quarta-feira, dezembro 05, 2007

«O assassinato de Ferreira Soares em 1942 ou...
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Como já me falta a paciência
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Esta manhã comprei o Público e, confirmando-se que o lado direito é sempre o lado «nobre» dos jornais, logo encontrei no topo da 1ª página a seguinte chamada: «Assassinato da PVDE/ A morte do doutor Prata em 1942/ Crime único ou mito criado pelo PCP? P2». E como, à primeira, não alcancei o pretendido sentido de «crime único» logo pensei «querem ver que vem aí mais uma insinuação de que o PCP inventou um mártir?». Afinal, lidas as duas páginas do P2 que, a bom crédito da jornalista Sara Dias Oliveira, têm como título «O médico dos pobres que a polícia política matou à queima-roupa», verifiquei que, passados 65 anos, se tratava afinal da «importantíssima» questão de saber se o médico António Ferreira Soares (foto em cima), também conhecido por «dr. Prata», destacado militante comunista assassinado pela PVDE em 4 de Julho de 1942 teria sido deliberadamente morto à queima-roupa (o que, segundo alguns historiadores, seria pouco comum nas práticas daquela polícia e das suas sucessoras) ou se teria feito alguma coisa que levasse a polícia política a disparar. Nesta peça do Público, o sempre muito isento e nada preconceituoso historiador João Madeira, borrifando-se nos testemunhos e opiniões de familiares e esquematicamente agarrado à tese de que a PVDE normalmente não matava assim assinala: «A intenção de o ir assassinar parece-me pouco plausível, para o prender sim. O médico pode ter esboçado alguma fuga ou gesto que parecesse uma reacção - e não é que a polícia evitasse, numa situação de descontrolo, usar a violência». A peça do Público refere depois que este «investigador» considera que o assassinato do dr. Prata «é um mito construído pelo PCP» , o que, em seu entender, se percebe como forma de o partido «cimentar a sua própria identidade» pois «durante os anos da ditadura, há a tendência de ir buscar essa visão mitificada e glorificada». E, por fim, João Madeira, depois de ter deitado umas achas para a fogueira da relativização, vem naturalmente proteger-se com a afirmação de que «o crime não tem de ser relativizado». É aqui chegados que, francamente, tenho de confessar que já me falta a paciência e me sobram as perguntas: mas o que é isso de «esboçar alguma fuga» ou ter alguma «reacção»? Acaso consta (não consta) que Ferreira Soares estivesse armado? Que perigo representava para uma brigada da PVDE constituída por seis elementos com uma metralhadora qualquer «reacção» ou «esboço de fuga» de Ferreira Soares? E se, como é óbvio, não podia representar nenhum perigo, então não está na cara que mesmo que Ferreira Soares, por hipótese, tivesse tentado aproximar-se de uma janela para fugir se tratava na mesma de uma asssassinato à queima roupa?
À beira do fim, só um desabafo: mal sabiam então os muitos comunistas, «legais» ou clandestinos, que tentaram e muitas vezes conseguiram fugir que essa sua «reacção» podia fazer tanta diferença na qualificação ou apreciação de eventuais assassinatos cometidos pela polícia políica do fascismo. Bem vistas as coisas, uma vez colocados alguns pontos nos is, até agradeço ao Público esta peça porque, através dela, talvez milhares de portugueses tenham ficado a conhecer um nome e um exemplo de um comunista e corajoso combatente pela liberdade que, dêem-se as voltas que se derem, a polícia política da ditadura assassinou ponto final parágrafo. »
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transcrito de "o tempo das cerejas", blog e post de Vitor Dias

5 comentários:

GR disse...

Logo após o assassinarem a PIDE, deixou o corpo numa casa de saúde, enquanto festejava numa pastelaria da rua 19 em Espinho “Ponto Chic”, onde o dono Elias Tavares abriu garrafas de champanhe celebrando com a PIDE ente gargalhadas e gritos “morte aos comunistas!”
Há testemunhos vivos. O camarada Russo o garoto das mensagens, actualmente com 78 anos e mantendo ainda hoje “tudo na cabeça sem se esquecer”, para além da família, vizinhos, camaradas e amigos.
O povo em Nogueira da Regedoura e Espinho, quando souberam do assassinato gritavam entre soluços: “mataram o médico dos pobres!”

Não são histórias, muito menos mitos!
A História do PCP foi/é feita, com homens e mulheres de honra, Resistentes. Ainda hoje, nos devemos curvar pelo respeito que nos merecem! Felizmente, muitos desses Heróicos Resitentes estão vivos, para nos poderem contar!

É o branqueamento do fascismo que estão a fazer. Este governo, agradece!
No blog Salazarices e blog O Castendo- http://ocastendo.blogs.sapo.pt/86536.html no post 25/09/07 “Haja Memória”, (por lapso não faz referência ao camarada Ferreira Soares), podemos ler centena de nomes assassinados, pela PIDE.

Que ninguém mais compre o pasquim “O Público”

GR

Anónimo disse...

