sábado, dezembro 15, 2007

Parabéns, camarada Oscar Niemeyer

Parabéns, camarada.

Ouvi e vi, com alguma emoção, o que de te ti mostraram e de ti disseram, neste dia em que fazes 100 anos. E também, talvez com mais, ou outra, emoção, ouvi e vi o que tu disseste… é que “estás lúcido, merda!”

Curiosamente, ontem,ao ler páginas do livro que o René Piquet me ofereceu, em nome da amizade forjada em anos de “une belle ambition partagée”[1], encontrei uma referência a Oscar Niemeyer que me fez tirar os olhos do livro e ficar em suspensa reflexão:

“Niemeyer n’a pas tout réussi. La courbe et la lumière assurent la beauté de Fabien[2]. Mais, au sub-sol, la salle 21[3] ne stimule ni la parole ni la réflexion. (…)

Que injusto foste, René! A culpa não é do camarada arquitecto.
A culpa será de todo um caminho, fora das caves, que não foi feito, de um progressivo esquecimento das massas, da luta de classes, é da transformação da revolução em mutação...
Nenhum arquitecto, nem o camarada Oscar Niemeyer, nos – falo pelo que eu vivo no partido que tomei e sou, no PCP – faria ter um restaurante reservado para a direcção e mais lugares onde, até mesmo com os camaradas mais próximos, prevalecesse a hierarquia e a inconvivência.
A vida, de 100 anos!, do camarada Niemeyer, é também a recusa do elitismo, a lição do olhar para os outros como nós, a nós iguais, apesar da genialidade que é a sua.


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[1] René Piquet, Le soleil s’attarde comme une récompense – regards sur un engagement politique, Le temps des cerises, Paris 2007. René foi o presidente do grupo parlamentar do PE de 1989 a 1994.
[2] - nome usado para designar a sede do PCF, obra de Oscar Niemeyer.
[3] - onde se reunia e – presumo… - se reúne a “direcção nacional” do PCF

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