terça-feira, setembro 29, 2020

Conferência sobre Engels

A conferência realizada este último domingo, comemorativa do II Centenário de Friedrich Engels, teve o maior significado. Por ter sido organizada, por algumas intervenções, destacando-se a de abertura, de Jerónimo do Sousa, um importante documento de afirmação clara e ideológica do secretário-geral do Partido Comunista Português. 
Nas vésperas o XXI Congresso - e no contexto em que se realiza - poderá, sem surpresa, não ter a referência que justifica, ou até ser aparentemente ignorada, como se não se tivesse realizada, mas foi, na minha leitura (... ou ouvinte atento do vídeo), um facto muito relevante, politica e ideologicamente.  

Não me foi possível sequer tentar ser ou estar participante na iniciativa. Sou e serei (quando publicada) um seu estudioso, parafraseando um jovem interveniente - decerto com menos meio século que eu... - que falou da obra de Engels como de guia para a acção, uma peça de estudo para "aprender, aprender sempre!". Para agir!, nas condições subjectivas.

E, a propósito, fui respigar a entrevista dada recentemente e à espera de publicação, um trecho de resposta que me veio à memória;

________________________________________ 

"(...) Marx fez esta leitura da História

No final da sua contribuição para o nosso conhecimento de nós, que continuou para além do tempo que viveu – desde logo continuado pelos que não deixaram que os seus rascunhos ficassem rascunhos… e parece justo, para os marxistas, dizerem-se marxistas-engelsistas, antes de acrescentarem leninismo ao marxismo –, Marx estudou o capitalismo como modo de produção, o capital como relação social e tomando expressões materiais.(...)"

______________________________

(em Berlim)

segunda-feira, setembro 28, 2020

O Centro de Documentação Joaquim Ribeiro-Zambujal foi inaugurado

No meu quase-diário:

27.09.2020 


Como disse num post de 26:

Amanhã, serei um homem feliz

(depois passa-me... mas volta, com a luta!):

&-----&-----&

Foi isto que disse (mais ou menos assim):

 Caros Conterrâneos, Meus Amigos, 
Já lá vão quase 3 décadas
– o meu tempo conta-se por décadas… –,
estava há poucos anos no Parlamento Europeu e tive a tarefa de elaborar um relatório sobre desenvolvimento regional, e lembrei-me do Zambujal.
Era um relatório sobre a desertificação do chamado interior.

Lembro-me
que me lembrei do meu pai,
do que ele me contara do Zambujal
e das escolas por onde andara;
lembrei-me da emigração dos anos 60,
do meu amigo Bicho, companheiro de tanta traquinice,
morto matado no “salto”,
nos Pirenéus de França à vista,
lembrei-me da necessidade de regiões,
plasmada na Constituição Portuguesa de 76
– necessidade já referida no Plano de Fomento de 1968.
No meu relatório, defendi que a base
da fixação das populações está na vertente cultural.
Foi bem acolhido o relatório. E por aí se ficou… e nos ficámos!
Lembrei-o nestes últimos dias, em que acompanhei o trabalho de tantos para que se inaugurasse – hoje –, este Centro de Documentação, no recuperado edifício-Escola que eu vira nascer e de que sofrera a desactivação.
E lembrei-me que não me lembrara do episódio do relatório nas histórias que estou a escrever do tempo que vivi,
de que terminei o original para o 4º caderno, relativo ao intervalo estive no Parlamento Europeu.
Cadernos que edito para distribuir a quem os quiser, histórias-testemunhos de um tempo vivido, e que aqui ficarão disponíveis – entre muitos outros de outros – que contam casos da aldeia e do mundo, factos de luta e prisão por um futuro melhor, mais humano.

No que até agora disse, usei 7 ou 8 vezes o verbo lembrar

.Eu!...que não me canso de dizer que só se é velho quando se tem mais memórias que projectos, mais lembrares que fazeres.

Hoje, com tantas lembranças, vivo um projecto acalentado e concretizado.
Rejuvenesço no projecto de deixar acessível a todos,
- para que a alguns seja útil -
a memória do que vivi,
num espaço que era apenas lembrança triste 

e passa a ser memória viva.

Memória minha,

memória dos que aqui aprenderam,
dos que aqui ensinaram.
Memória que pode,
a partir de aqui, ir mais fundo.
Ir às raízes de Joaquim Ribeiro, também da Beata Tareja, de Francisco Vieira de Figueiredo.
De todos que aqui nasceram.

Às raízes de todos nós...

