segunda-feira, novembro 04, 2019

Guiné-Bissau (24.11.19) - páginas de um diário

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04.Novembro.2019

No meio de tanta coisa, envolvido/invadido por tanto facto – verdadeiros uns, falsos outros, manipulados todos –, detenho-me nas eleições da Guiné-Bissau, marcadas para 24 de Novembro.

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Embora o tema me desse para longas memórias e reflexões só aqui deixarei breves notas… porque tudo o resto não permite que me deixe ficar.

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Das conversas com a Danda, das informações que ela nos vai dando, a Zé assinou a petição pública para apoio à candidatura de Domingos Simões Pereira (DSP) à presidência da Guiné-Bissau.

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Parece-me um erro, não (de nenhum modo!) o apoio da Zé a DSP mas a criação de uma petição pública em Portugal para apoio a um candidato a presidente da república de país outro parece-me ser usar inadequado meio.

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Claro que não será essa opinião de quem promoveu a petição, mas considero que apenas se deveria utilizar esse meio para mobilizar por forma a pressionar órgãos de decisão política no sentido de legislar ou de tomar determinadas posições.

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Mas adiante…

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O caso é que a situação me aguçou a vontade sempre latente de acompanhar a evolução sócio-políticada Guiné-Bissau.

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Sou do tempo em que era crime de “traição à Pátria” apoiar a luta dos povos das colónias portuguesas pela sua auto-determinação, do MPLA, da FRELIMO, do PAIGC.

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 (desfazados na idade – dez anos de diferença – fui colega em Económicas de Vasco Cabral, e depois dele camarada e amigo… porque a luta era a nossa primavera).

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Muito li e aprendi com Amílcar Cabral e sofri, como toda a humanidade e mais o português que era e sou, o assassinato desse guineense ca mori!.

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Depois, e não muito depois. a minha primeira missão de cooperação a seguir ao 25 de Abril de 1974 foi ao País que não esperou por esse dia libertador de todos nós para proclamar a sua independência (em 24 de Setembro de 1973).

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Primeiro, com e pelo consórcio empresarial Cetel-Norma – por via do colega e amigo comum de Vasco Cabral, Esteves Belo – mais tarde pela OIT.

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E lembro os “grandes projectos” – complexo agro-industrial do Cumeré, Citröen Facil-à-faire, auto-estrada para aeroporto… a “utopia” de Luís Cabral.

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(… mas cá estou eu nesta incansável saga de contar-me o que/como vivi…)

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Ainda lembraria, por estarem sempre presentes
i)                o artigo na revista Terceiro Mundo  sobre cooperação (afirmando o dever esta ter o objectivo de se tornar dispensável),
ii)               a cisão do PAIGC e a criação do PAICV, quando estava em missão em Cabo Verde,
iii)             o livro (pouco oportuno?!) A unidade no pensamento de Amílcar Cabral (escorado na arma da teoria e na prática revolucionária),
iv)             a importância determinante das cooperações-OIT para a tese de doutoramento-a planificação dos recursos humanos no desenvolvimento dos países em desenvolvimento (a premente questão do recenseamento da população e das etnias na Guiné-Bissau e na Grande Guiné).

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E assim leio a entrevista, no último Expresso a candidato às eleições de 24 de Novembro para presidente da República da Guiné-Bissau (e actual ocupante do lugar), e avalio-confronto o que diz com as informações que disponho e vivências nos lugares e com as gentes (estadias e colaboração na Feira do Livro de 2014); e pasmo com a incongruência de um presidente que se diz sem poderes executivos mas governa demitindo e nomeando governos (7 em 5 anos!), que se coloca a si na História, usando como suas armas o combate à corrupção e ao tráfico de droga… que continuam a dominar a actualidade guineense.

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Não sendo guineense, sentindo-me guineense, sem querer avançar com opiniões e opções que não posso (e muito menos devo) expressar, acompanho com enorme interesse o que se passa e desejo, como cidadão também do mundo, que o legado de Amílcar e do PAIGC se reforce nestas eleições.

1 comentário:

Olinda disse...

As ex-colónias portuguesas tiveram grandes líderes,que foram referências revolucionárias para a nossa geração.Ainda sofremos com o seu povo,que não merecia (não sei se diga traição,não sei se diga abandono).Sempre solidária com o povo da Guiné-Bissau.Bj