sexta-feira, janeiro 22, 2010

O FMI sempre com a mesma pontaria

Sou do tempo de há três décadas, em que, com pezinhos de lã e já bem cá dentro, o FMI esperava por “cartas de intenções” dos governos portugueses para apoiar “ajustamentos estruturais”, já experimentados (com os sucessos conhecidos…) na ajuda aos ditos países subdesenvolvidos... para se desenvolverem.
Claro que esses governos nossos, já constitucionais… mas como se não houvesse Constituição, escreveram logo as cartinhas cheias das intenções que o FMI queria por carta para dar o seu apoio.
Sou desse tempo, em que assim se ajudou, decisivamente, o caminho que viria a ser percorrido, com os PS-PSD-CDS de braço dado, umas vezes muito chegadinhos, outras vezes com alguns distanciamentos conjunturais e aparentes arrufos, caminho que até esta situação nos trouxe, sempre com as ilusões-desilusões a sucederem-se em alternâncias e composições imaginosas.
Mas também sou deste tempo, em que o FMI é que nos escreve "cartas" repletas de conselhos e intenções (que cada um julgará por si). Viram os jornais de hoje?
«(...) Os homens de Washington, sede do FMI, pintam um cenário cinzento para o futuro do País. E, por isso, apelam a "uma resposta política ambiciosa", a "um forte apoio público", sendo necessário, e a "uma liderança política determinada ao longo de vários anos".
Para já, em vésperas de apresentação do Orçamento do Estado para 2010, o FMI pede uma "consolidação orçamental credível" com base em "ajustamentos" salariais aos funcionários públicos e em apoios sociais. A consolidação orçamental deve "incidir sobre a redução da massa salarial do sector público" e nas "transferências sociais". "O ajuste nos salários da Função Pública em 2010 será fundamental", diz o Fundo Monetário Internacional, enquanto pede a revisão do "sistema dos subsídios de desemprego". (...)»
E mais... sempre pior!
Agora, neste tempo, leio o mesmo que li noutros tempos. Sempre com os salários (os trabalhadores) na mira bem assestada. Sim, porque - escreveu Marx - os salários são indissociáveis dos lucros (como os alcatruzes…), e estes é que fazem a economia… deles.
Não se podem devolver estas cartas ao remetente?

10 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Já uma vez disse por aqui. Os pobres que paguem a crise porque sem eles que havia de ser dos ricos!!!!!!
beijos.

José Rodrigues disse...

Conquistar mais e mais Mários [carteiros de Pablo Neruda] para que a devolução das cartas seja eficaz e sem regresso...Não é facil mas isto há-de ir meus amigos!

Abraço

Pata Negra disse...

Isto só cortando o mal pela raiz: escravatura! Para bem, se os trabalhadores tivessem vencimento zero, o país iria de vento em popa! Transferindo a ideia para a minha gestão de familiar, estar-me-ao a sugerir que a minha vida melhorará se eu abdicar do meu vencimento! Não, talvez não seja tanto, talvez estejam a dizer-nos que o "único" dinheiro que este país esbanja é nos salários dos trabalhadores!
Um abraço à procura de outros rendimentos

Justine disse...

Só me apetece é chamar-lhes uma data de epítetos vernáculos - só para aliviar o fígado!!

pintassilgo disse...

Mandá-los para o fundo do mar.

hugo disse...

No capitalismo, todo o lucro é resultado da exploração dos trabalhadores.

samuel disse...

Apontámos a fisga aos mesmos passarões...
Afinemos pois a pontaria e estiquemos bem os elásticos!

Abraço.

eulália disse...

Como me disse uma Tia , liiiinda e muito simples, à frente da lareira de sua casa, chávenas com chá preto e pau de canela e filhoses :) numa aldeia chamada Alcongosta, por sinal com muito capital, mas concentrado em 2 ou 3:
"pois filha, para haver 1 rico que haver sempres muitos pobres para trabalharem para ele, não é?"

Almeida disse...

O FMI aqui e as tropas americanas no Haiti. Tudo boa gente, não é verdade?

Anónimo disse...

Este blog é daqueles que compraz as suas tristes mágoas com críticas piedosas acerca dos males que o capitalismo sem piedade infringe aos trabalhadores. Se tivesse estudado na adolescência e continuasse pela vida fora, agora não estava com estas tristes figuras mais próprias do catolicismo farisaico do que do marxismo revolucionário. Reformem-se e tentem aprender então qualquer coisa sobre a luta dos trabalhdores contra o capital.