Dei, em cima do cavalicoque, um pequeno salto. Passei à página 329. Pensando como se ajusta bem a história da panela de ferro e da panela de barro. Tendo os dois países negociado a um mesmo tempo a adesão às Comunidades Europeias, as negociações foram muito diferentes, e dessa altura, meados da década de 80, não me canso de lembrar a advertência de que a negociação nossa não salvaguardava os nossos interesses (especificidades lhes chamávamos), e que corríamos o risco não de nos "europeizarmos" (como se dizia) mas de nos "iberizarmos"... e como panela de barro. Até porque, da parte da Espanha, não foi assim, nunca foi assim. E continua a não ser. Não receiam ser "maus alunos".
___________________________________________Cá e lá repetem-se horas por horas, cuidados por cuidados, ânsias por ânsias, como a água que corre nos dois territórios. Quando o Engenhoso Fidalgo se joga contra os rebanhos de carneiros que na sua fantasia alucinada toma pela hoste do soberbo Alifanfarrão, Sancho arranca do fundo do peito: Mal haya yo! O Zé Povinho usa de igual expressão nos desesperos e arrelias: - Malo haja!
Em que divergem? Pois, e profundamente, no psíquico. Parecendo-se de modo flagrante, todavia não são os mesmos. Isso que é imponderável, imensurado, inapreensível ao espéculo, germinou, cresceu, dispartiu-se de todo e formou tipos diferentes. Como? Vá lá saber-se como elaboram os cadinhos subterrâneos em matéria de antropologia! A pequena molécula bioquímica cá e lá, bafejada por ventos morais, desenvolveu-se noutra direcção. O português em suma não é o espanhol.
Portugal estaria para Cervantes no conceito de província que andara escapa à soberania do seu rei e voltava ao redil.
________________________________Em que divergem? Pois, e profundamente, no psíquico. Parecendo-se de modo flagrante, todavia não são os mesmos. Isso que é imponderável, imensurado, inapreensível ao espéculo, germinou, cresceu, dispartiu-se de todo e formou tipos diferentes. Como? Vá lá saber-se como elaboram os cadinhos subterrâneos em matéria de antropologia! A pequena molécula bioquímica cá e lá, bafejada por ventos morais, desenvolveu-se noutra direcção. O português em suma não é o espanhol.
Portugal estaria para Cervantes no conceito de província que andara escapa à soberania do seu rei e voltava ao redil.
Depois, Aquilino discorre de maneira admirável sobre o Tajo (gutural e incisivo, bruto) e o Tejo (doce e morna palavra, povoado por Cervantes com ninfas e dríades... e não tem tudo de ninfa Dulcineia?). Mas não se pode transcrever tudo! Por hoje, ficam estas duas antecipações.
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