefa de a redigir e aprovar, foi que, dada a existência de vínculos entre empregadores e trabalhadores, e havendo o pressuposto – dado o sistema em que se vivia … e vive – de, nesse vínculo, a parte mais frágil ser a que está na posição de “empregado”, se constitucionalizou que a essência das normas deveria proteger essa mais desfavorecida parte da relação contratual.
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Agora, os “patrões” das confederações patronais jogaram uma carta, uma carta forte, aproveitando o ambiente reformista (?) do poder político, deste governo: subverta-se, de vez, a Constituição e a sua “filosofia”.&-----&-----&
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Onde é que já se viu uma mercadoria pensar! "Reprima-se a mercadoria que pense!"&-----&-----&
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Há constitucionalistas prontos para essa tarefa. Ou frete.
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E o sr. ministro do trabalho está a ver em que param as modas.
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Atento, venerador e obrigado.
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Tudo a bem da Nação!
No cavalo de pau com Sancho Pança - 43 (versão para anónimo do séc. xxi)
Para Alonso Quixano, admitindo que o homem, segundo a lição do Resgate, tivesse recuperado o gozo do livre arbítrio, desligado por conseguinte da condenação primeira, certas pessoas eram mais responsáveis do que nunca pelo mal que continuava a lavrar à superfície da terra. Sobretudo os poderosos, os fortes, esses que faziam a lei e articulavam a justiça, e os seus executores, que de coração venal ou leviano cometiam os maiores atropelos contra a humanidade.
Por isso mesmo Alonso Quixano, o Bom, se sentia impelido para a missão augusta que os livros de Cavalaria inculcavam.
sábado, julho 21, 2007
Há coisas que muito esquecem a quem não aprendeu
Já cá se sabia que “o engenheiro Sócrates” é avesso a receber lições, sobretudo dos comunistas portugueses. Aliás, ele faz parte daquela elite que não tem nada a aprender. Que, se calhar, nunca teve…
Mas é mesmo pena!
Esses tais comunistas portugueses têm muito a ensinar aos engenheiros Sócrates deste País sobre o que é a liberdade, como se luta por ela, o que se sofre ao perdê-la por por ela se lutar.
No cavalo de pau com Sancho Pança - 39
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D. Quixote, não obstante as jaças de que está mareado, jaças observáveis num belo mármore se o examinarmos à lupa, é um livro eterno. Eterno como o herói, embora forjado com metal único, metal que só se encontra no subsolo psíquico de Espanha. E, por muito que o submetamos à pedra de toque gramatical, léxica, literária, fica pairando imune à análise mais severa e meticulosa. É que cavaleiro, não obstante os vínculos locais, está completo dentro de qualquer homem. Bastas vezes, sopitado como Durandarte sob os filtros de Merlim. Não raro, imóvel no fundo da jaula convencional, contemptor das leis morais e cívicas, e inveterado endireita do mundo torto.
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Por aqui paro. Não por longo ter sido o percurso, mas porque a frase "inveterado endireita do mundo" me obriga a parar. E a apear e a ficar uns momentos a reflectir sobre o mundo torto e a vontade (inveterada) de o endireitar.
(de O Som da Tinta)
Profecias e aleivosias
Por mim, tenho pena.
E pronto.
Ponto final seria.
Como nunca gostei de responder a provocações, também a esta (que, evidentemente, me não era dirigida) não reagiria.
Mas se se quisesse discutir o tema num plano sério de dinâmica macro-estrutural, do que representou como iberização o modo como foi negociada a adesão de Portugal às CE, de como assim se desserviu o povo português, estaria disposto, e até gostaria, porque é uma das minhas predilectas (pobres) reflexões.
Agora assim!...
O chorrilho de disparates e de abusos interpretativos que provocou a provocação, só por si tê-la-iam bem dispensado.
A título de exemplo, o Jornal de Leiria, na sua 3ª página, do Fórum (e editorial), escolheu para “Facto da semana” "Saramago defende que Portugal passe a ser província espanhola", o que é uma interpretação abusiva do que Saramago disse, e em resposta a uma pergunta.