Lamento muito remar um pouco contra a maré do unanimismo sobre o assassinato (cobarde) do Dr. Prata, que ainda existe no PCP. O Dr. Carlos Ferreira Soares foi morto porque esboçou um gesto de resistência ou de espanto perante a PVDE. De outra forma teria sido poupado. A verdade é que os agentes da polícia estavam acagaçados perante a perspectiva de enfrentatrem um hgomem que fazia questão de dizer que «nunca me apanharão vivo».Tenho como certo que Salazar mandou neutralizar Ferreira Soares «por todos os meios necessários», um eufemismo para designar a possibilidade de utilizar armas de fogo inclusivamente para matar, se necessário. Mas, interrogo-me, ao contrário do PCP que só tem certezas fundadas em testemunhos (?) mas não em documentos, porque razão a polícia se meteu no covil do lobo transportando algemado(!) um corpo directamente para uma casa de saúde? Não seria suposto dispararem e fugirem? A que propósito a polícia entrega o ouro ao bandido? As pessoas perderam a capacidade de pensar? É claro queo Dr. Carlos foi morto porque esboçou um movimento impensado e assustou o agente que empunhava a pistola-metralhadora, o qual, claro que disparou. Naturalmewnte que esse facto não diminui a natureza violentíssima do crime, mas porquê erigir um mito? Porque o PCP não se contenta com a história? Eu conheço como ninguém a vida e morte do Dr. Prata. Inclusivamente estou a ultimar um livro sobre isso. Sou natural da terra onde ele morreu assassinado, repito, assassinado. Mas, não posso pactuar com invenções e muito menos com mitos. O PCP, em vez de carimbar as pessoas com rótulos como fez com João Madeira e se calhar com Irene Pimentel e com outros que aí virão, deveria fazer «mea culpa» sobre o facto indesmentível do Dr. Carlos Ferreira Soares ser mulherengo e ter engravidado mais do que uma mulher, coisa que os conservadores sacrossantos do PCP não lhe podem perdoar, daí as homenagens envergonhadas. Envergonhadas porquê? O homem não era simplesmente um homem? Valha-nos Deus! Termino, deizendo que o PCP sempre foi um partido corajoso e resistente ao Regime. Porque não pode manter essa coragem agora quando se quer saber a verdade de um crime horrendo?

Anónimo disse...

Tenho 84 anos e conheci o médico Ferreira Soares. Era uma pessoa excelente que prestava ajuda a toidos e até pagava do seu bolso os remédios dos mais pobres. Mas andava sempre armado e a polícia sabia isso. Quando o foram buscar a casa de seus pais nãso tencionavam matá-lo mas prendê-lo. Matariam se ele resistisse ou fizesse algum gesto suspeito. Foi o que aconteceu. Ferreira Soares estava sentado e fez menção de se erguer. Isso bastou para que Anónio ROquete disparasse a pistola-metralhadora que tinha por baixo do disfarce. O resto é do conhecimento público. Foi algemado para Espinho e assim foi entregue ao cirurgião Gomes de Almeida. Se a polícia o quisesse matar nunca se exporia entregando o corpo. Teriam fugido, naturalmente, como fizeram de outras vezes. Compreendo que o PCP tenha construido um mito. Outros fizeram o mesmo. Isso não diminui a natureza violenta da sua morte mas repõe a verdade histórica, coisa que não parece agradar a alguns. Não se trata de revisionismo, trata-se de escrever a verdade. De resto, as pessoas que mantêm a versão d eum assassinato a sangue-frio sem mais nunca leram nada sobre a PVDE nem sobre o trabalgho de investigadores sobre o assunto. DEviam ler mais e falar menos...

Anónimo disse...

O Prof. Dr. João Madeira bem como a Profª Dra. Irene Pimentel, bem, assim como Maria da Conceição Ribeiro e muitos outros queimaram as pestanas a estudar a PVDE e a PIDE e seus métodos. Porém, um bardamerdas qualquer vem apelidar o Dr. João Madeira de «João Cepo». Não entende que se diminui. Dá de si mesmo o contrário da imagem que quer transmitir, ou seja, o ignoto diz ao que vem: Não estuda mas fala, não lê mas debita pérolas, não investiga mas
formula sentenças...É no que dá o fundamentalismo imbecil como são todos os fundamentalismos. Como é que o amigo diz que o Dr. carlos Ferreira Soares foi abatido assim sem mais, a tiros de metralhadora? É claro que foi assassinado mas você estava lá para afirmar que o Dr. que dizia que ninguém o apanharia vivo, não fexz nenhum gesto ou menção passível de originar uma reacção do polícia, acagaçado com a figura mítica e lendária do médico? Como pode afirmar o que afirmou? Porque Vexª não se dedica a ler e a estudar em vez de debitar sandices? Acaso o crime ficas diminuido pelo facto do Dr. Prata ter reagido? Não é um crime na mesma e hediondo? Vocês os do PCP ( do libertino Fogaça, do deletério Cunhal, De Bento de Jesus Caraça, de....qual?) ainda não ganharam juízo nessas cabeças duras? Acham que a Coreia do Norte é uma democracia e Cuba outra. Também acham que Staline mandou matar milhões de russos de forma legítima? DEixem o cadáver e a memória do Dr. Carlos Ferreira Soares. Vocês não são donos do médico Ferreira Soares. E não sejam hipócritas: Soares era mulherengo e a vossa concepção sacrossantsa da família impediu-vos de honrar o homem. Preferiram esquecer o amante...

Anónimo disse...

ha ha que cimentarios sobre o gramde roquette