Sinto uma grande alegria
(e comoção),
que desejo partilhar.
Este foi projecto proposto a um executivo presidido por Paulo Fonseca, que comigo assinou o protocolo,
foi projecto concretizado pelo executivo que se seguiu,
presidido por Luís Albuquerque.
Dou particular significado a esta referência a nomes próprios (e apelidos) que em tantas circunstâncias estão separados,
(e separados estão de um de apelido Ribeiro e nome Sérgio)
mas que aqui se unem,
e os quero unidos ao nome de meu pai,
o Joaquim do Zambujal, de Ourém,
por isso ao meu, de meus filhos, netos e neta.

Esta partilha (e emoção) é, no entanto, bem mais larga,
É com os amigos que logo à partida me apoiaram,
e cito apenas o Quim Veríssimo da Atouguia;
é partilha grata com todos os trabalhadores da Câmara
e das empresas ligadas ao projecto e à sua concretização.
(alguns deles estão já acrescentados ao rol dos meus amigos,
e se os citasse, como mereceriam,
além de ultrapassar o tempo razoável de intervenção,
decerto deixaria de fora alguns, injustamente);
é partilha com a minha família!
… mas esta está em tudo,
até na dispensa do espólio que, por herança, seria seu…
… e o agradecimento fica lá para casa.
Por fim, muito gostaria de estar,
aqui, hoje,
no meio dos meus vizinhos, com toda a gente do Zambujal
… e mais que fosse. O vírus impede-o.
Mas vou fazer por que todos sintam
que a sua/minha aldeia passa a ter
um pólo,
a que terei dado o empurrão inicial ao entregar-lhe muito do que fica para além de mim,
empurrão a que tantos (e tão bem!) deram sequência;
um pólo com documentação
para quem queira saber como foi isso da moeda única,

que acompanhei da gestação ao parto,
e outras coisas (algumas anedóticas)
de um Parlamento onde fui voz
pouco seguida mas ouvida,
um pólo que é biblioteca acessível, aberta a contares meus
- e de muitos outros - de aldeias, de cidades, 
de mundos,
de vidas;
também um pólo de convívio, para encontros de antigos alunos e professores, de tertúlia, de lazer e de cultura.
A contrariar o envelhecimento e a desertificação.

Para apoiar o Centro de Documentação Joaquim Ribeiro-Zambujal como espaço vivo e jovem – com projectos! –, foi criada, em estreita articulação com a Câmara Municipal, uma Liga de Amigos. Todos nela têm lugar.                                                                          

                                                                         Sou, hoje,

um homem feliz.

Muito obrigado a todos

&-----&-----&

O modo como a sessão correu, justificou a esperança.

&-----&-----&

 Estivemos os que a pandemia permitiu e o almoço da nossa “equipa” foi agradável e fui, com o João e o Gonçalo (lembrança deste) por umas flores na campa dos meus pais e avós deles...

sábado, setembro 26, 2020

Que fim-de-semana! - Centro de Documentação Joaquim Ribeiro-Zambujal

 Amanhã, serei um homem feliz

(depois passa-me... mas volta, com a luta!):

________________________________________________________________________

CONVITE

1.      Depois de conversações entre mim, munícipe Sérgio Ribeiro, e responsáveis da Câmara de Ourém, foi assinado em 30.05.2017 um protocolo com o Presidente da Câmara em que faço doação de acervo documental e bibliográfico ao Município de Ourém, criando-se um Centro de Documentação Joaquim Ribeiro-Zambujal, com sede material na antiga Escola Primária do Zambujal.

2.      De acordo com o protocolo, essa transferência de património – assim como o seu tratamento e monitorização – será acompanhado por mim enquanto puder, sendo nele afirmada a intenção de criar uma Liga de Amigos para, em articulação permanente com a CMO, participar na gestão das instalações e dinamização de iniciativas.

3.      A Liga de Amigos foi criada a 07.07.2017, em Cartório Notarial, por mim, meus filhos e minha companheira – estatutariamente sócios fundadores – e por Joaquim Veríssimo, amigo jurista que tem acompanhado a concretização do projecto.

4.      Dessa escritura faz parte o documento dos estatutos que regerão a associação, cujo artigo 4º define os seus associados, que serão de dois tipos: os fundadores e os aderentes, sendo estes convidados por mim e/ou pelos outros fundadores. Já são sócios aderentes Joaquim Veríssimo, que outorgou como criador da associação, e Maria de Lourdes Oliveira.

5.      Tenho, em meu nome pessoal e da criada Liga de Amigos, a grande satisfação de o/a convidar para sócio aderente, e acrescento que, tal como em artigo 4º-4. dos estatutos, “A nenhum sócio será devido o pagamento de uma quotização, mas todos poderão ser, eventualmente, solicitados a participar em campanhas de fundos consignadas a determinados fins.”

