- Ó fazfavor… é aqui que passam “certidões de esquerda”?
- É sim, senhor.
- Faziófavor de me passar uma…
- Temos várias em stock. Quer em que língua? Assinada por quem?
- Em português, claro. E queria uma destas últimas, ainda fresquinhas, assinada pelo dr. Manuel
Alegre e pelo prof. Francisco Louçã. 
- Sim, senhor. Escolheu bem. São as mais actuais. São de hoje. Em todo o caso, se esperar para depois do orçamento de direita, também pode juntar a assinatura do eng. Sócrates. A gerência está a tratar disso…
- Eu sei, eu sei. Mas tenho pressa. É para uma urgência…
- Sem dúvida... e olhe que vai bem servido. Estas certidões são de confiança.
- Pois… “genuíno de esquerda”. Traz carimbo, não traz?
- Claro, por cima das assinaturas dos dois, todas alegres e louçãs.
- É mesmo disso que eu preciso. Sabe?… é que lá na minha terra, por causa de umas coisas que eu disse outro dia no café, andam a chamar-me comuna. Eu sou é da esquerda responsável. Da que se impõe e não precisa cá de lutas e de colectivos e de greves e de massas. Uns irresponsáveis que nem passam certidões…
- Tem toda a razão!... E quer já em moldura ou leva embrulhada?
- Pode ser em moldura... mas com cópias para mostrar à malta. Aí umas três… Que durem até às presidenciais. Se fazfavor…
- É é mais caro. Mas sai barato. Quase não paga o papel...
- Eu sei, eu sei. Já não há certidões grátis.!
- Claro. Paga na caixa e recebe nas embalagens.
- Muito obrigado.
- Foi um prazer… vo(l)te sempre.
- É sim, senhor.
- Faziófavor de me passar uma…
- Temos várias em stock. Quer em que língua? Assinada por quem?
- Em português, claro. E queria uma destas últimas, ainda fresquinhas, assinada pelo dr. Manuel
Alegre e pelo prof. Francisco Louçã. 
- Sim, senhor. Escolheu bem. São as mais actuais. São de hoje. Em todo o caso, se esperar para depois do orçamento de direita, também pode juntar a assinatura do eng. Sócrates. A gerência está a tratar disso…
- Eu sei, eu sei. Mas tenho pressa. É para uma urgência…
- Sem dúvida... e olhe que vai bem servido. Estas certidões são de confiança.
- Pois… “genuíno de esquerda”. Traz carimbo, não traz?
- Claro, por cima das assinaturas dos dois, todas alegres e louçãs.
- É mesmo disso que eu preciso. Sabe?… é que lá na minha terra, por causa de umas coisas que eu disse outro dia no café, andam a chamar-me comuna. Eu sou é da esquerda responsável. Da que se impõe e não precisa cá de lutas e de colectivos e de greves e de massas. Uns irresponsáveis que nem passam certidões…
- Tem toda a razão!... E quer já em moldura ou leva embrulhada?
- Pode ser em moldura... mas com cópias para mostrar à malta. Aí umas três… Que durem até às presidenciais. Se fazfavor…
- É é mais caro. Mas sai barato. Quase não paga o papel...
- Eu sei, eu sei. Já não há certidões grátis.!
- Claro. Paga na caixa e recebe nas embalagens.
- Muito obrigado.
- Foi um prazer… vo(l)te sempre.
12 comentários:
Estão com muita pressa ou já o decidiram há muito?!
Aperto de mão para aqui e para acolá; um dia com Sócrates outro dia contra Sócrates; um dia com os professores, outro dia virando o bico aos prego; um dia um poema, outro dia um amuo; uma tarde com o Louça, uma noite com Sócrates - Manuel Alegre! Manuel Alegre candidato a presidente, eis a grande supresa! Com o apoio do BE, eis a grande surpresa! Vai ter o apoio do PS, vai ser uma surpresa! Vai ser presidente!? Se o for tudo vai mudar, eis a grande surpresa!
Registo: em sapo algum terá o meu voto! Canta bem mas não me alegre!
Um abraço sem certidão
Assume-se então que o PCP não irá apoiar a candidatura de Alegre?
Aguardo o meu candidato
Sapos nem mais um
Pata Negra - dispensas a certidão?... és cá dos meus!
Nuno Vieira Matos - meu caro visitante, o PCP já fez um comunicado sobre a questão que colocou; o que eu assumo é, como o PCP de que sou, que é prematura a questão; entretanto, eu assumo, sem qualquer reticência, que não aceito que haja quem se julgue com direito a passar destas certidões. Ponto final.
O Puma - ... para cuja escolha tenho/temos uma palavra a dizer.
Um abraço
Eu também aguardo o meu candidato. Não sei ainda quem será mas sei que será o melhor nas condições em que as eleições se realizem. Mas posso aproveitar para dizer que muita alegria sem nexo me faz mal. Abreijos. Que linda palavra que já não utilizava há tanto tempo!!!!!
Apesar de ser um assunto bastante sério, este texto magnífico, fez-me rir.
O Alegre (como é habitual)estava muito bem acompanhado,nos Algarves.
Pois que fique por lá, os seus amigos não são os meus!
Sem certidão, desejo que tenhas um excelente domingo.
Bjs,
GR
Um pouco mais desta conversa fiada:
- Ó Fazfavor, já agora, com esta certidão, vota em mim?...Precisamos muito de um presidente com uma certidão de esquerda...É fundamental para o País.
- Olhe, Homem, tome lá a certidão e desampare-me a loja, que tenho aí outros "boys" para atender. E vêm ao mesmo...
- Mais respeitinho! Eu sou a verdadeira esquerda! Eu sou a esquerda moderna, ou melhor, pós-moderna: a esquerda que critica o governo, mas apoia o governo, que está com um pé fora e dois dentro do PS, que pensa à esquerda e vota à direita...
- Pois, pois! ...o senhor é um homem de esquerda às direitas...
Graciete Rietsch - És sempre tão estimulante. Obrigado.
GR - É tão bom ver-te por aqui. Que estas visitas te ajudem a dar-te força e coragem como a mim me dão.
Manuel - Inspirei-te? Porreiro. Há que encarar estes tristes (alegres/louçãs) episódios com alguma boa disposição.
Abraços
Com certidão ou se certidão nada me interessa...O que eu quero é que o próximo P.R.não seja o Cavaco. Por mim, como diria Álvaro Cunhal, tapo a "cara" e voto em qualquer um...Pior é difícil de arranjar.
o Manuel Gay jamais. Desculpem mas também sei dizer alegre em inglês...
Ó meus amigos, desculpem lá... é prematuro!, e digo-o não porque o meu partido o tenha dito (e disse muito bem), mas porque não queria que este "post" contribuisse para a "diversão".
Ele é uma reacção a que haja uns senhores que, individualmente ou em nome do seu partido (o que, no caso, vem a dar no mesmo), venham dizer quem é e quem não é de esquerda... (parindo cães cegos como se diz por aqui que fazem as cadelas apressadas) e fazendo ou facilitando a política de direita.
Vamos falar do desemprego a 10,3% (e mais, e tantos sem subsídio), da luta contra a precariedade, das decisões económicas que o orçamento vai acolher, do Haiti, da luta noutras paragens, 'tá bem?!
E, de vez em quando, um poemazito.
Abraços
Em cheio!!!
Abraço.
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