E, entre os convidados a comentar a “ideia defendida por Saramago”, um senhor muito conhecido, muito mediático – Loureiro dos Santos, general – saiu-se com esta “(…) Em relação a essa posição de Saramago, ele fá-lo por razões de interesse próprio, o que aliás vem ao encontro da teoria leninista-marxista que ele professa. (…)”.
Se acho não merecerem discussão as "profecias de Saramago" (que se afirma "não-profeta"), incomodam-me as manifestações de ignorância arrogante como as do sr. Loureiro dos Santos, general.
E tudo isto, esta falta de seriedade, me faz pena.
quarta-feira, julho 18, 2007
Postalinhos de ontem...
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Mas não tive oportunidade.
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Só agora, depois da reunião de direcção do JO, é que consegui alguma disponibilidade, mas queria ver se não entrava pela madrugada dentro.
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Ando com um peso efemérico…
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Durante o fim de tarde que estive na Som da Tinta, anotei o que chamei “temas”, e o primeiro de todos era sobre "aquilo que fui... quando me não reconheço no que era."
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É que estive “entretido” – antes de (e sem conseguir) passar à escrita – a tropeçar em fotos do "tempo efemérico" (há um ano, precisamente…)
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Não é fácil!...
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A isto voltarei.
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Porque a efeméride se prolonga…
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Entretanto, mais temas tinha nas “notas”, a começar pela “grande vitória socialista” nas eleições em Lisboa.
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É que o ambiente forjado de “grande vitória” agride a inteligência… de quem se quer minimamente informado.
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A lista do PS teve menos de 30% (com mais de 62% de abstenção), de certo modo se repetindo a “cena” das presidenciais, com uma Helena Roseta a fazer o papel de Manuel Alegre.
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(Ou terá sido o contrário?!)
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Esta “gestão Sócrates” polariza em si (bemol?) e divide os exércitos próprios, promovendo o aparecimento de “independentes”.
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E, por isso, para quem se propunha a maioria absoluta, que só com 9 vereadores, ter conseguido 6 é uma "g‘anda vitória", não há dúvida!
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Além de que não ter conseguido que a sua “independente”, tivesse mais do 10,2% e 2 vereadores, o que não dá para conseguir maioria (6+2<9!)
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No entanto, a "g’anda vitória" foi a enorme derrota do PSD, com o seu candidato oficial a não conseguir melhor que ser 3º, depois do seu candidato "dissidente" (o que é pior – para o respectivo partido – que candidato “independente”) tendo, os dois, 3+3 vereadores…
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… e, também, a ainda maior derrota do PP ao quadrado, isto é, Partido Popular/Paulo Portas, com uma votação minúscula e 0-vereadores-0.
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Pergunta-se ele, o PP2, como é que, em Portugal, se pode ser oposição, e vdiz que ai reflectir sobre isso!
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Que estranha reflexão.
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De qualquer modo, nós não o podemos ajudar, nós, os únicos que, como partido, soubemos responder quando, em Portugal, ser oposição era outra coisa… era ser resistência ao fascismo!
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Daqui o que fica, tirado o folclore BE e do seu “Zé” que apregoava que fazia falta, e mais outros que tais?
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Um resultado muito significativo da CDU, acima de 9,5% (que pena não se ter chegado aos dois dígitos!) e mantendo dois vereadores!
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O que foi conseguido após uma campanha em que, talvez como em nenhuma outra, por razões circunstanciais a juntar às razões essenciais de sempre e cada vez mais presentes, se silenciou a campanha do único partido que está "fora do jogo", que “é esquerda”.
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Num sentido claro para esta coisa de “ser de esquerda”, e que tem a ver com a raiz da expressão que a faz assimilar a ser de “outra classe” que não da que está no poder…
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Desta, “da classe que está no poder”, são todos os outros, estejam em partidos, repartidos, independentes e dissidentes.
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Havia mais "notas" e "temas", e mais escrevi, mas, para aqui e para agora, ficam estas.
sexta-feira, julho 13, 2007
segunda-feira, julho 09, 2007
Boas leituras!...
Sentiu que agir era preciso. E veio logo a pergunta como agir?
A acção é a primeira regra. Depois, há a do tempo e a do modo, e surge logo a regra do perigo. Entretanto, insinuou-se a regra do dolo formando as cinco regras. Mas foi-se impondo uma última regra, que “eles” queriam definitiva, a regra do silêncio. Da sombra. Por isso, combateremos a sombra.