6.      Se aceitar o convite, além de grato peço-lhe que preencha e devolva a ficha anexa.

 

 

23.07.2017

____________________________________

27.09.2020

alguns amigos anteciparam-se - como eu - à inauguração, 

que demorou, mas saiu... obra (ansiada e) asseada!



Que fim-de-semana! - Engels


 

Que fim-de-semana! - CGTP



 - Edição Nº2443  -  24-9-2020


CGTP-IN promove no sábado acção de luta nacional

MOBILIZAÇÃO Para aumentar salários, desenvolver o País, defender e garantir direitos, a CGTP-IN apela a que os trabalhadores participem em força nas iniciativas marcadas para duas dezenas de cidades.

A acção de luta nacional, organizada de forma descentralizada, está a ser preparada desde 31 de Agosto, «partindo da luta reivindicativa nas empresas, locais de trabalho e serviços», para «fazer convergir todas as nossas propostas e reivindicações», como destacou o Conselho Nacional da CGTP-IN. Na sua última reunião, dia 10, o órgão dirigente da confederação afirmou a necessidade de, com esta jornada, «expressar a determinação dos trabalhadores para romper com o novo ciclo de incremento da exploração, que o capital tem em desenvolvimento, e dar centralidade à valorização do trabalho, como factor determinante para a melhoria das condições de vida e de trabalho, bem como para o futuro do País».

Estão agendadas concentrações e manifestações, cumprindo as obrigações relativas à segurança sanitária, em quase duas dezenas de localidades, por todo o País.

Em Lisboa estão marcadas para as 14h30 pré-concentrações no Cais do Sodré (concelhos de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Seixal, Sesimbra) e no Rossio (distrito de Lisboa). A manifestação está convocada para o Terreiro do Paço.

Aqui participa a Secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, que de manhã estará em Coimbra, onde ocorrem concentrações na entrada principal dos HUC, às 9 horas, e frente à ACT, na Av. Fernão de Magalhães, seguindo a manifestação até à Praça 8 de Maio.

O mapa é completado com as seguintes acções: Porto, 15h00, concentração no Campo 24 Agosto, manifestação até à Avenida dos Aliados; Setúbal, 15h, concentração na Praça do Brasil, manifestação até à Av. Luísa Todi; Aveiro, 15h, concentração no Largo da Estação, manifestação até ao Rossio; Beja, 10h, concentração junto ao Museu Regional; Braga, 15h, concentração na Arcada; Castelo Branco, 16h, concentração junto ao tribunal; Covilhã, 16h, concentração junto ao tribunal; Évora, 10h30, concentração junto ao Teatro Garcia de Resende, manifestação até ao Largo 1.º Maio; Faro, 10h30, concentração junto ao Mercado Municipal; Guarda, 11h, concentração na Alameda de Santo André e «cordão humano» até à Igreja da Misericórdia; Leiria, 15h, concentração no Largo do Papa; Portalegre, 11h, concentração junto ao Centro Comercial Fontadeira; Santarém, 15h, concentração na Praça da República; Viana do Castelo, 10h, concentração na Praça da Liberdade e desfile em «cordão humano» até ao coreto, no Jardim Marginal; Vila Real, 15h, concentração na Praça do Município.

As acções foram antecipadas para amanhã, dia 25, em Viseu (16h, concentração no Largo de Santa Cristina, junto à Segurança Social, e desfile para o Rossio) e na RA da Madeira (Funchal, 15h, «tribuna sindical» em frente à Assembleia Legislativa Regional.

segunda-feira, setembro 21, 2020

Dia Internacional da Paz-21 de Setembro



Dia Internacional da Paz

Neste 21 de Setembro, Dia Internacional da Paz, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) apela ao empenhamento e mobilização em defesa da paz e dos princípios inscritos na Constituição da República Portuguesa e na Carta das Nações Unidas, como:

  • A soberania e os direitos dos povos;
  • A igualdade soberana dos estados;
  • A solução pacífica e negociada dos conflitos internacionais;
  • O não recurso à força ou à ameaça do recurso à força nas relações internacionais;
  • O desarmamento geral, simultâneo e controlado.


É no respeito destes princípios que será possível salvaguardar a paz e a segurança no mundo, hoje seriamente ameaçadas pela ação daqueles que afrontam, de forma clara, as normas de convivência pacífica entre os povos e os Estados alcançadas e estabelecidas no Direito Internacional após o final da Segunda Guerra Mundial.
Cabe aos povos do mundo, através da sua mobilização e ação organizada, fazer com que a paz seja implementada e defendida.

