Aos “factores que se opõem…” – ou “causas antagónicas”, ou “causas contrariantes” – com que a classe dominante, pelas políticas dos seus serventuários, procuram contrariar a lei da baixa (ou da queda) tendencial da taxa de lucro, pode juntar-se a expressão contratendências porque, etimologicamente, o que se pretende é contrariar a tendência da lei.
No meu texto sobre o contributo de Marx deixei a pista (de reflexão) de que “… a especulação vem em socorro da exploração, que se concretiza pela apropriação de mais-valia e está na génese do modo de produção capitalista, e continua a constituir a sua essência.”, tendo tido o cuidado de começar a frase com “É desta maneira que…”.
Ora a frase “vem em socorro” apareceu-me como traduzindo uma forma do capitalismo procurar contrariar a tendência de queda da taxa de lucro, medida como o cociente da i) diferença entre o capital-dinheiro investido no início do processo de circulação e o capital-dinheiro apropriado no final do processo de circulação e ii) o capital-dinheiro investido no início.
Num longo texto no avante!, M. Brotas afirma que “A especulação financeira não inverte, não detém, nem sequer enfraquece o declínio da taxa geral de lucro. Isto é, não contraria esse declínio. Se faz alguma coisa, é agravá-lo”.
Se a intenção do autor era a de, como se pode depreender do resto do parágrafo – e do próprio título do capítulo do texto –, a de refutar, perentório, a inclusão da especulação financeira entre as contratendências com o objectivo de responder (como escreve) à “necessidade imperiosa do capitalismo em contrariar o declínio da taxa de lucro”, contra-argumento (sem intenções de polemizar) que a especulação não deixará de ser susceptível de inclusão num capítulo sobre contratendências pelo facto de não o conseguir pois, tal como as “causas contrariantes” arroladas por Marx, “a tendência para o declínio acaba sempre por triunfar” (diz Brotas, e bem). Assim se confirma a lei, vencendo as contratendências!
Como regularidade encontrada por Marx na sua leitura da História, a lei, sendo tendencial, não é, portanto, “progressiva”, linear. No processo total da produção capitalista procura-se – e não se conseguirá! – contrariá-la. Nesse processo, contraditório, agravar-se-á a queda da taxa de lucro, ainda que esta possa, temporária e precariamente, ser contrariada. Ignorá-lo seria ignorar o carácter dialéctico do processo histórico.
Assim, o final da tese 1.1.1. do documento em discussão para a resolução política do XIX do Congresso do PCP, está concordante com a base teórica (e esta com a realidade), ao afirmar que “… o capitalismo procura por todos os meios contrariar (a lei da baixa tendencial da taxa de lucro) por via da especulação financeira e da intensificação da exploração dos trabalhadores e dos povos, bem como pelo militarismo e a guerra".
aceito (e desejo!) a contradita
sobre opiniões minhas.
aliás, "o contributo de Marx..."
é um texto a pedir reflexão
(de outros e continuidade minha
com eventual "ajuda" de contra-reflexões).
continua...
1 comentário:
O objectivo do capitalismo ,ê a maximilizacao da taxa de lucro,ê lôgico,que pretenda contrariar a tendencia da baixa dessa mesma taxa,atravês de todos os meios.Ê o seu carâcter predador,e a histôria tem mostrado isso mesmo.
Bjo
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