No entanto, o leitor lembra que há mais regras. Porque é preciso ir mais fundo na acção para que, no tempo e no modo, se vença o dolo quando se afronta o perigo e se querem quebrar o(s) silêncio(s).
Duas outras regras são indispensáveis: a da história, isto é, a da luta de classes (desde que e enquanto); e a do colectivo, a de tomar partido, a que Maria London grita para fazer coro com os passos batendo no chão do cemitério: “Deixem-me abraçá-los, milhões!”.
Assim é preciso. Para que não fique tudo como o agir "duma bondade defeituosa, uma bondade de parvo, uma justiça de doido”. De um homem só, psicanalista, professor. Só. Apenas com a companhia da ficção literária combatendo a sombra.
quarta-feira, julho 04, 2007
Postalinhos
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(quem e o quê se entregou a quem?!)
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Há gente assim!
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Antigamente, gente desta pensava que depois de mim, o caos.
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Agora, gente desta também pensa que antes de mim, o deserto.
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Construamos a frase:
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Tanta ignorância e soberba incomoda,
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Faz mossa.
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Porque há poderosos (e seus interesses… de classe)
domingo, julho 01, 2007
Algumas "máximas" minimamente contraditadas - 3
Diz-se cada coisa… São o “máximo”! Vêm do “pinsamento” de Sócrates (e de quem o segue... ou de quem ele segue). Passam por verdades absolutas de tanto se repetirem. Mas têm de ser contraditadas por vezes à maneira de perguntas. O que se faz minimamente (em itálico, quando o que apetecia era soltar o vernáculo…).
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O mérito, claro: o mérito! O mérito, e só o mérito. Que é lá isso da antiguidade ser um posto?! Já nem na tropa… (Mas quem avalia o outro, quem decide do mérito dos trabalhadores?) Ora quem haveria de ser? Os chefes. (Insisto: mas teria de haver critérios de avaliação do mérito alheio e aquilo que parece mais importante é fixar quotas. Só 5% podem ter desempenho excelente…) Claro! Se não fosse assim acontecia o que é costume: todos, ou quase todos, os trabalhadores a terem notação de excelente. (… dada por quem?) Ora… pelos chefes! (Quer dizer: os chefes, desde que tenham quotas são criteriosos na avaliação dos subordinados, sem quotas são maus avaliadores; ou seja, só são bons avaliadores se forem maus… para os trabalhadores!).
(continua)
Algumas "máximas" minimamente contraditadas - 2
Ouvem-se…) coisas que são o “máximo”. São ditadas pelo “pinsamento” de Sócrates (e “pinsadores" da mesma “escola”) reflectindo a epiderme da realidade. Há quem as aceite como se fossem a realidade profunda. Mas não o são! O que, minimamente que seja (o que se faz em itálico, embora apetecesse fazê-lo em vernáculo…) , tem de ser dito.
Aquilo que campeia, hoje, é a “calanzisse” dos trabalhadores, que só pensam em enganar os empregadores, acabado que foi, evidentemente, o tempo histórico da exploração do homem pelo homem (mas estes são pressupostos que a realidade desmente em toda a evidência!). Os empregadores não exploram os trabalhadores, estes é que estão sempre a tentar enganar os empregadores (sejam os privados, seja o Estado) [Do que não há dúvida é que, para se continuar a explorar, e para mais e melhor se explorar, há que convencer os cidadãos (a começar pelos trabalhadores por conta de outrem ou do Estado) que os trabalhadores só com bastão e cenoura é que funcionam, em particular os "funcionários públicos", como "eles" dizem. O bastão do desemprego e da precariedade, a cenoura das progressões por mérito!].
(continua)
Algumas "máximas" minimamente contraditadas - 1
Reformar é preciso (mas não os trabalhadores, aqueles que à reforma tenham ganho o direito…). Uma reforma decisiva é a que substitui promoção por progressão nos trabalhadores da função pública. A primeira é consequência do tempo na carreira, a segunda é fruto do mérito. Progresso, sim!, promoção, não! (… mas não se deveriam complementar em vez de uma substituir a outra? Pelo tempo na carreira, e como um direito, ser-se-ia promovido; por mérito, progredir-se-ia!).
(continua)