Torna-se ainda mais relevante assinalar o Dia Internacional da Paz, num momento particularmente complexo e imprevisível que vivemos – no contexto da pandemia e suas implicações –, que exige uma visão mais larga e uma reflexão e ação mais acutilantes, designadamente sobre o sofrimento dos povos de países mais vulnerabilizados e o comportamento das grandes potências no plano europeu e mundial, quando se impõe a solidariedade e a cooperação e um esforço redobrado para pôr cobro ao inaceitável recurso à agressão económica e militar nas relações internacionais.

Defender a Paz torna-se ainda mais importante, quando os EUA e os seus aliados promovem o aumento drástico das despesas militares, lançam uma nova e perigosa corrida aos armamentos incluindo nucleares, disseminam bases e instalações militares por todo o mundo, promovem a militarização do espaço sideral, desestabilizam e agridem militar e economicamente diversos países e povos, não se coibindo de inclusive utilizar as condições criadas pela crise pandémica da COVID 19 como uma arma contra os povos – visando assegurar o controlo de recursos e mercados e impor a sua supremacia económica, tecnológica, militar, informacional e ideológica e, desta forma, a sua hegemonia mundial.

Neste dia, o CPPC reafirma o seu compromisso de continuar a desenvolver a sua ação de esclarecimento sobre as graves ameaças que pairam sobre a Humanidade e a mobilizar todos os amantes da paz para que se reclame, nomeadamente das autoridades portuguesas, a tomada de efetivas medidas em defesa da soberania e da paz, entre as quais e em coerência com o espírito e letra da Constituição da República Portuguesa:

  • A não participação de forças portuguesas em operações de agressão contra outros povos;
  • A defesa, nas organizações internacionais em que o estado português participe, do direito dos povos a decidir soberanamente o seu caminho, rejeitando agressões, ameaças, chantagens e bloqueios económicos e financeiros;
  • A assinatura e ratificação por Portugal do Tratado de Proibição de Armas Nucleares, que visa a eliminação deste armamento de destruição em massa;
  • A não participação de Portugal no reforço e expansão da NATO e a defesa da dissolução deste bloco político-militar;
  • O não envolvimento de Portugal no processo de militarização da União Europeia e a defesa da reversão deste processo.


Estas são algumas das medidas que Portugal pode e deve implementar e que muito contribuirão para o avanço do desanuviamento das relações internacionais, da construção da confiança mútua, da salvaguarda da paz e da segurança, da relação de amizade e cooperação entre os povos.

O CPPC apela a todos os amantes da paz para que se mobilizem, promovam a defesa da paz, da cooperação e do progresso social, da soberania e dos direitos dos povos.

Pela Paz todos não somos demais!

Direção Nacional do CPPC 

Reflexões lentas (em Setembro de 2020)

Pretendem impingir-nos a vida, o mundo, as coisas, em forma de dilemas.

Sim ou não; preto ou branco; vitória ou derrota; saúde ou economia; políticos ou não-políticos… e por aí fora numa vivência de eu (nós) ou o outro (eles).

Não faltariam glosas para este mote.

E a competência (dos políticos na vida pública, dos não-políticos nos quotidianos) estaria em encontrar equilíbrios entre o bem e o mal, o muito e o pouco.

O problema é que o muito de estes (eu/nós) é também o pouco daqueles (outro/eles).

 

Mas… masaceitemos o jogo dilemático, de cara ou coroa, com a prevenção de que a coroa é também cara de uma mesma moeda. Aceitemo-lo sem o aceitar, isto é, já num arremedo de di(tri)aléctica

Tem-se falado muito (e pouco se tem esclarecido) de saúde pública ou economia, opção difícil, exigindo equilíbrios complicados (sociais, etários, geracionais, de género), a propósito do que nos caiu em cima, dos contemporâneos desta epidemia.

E a informação às gentes, neste período em que o comunicacional invade e formata em vez de informar, serve uns e manipula outros, utiliza a admirável conquista dos humanos para desumanizar as relações entre os humanos, essa informação destes tempos até esquece (ou apaga, ou ultrapassa) o dilema: opta!

Antes de tudo, que se cuide da saúde pública, e a economia que se aguente … ou

prioritariamente, tem de se cuidar da economia mesmo com riscos para a saúde pública.

Mas… há duas realidades, há dois mundos:

o da saúde pública e o da economia?

saúde pública sem que funcione a economia, ou 

economia sem ser ao serviço da saúde pública?

 A propósito, muito se fala da chamada União Europeia.

É necessário, perante um problema de todos, uma resposta solidária, de entre-ajuda.

