Como escrevi no início, aqui há uns dias, tudo isto começou com a leitura do livro comprado na Travessa, oferecido no Rio no dia 21 de Dezembro, com a dedicatória «Porque hoje os teus desejos são ordens e te apeteceu este livro… ».
E é que tinha apetecido mesmo. Um livro pode ser um objecto belo, para além do título, do tema, do autor. Este é um belo objecto, e o tema aliciante (e lembrando coisas). O autor (um dos autores, Gustavo H. B. Franco) era vagamente conhecido de “outros carnavais” (aliás, no regresso, vim a encontrar uma entrevista com ele, conceituado economista-financeiro brasileiro, no suplemento Economia do Expresso), e reforçava o interesse pela leitura. Até pelo insólito, por ser raro em economistas meterem-se por outras áreas, então nesta do teatro…
A leitura começou a corresponder à expectativa. Por exemplo: «Palavras, como o valor individual, começam a ter valor não apenas pelo que representam (valor intrínseco), mas pelo que lucro ou estima que sua pronúncia pode engendrar» ou «A linguagem, a mais significativa moeda da época, estava sendo cunhada dentro do teatro». Logo com a ilustração, em Shakespeare, por este ter tratado de «a disseminação de crédito, endividamento, moeda fiduciária e inovações financeiras e institucionais, seus efeitos económicos, jurídicos e no imaginário de uma sociedade em transformação».
Depois, ao referir economistas que já “pegaram” em Shakespeare, veio o tropeço, o trambolhão: «… O leitor não se deve assustar com esse "materialismo keyneseano", pois ninguém poderia estar mais distante de Marx; Keynes é um apoio inestimável para os que buscam estabelecer a relevância do entorno económico e das considerações materiais na vida na vida dos génios na literatura universal, mas em que isso represente qualquer forma de adesão a esquematismos, qualquer que seja a sua extracção», logo citando outra autora, para reforçar..., que recusa que o indivíduo seja «única e exclusivamente produto do meio».
E aí está Marx (e o marxismo) reduzido a esquematismos, entre eles o de que o indivíduo é, exclusivamente, produto do meio.
Que ignorância e que preconceito! Ou as duas coisas. Aliás, comprovadas por, na extensa lista de Referências bibliográficas a um trabalho sobre Shakespeare e a economia, o autor não incluir nenhuma obra de Marx.
Já algo deixei sobre o que tem de se considerar lacuna grave, e concluirei com mais alguma informação.
E é que tinha apetecido mesmo. Um livro pode ser um objecto belo, para além do título, do tema, do autor. Este é um belo objecto, e o tema aliciante (e lembrando coisas). O autor (um dos autores, Gustavo H. B. Franco) era vagamente conhecido de “outros carnavais” (aliás, no regresso, vim a encontrar uma entrevista com ele, conceituado economista-financeiro brasileiro, no suplemento Economia do Expresso), e reforçava o interesse pela leitura. Até pelo insólito, por ser raro em economistas meterem-se por outras áreas, então nesta do teatro…
A leitura começou a corresponder à expectativa. Por exemplo: «Palavras, como o valor individual, começam a ter valor não apenas pelo que representam (valor intrínseco), mas pelo que lucro ou estima que sua pronúncia pode engendrar» ou «A linguagem, a mais significativa moeda da época, estava sendo cunhada dentro do teatro». Logo com a ilustração, em Shakespeare, por este ter tratado de «a disseminação de crédito, endividamento, moeda fiduciária e inovações financeiras e institucionais, seus efeitos económicos, jurídicos e no imaginário de uma sociedade em transformação».
Depois, ao referir economistas que já “pegaram” em Shakespeare, veio o tropeço, o trambolhão: «… O leitor não se deve assustar com esse "materialismo keyneseano", pois ninguém poderia estar mais distante de Marx; Keynes é um apoio inestimável para os que buscam estabelecer a relevância do entorno económico e das considerações materiais na vida na vida dos génios na literatura universal, mas em que isso represente qualquer forma de adesão a esquematismos, qualquer que seja a sua extracção», logo citando outra autora, para reforçar..., que recusa que o indivíduo seja «única e exclusivamente produto do meio».
E aí está Marx (e o marxismo) reduzido a esquematismos, entre eles o de que o indivíduo é, exclusivamente, produto do meio.
Que ignorância e que preconceito! Ou as duas coisas. Aliás, comprovadas por, na extensa lista de Referências bibliográficas a um trabalho sobre Shakespeare e a economia, o autor não incluir nenhuma obra de Marx.
Já algo deixei sobre o que tem de se considerar lacuna grave, e concluirei com mais alguma informação.
(continua)
1 comentário:
Pena que o conteúdo não corresponda ao aspecto exterior do livro...:((
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