Está esta dita União Europeia em condições de ser veículo dessa solidariedade, dessa necessária entre-ajuda, é – a tal U.E. – o pronto-socorro, o INEM, o 112 (sei lá se é este o nº)?

O que ela é, e o que prova o seu historial, responde que NÃO!

A União Económica e Monetária, o Banco Central Europeu, o euro, são instituições e instrumentos do domínio (e de dominação) financeira.

A convergência nominal é uma falácia que esconde a desconvergência real, social, regional (sanitária também, claro), a coesão económica e social foi apregoada oportunisticamente, concessão ardilosa para se avançar em descoesão, aumentano as desigualdades, cavando mais as assimetrias.

A dívida, pública e privada, os juros (também os juros negativos, seja lá o que for essa habilidade) são armas e armadilhas, atiram para longe o mais grave de hoje que mais grave será amanhã.

Os fundos? Quantos nomes já? Foram os comunitários, foi o de coesão, agora é o de recuperação (de início a lembrar o Plano Marshall do pós-guerra, o que, à cautela, logo se silenciou tão grande o dislate).

A União Europeia?!..., com Brexit às costas, com os dinamarqueses e os suecos desde sempre fora do euro-BCE-UEM, com a Noruega e a Suíça – porque os noruegueses assim o querem, a Suíça porque dá jeito para certas coisas – ausentes da associação de Estados que ela é, embora a mais se arrogue?

Mas não há uma Organização para a Segurança e a Cooperação Europeias que, quando foi criada (em Julho de 1975) era para a segurança e a cooperação europeias e se transformou numa… coisa diria inútil…? Porque foi luta ganha pela coexistência pacífica entre sistemas antagónicos na Europa e entretanto se esmagou um deles, e se procura esmagar o que por outros lados lute por ser o que é: a superação, a etapa seguinte, o mundo em transformação, o futuro.

E agora essa OSCE é… é uma coisa por não haver, na Europa, como coexistir, ao nível de Estados, porque impera o que se pretende que seja o fim da História.

Mas não é. Porque tem de não se consentir que seja o fim de tudo com a utilização do que génio humano conseguiu. Não para destruir. Para construir o futuro.

Por isso, e para isso, a luta continua. Entre as classes!

 

Mas voltemos à tal de União Europeia.

Veio agora, agora mesmo, uma senhora alemã que está aos seus comandos, fazer longo discurso, dizer muitas coisas, e algumas que soam bem. Das palavras ditas, saltam, com a função de iludir, três numa frase: salário mínimo europeu.

Logo houve quem pegasse nas palavras e delas fizesse mote. Vejamos melhor, mais ou menos como fez Gedeão com a lágrima de preta: com os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais.

E façamo-lo procurando ver os dois lados.

É que o salário (seja mínimo ou não, seja europeu ou doutra região) tem dois lados.

Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (que é o que, agora, toda a gente usa), salário é:

1. Jornal.

2. Retribuição pecuniária do serviço executado.

Jornal?

Serviço executado?

Não vou, por agor,a mergulhar numa busca em dicionários, aprofundamentos etimológicos.

Para encurtar razões (o que não quer dizer que não se alarguem mais tarde, ou em outras oportunidades), apenas acrescentaria que salário é, em capitalismo, o preço expresso da força de trabalho empregue. 

Salário é pago a alguém por outrém, ou melhor (para não fugir sem rasto à busca dicionária): salário é o que é pago a alguém por outrém, a quem o serviço foi executado. Até há dicionários que dizem que é a remuneração de quem trabalha por conta de outrém… paga por esse outrém.

 

Portanto, há alguém e há outrém. Alguém recebe um salário que outrém lhe paga. Ponto final. (e §:)

 Fixar-se um salário mínimo é dizer que – de acordo com certas regras da relação laboral – há um mínimo abaixo do qual não pode ir a retribuição pecuniária paga por outrém a alguém.

No entanto, neste tempo que vivemos, ao dizer-se isto, ou quando tal se anuncia, mesmo como mero engodo ou isco para iludir alguém… evidentemente com o resmungo ou a oposição dos que vêem, nessa hipótese (a concretizar-se) um custo mais elevado para o serviço executado.

E como não me quero alongar muito e apenas deixar uma reflexão que ajude a reflectir, coloco um dilema em que – se me não engano – poucos de nós pensam.

O salário tem duas faces. Como as moedas.

O salário é um custo para quem paga, o outrém. Que tudo faz (o que pode e, por vezes, o que não deve) para que seja diminuto, mínimo.

O salário é um rendimento para que o recebe, alguém. É com ele, com o salário-rendimento, que satisfaz as suas necessidades e as dos que tenha a seu cargo, Necessidades que são categoria não-fixa, que mudam com as mudanças no tempo (histórico). O que ontem era inimaginável para hoje, hoje pode ter-se tornado uma necessidade indispensável para o humano de hoje.

Dois exemplos muito diferentes de necessidade de hoje, que o não eram ontem: duche diário, telemóvel.

E tudo varia, não só no tempo, de lugar para lugar, de cultura para cultura.

Por isso, ao projectar-se a regra de um salário mínimo europeu, é preciso saber se se está a encarar esse projecto na óptica do rendimento de quem recebe ou na do custo de quem paga. Que este pode achar boa medida em termos de competitividade e ser objectivamente prejudicial para muitos de aqueles.

 

  

sexta-feira, setembro 18, 2020

Ela há cada uma!

 No rodapé da 1ª página do Público de hoje, destaca-se a (e bem!) uma resposta de João Ferreira a pergunta (das que...) de jornalista, e ilustra-se esse rodapé com a fotografia do destaque ao lado, com a senhora presidente da Comissão.


 

domingo, setembro 13, 2020

O nosso candidato à P da R

 

DECLARAÇÃO DE JERÓNIMO DE SOUSA, SECRETÁRIO-GERAL DO PCP

Sobre a reunião

do Comité Central do PCP

de 12 de Setembro de 2020

O Comité Central do PCP, no seguimento da decisão já tomada de apresentar uma candidatura própria às eleições presidenciais de 2021, concretiza agora as suas grandes linhas e objectivos e anuncia a candidatura de João Ferreira, membro do Comité Central, reafirmando que esta será a candidatura para dar voz ao projecto e valores de Abril, à defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo e à afirmação da igualdade e justiça sociais e da soberania e independência nacionais.

As próximas eleições para Presidente da República revestem-se da maior importância, pelo enquadramento nacional e internacional em que decorrem e pelas funções e papel do Presidente da República na vida nacional.

Eleições que constituem um importante momento para a afirmação e defesa da Constituição da República Portuguesa, nas quais o PCP intervirá de forma autónoma e independente, empenhando-se em colocar na Presidência da República alguém comprometido, nas palavras e nos actos, com a Lei fundamental do País e com o regime democrático e projecto de desenvolvimento que dela emanam.

A política de direita levada a cabo durante as últimas décadas por PS, PSD e CDS tem as consequências que são conhecidas na situação do País, no agravamento das injustiças e desigualdades sociais, no aprofundamento dos seus défices estruturais e agravamento da dependência externa, na perda da soberania e no comprometimento do seu desenvolvimento.

Um País que se tornou crescentemente mais dependente, mais injusto, mais desigual, menos democrático, que exigia uma intervenção – que tem faltado – firme, determinada, corajosa de quem exerça as funções de Presidente da República.

Um País onde o trabalho foi desvalorizado, os serviços públicos e as funções do Estado foram inferiorizados, se acentuou a corrupção com o aprofundamento da submissão do poder político ao poder económico.

Um País que viu ser destruída a sua capacidade produtiva, cada vez mais na dependência do estrangeiro, fragilizando a soberania e independência nacionais, agravadas por políticas de abdicação de defesa dos interesses do País, tão visível no processo de integração capitalista da União Europeia, de submissão ao Euro e aos ditames e imposições dos centros de decisão do directório de potências.

O País foi atrelado aos interesses e manobras do imperialismo dos EUA e dos seus aliados na NATO, de participação em operações de ingerência e desestabilização contra povos soberanos.

Realidades e problemas que permaneceram transversais às sucessivas Presidências da República dos últimos anos.

O mandato do actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para lá do seu activismo, é marcado pelo seu empenhamento no processo de rearrumação de forças políticas posto em marcha, para branquear o PSD, a política de direita e as suas responsabilidades, reabilitá-los politicamente e reconduzi-lo para um papel de cooperação intensa com o PS, que procura assegurar as condições para a chamada política de “bloco central”, formal ou informalmente assumida, que marcou o País nas últimas décadas, e está inserido nas opções essenciais da política de direita a favor do grande capital e contrários aos trabalhadores, aos pequenos e médios empresários e agricultores, aos jovens, às mulheres.

Valorizando, como sempre fez, a importância do órgão de soberania Presidente da República, enquanto garante da defesa e cumprimento da Constituição da República, o Comité Central do PCP reafirma que a candidatura que agora acaba de decidir e torna pública é uma candidatura que valoriza este órgão Presidente da República, seja pelo percurso de João Ferreira que a protagoniza – de seriedade, integridade e entrega à causa pública, bem patente na sua acção como dirigente associativo universitário e nos diversos órgãos da Universidade de Lisboa em que participou, como presidente da Associação de Bolseiros de Investigação Cientifica (ABIC), como vereador da Câmara Municipal de Lisboa, com uma meritória actividade a favor da população deste concelho e um profícuo, valioso e volumoso trabalho realizado no Parlamento Europeu, que se distingue na defesa do interesse nacional e na defesa dos direitos dos trabalhadores, dos pequenos e médios empresários e agricultores, das mulheres, dos jovens, dos pensionistas e idosos, de todos os atingidos pela política de direita, dos democratas, patriotas e dos amantes da Paz –, seja também pelos valores que procurará imprimir em toda a batalha eleitoral e que assumirá, sendo eleito, na Presidência da República.

Uma candidatura e um candidato que estará agora onde sempre esteve e onde faltaram os Presidentes da República: junto dos trabalhadores e do povo, nas suas lutas pelos seus legítimos direitos, interesses e aspirações.

Uma candidatura que, sendo assumida pelo PCP, será a candidatura de todos os democratas e patriotas, de todos os trabalhadores, de todos os homens e mulheres que lutam por um Portugal mais justo, soberano e desenvolvido.

Uma candidatura que apela a todos os que tomam a defesa do projecto libertador e emancipador de Abril, para que com o seu apoio à candidatura, assumam uma posição de compromisso com a Constituição da República Portuguesa e com um Portugal com futuro.






sábado, setembro 12, 2020

Bielorrússia e os abutres

  - Edição Nº2441  -  10-9-2020


Abutres

Para perceber o que se passa na Bielorrússia basta ler Anders Aslund, um dos arquitectos da «terapia de choque» que restaurou o capitalismo na Rússia após 1991. Aslund é um criminoso da guerra de classes. Numa década, o PIB russo caiu para quase metade (data.worldbank.org). A esperança de vida dos homens russos desceu para 59,8 anos (Relatório Desenvolvimento Humano PNUD, 2000) e o país estava à beira do colapso. Mas a pilhagem não criou só miséria e morte – criou os milionários russos e encheu as contas dos oligarcas demo-ocidentais: entre 1992 e 1998 a fuga de capitais da Rússia para os bancos ocidentais atingiu 210 mil milhões de dólares (Financial Times, 27.8.99).

Diz agora Aslund (www.intellinews.com, 15.8.20): «Quem visita a Bielorrússia fica surpreendido: trata-se da última economia soviética, mas na realidade funciona. […] A sua economia altamente industrializada é dominada por cerca de 40 empresas estatais, em particular na indústria pesada. Ainda produzem produtos soviéticos […] mas são os melhores produtos soviéticos que alguma vez viram. […] Os problemas macro-económicos são diminutos. A inflação está sob controlo, em cerca de 5%. O deficit orçamental oficial é minúsculo, e a dívida pública total limita-se a 35% do PIB. […] Em geral a administração estatal está de boa saúde, provavelmente a melhor da ex-União Soviética. […] A Bielorrússia não tem grandes homens de negócios ou oligarcas privados. A corrupção é até ao momento surpreendentemente limitada». Apetece dizer: claro!

Mas Aslund não está a debitar elogios. Está a apresentar o catálogo de vendas do que espera ser a próxima temporada da mega-produção «pilhagem a Leste». Não vislumbra doença, mas exige a cura: «A maioria das grandes empresas terá de ser privatizada». Para serem saqueadas pelo capital imperialista (enchendo alguns bolsos) e depois fechadas (destruindo a concorrência). Nem os Estaleiros Navais de Gdansk, berço do Solidariedade, escaparam a esse destino. A preocupação de Aslund é que «uma venda aberta resulte em donos russos de quase tudo». Não foi para isto que deu vida aos oligarcas, a quem agora chama «lobos russos que rondam as suas potenciais vítimas». Para Aslund, só os abutres euro-americanos têm direito ao saque.

O presidente Lukachenko não está na mira pelo mal que possa ter feito, mas pelo bem que fez ao defender a economia da Bielorrússia dos apetites vorazes do grande capital globalista e também dos oligarcas russos, mantendo «três quartos da economia no sector público». Fosse outra a sua opção e, como Guaidó, seria considerado Presidente legítimo com zero votos. Teria o tratamento mediático dos democráticos Emirados Árabes Unidos, apreciados por Israel, os EUA e o legitimamente eleito Rei Emérito de Espanha que para lá fugiu de prestar contas à justiça.

Os discursos sobre manifestantes pró-democracia de Macron, Trump ou Biden são para enganar incautos. Pergunte-se aos Coletes Amarelos, contra os quais vale tudo – até arrancar olhos, às vítimas da violência policial nos EUA ou aos muitos milhares de nova-iorquinos que todos os dias fazem bichas de quarteirões para receber comida doada (New York Post, 22.8.20) enquanto os multimilionários aproveitam a pandemia para encher os bolsos.

Jorge Cadima

quarta-feira, setembro 02, 2020

A EP vai para ...

 

Mais calmo, antes de me despedir (por hoje!) do tema, resolvi instituir um prémio 

(uma EP-título de solidariedade):

 

ao título mais estúpido da campanha

(sem apostrofar o/a autor/ra,

que conseguiu ganhar

– veja-se lá… – a P.Rangel! )

 

E a EP vai para ààààààààààà

A EP para.jpg

 

(a EP está à disposição da autora,

para eventual utilização,

entre 4 e 6 de Setembro)

DE/POR OUTROS LADOS DA FESTA

 De que festa? Ora de qual “havera” de ser?… da FESTA.

Como (quase) todas as manhãs, começo pelo que me entra em casa.

No expresso-curto, transcrevo das outras notícias:

 “A auditoria ao Novo Banco já está a gerar forte discussão, embora o documento ainda não seja conhecido, apenas a parte dele que foi divulgada pelo comunicado do Ministério das Finanças.

O Governo considerou o documento elaborado pela Deloitte confidencial e agora no Parlamento está a decidir-se quais as partes que se vão manter sigilosas, pelo respeito ao sigilo bancário, e quais as que devem ser conhecidas.

Do pouco que já se sabe, realce para a análise das perdas de mais de 4 mil milhões de euros que são consideradas na sua grande maioria como responsabilidade da gestão pré-2014, ou seja no tempo do Banco Espírito Santo e Ricardo Salgado.
O CDS já pediu que sejam ouvidos com urgência no Parlamento Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal, e João Leão, o seu sucessor à frente da pasta das Finanças. O Bloco de Esquerda veio exigir a divulgação pública do documento.
O PS optou por lançar as culpas para o Governo Passos/Portas, dizendo que a resolução de 2014 foi deficiente, e o que se julgava que era o ‘banco bom’ afinal não o era assim tanto.
Aqui fica um resumo de tudo o que se passou politicamente ontem à volta deste assunto.”

 “… resumo de tudo o que se passou politicamente ontem à volta do assunto”, será que o PCP anda mesmo entretido com a dita festa?

Parece que não:

DECLARAÇÃO DE DUARTE ALVES, DEPUTADO

Sobre a auditoria ao Novo Banco

1 Setembro 2020

Ver


 Antes, o mesmo curto expresso-curto tinha-se atirado à Festa, como segunda notícia:

 “FESTA DO AVANTE

Aproxima-se a abertura da tradicional festa de rentrée comunista, este ano mais mediática que nunca, pelas dúvidas que levanta a realização de um evento com a concentração de milhares de pessoas em altura de pandemia.
Estivémos em reportagem junto ao local onde se realiza o Avante para perceber como as populações estão a receber a realização da iniciativa.
Rui Rio aproveitou a notícia do New York Times sobre a Festa do Avante para dizer que se no início da pandemia o nosso país era um bom exemplo lá fora, agora as coisas são bem diferentes.”

Com “reportagem junto ao local” ao dispor e tudo. E a inefável referência a Rui Rio, que no seu alto sentido de est®adista aproveitara a notícia do The New York Times, sem dizerem qual delas, se a falsa e forjada se a local do correspondente.

Mas não se ficou por aí. O curto expresso-curto foi-se à mesma sensacional, caudalosa, notícia do est(r)adista Rio e, em frases lá botou:

“Infelizmente, agora esta questão da Festa do Avante até já é exemplo negativo no estrangeiro”, Rui Rio, sobre a notícia do NYT à volta das festa comunista”

Insisto: qual notícia?  A falsa e forjada ou a local do correspondente local?

 Resolvi mudar de informante. Passei ao Público.

Logo na capa:


Depois, abunda de Festa nas páginas 6, 8, 10, 13… e fui à vida que tenho mais que fazer, a Festa não é (mas também é...) a vida e não quero que me peguem esta paranóia que “os” terá assaltado de tanto ódio ao inimigo de classe os invadir que os impede de verem o ridículo e o perigo do que fomentam.

Tive sintomas – que travei! – quando comecei a ver vermelho

Vou à Festa!...

 

para ver, sentir, viver como é que é, este ano,

A FESTA,

tal como pode ser neste tempo pandemaníaco.