domingo, abril 25, 2021


Obrigado, Zé Santa!

 

sexta-feira, abril 23, 2021

... e a propósito...

 

E eu lembro Jean Ferrat:


https://youtu.be/hQT3nUYQayU

 &-----&-----&

C'est une émission formidable

Sur les problèmes de société

Où des héros et des minables

Vous parlent en toute liberte

Sont-ils victimes sont-ils coupables

Ce soir voici pour commencer

Quelques racketteurs redoutables

Qui font la sortie des lycées

Ils vont pour vous se mettre à table

A condition d'être masqués masques

Un témoignage inoubliable

Un grand moment de vérité

Ce soir ce soir

Après la roue de la fortune

Les racketteurs les racketteurs

Sont à la une

C'est une émission fantastique

Où vous avez un rôle à jouer

Un rôle moral un rôle civique

Pour nous aider à retrouverT

ous ceux dont on est sans nouvelles

Disparus volatilisés

Ce soir je vous lance un appel

Vous seuls pouvez nous renseigner

Dans quels bas-fonds la malheureuse

A-t-elle un jour pu s'égarer

A quelles manœuvres très douteuses

A-t-elle fini par se livrer

Ce soir ce soir

Après la roue de la fortune

La main d'ma sœur la main d'ma sœur

Est à la une

C'est une émission fracassante

Sur les tréfonds d'la société

Une tranche de vie saignante

Que vous ne pouvez pas manquer

Un homme qui a payé sa dette

Vingt ans de prison mérités

Reconstituera en direct

Le crime qu'il a perpétré

Tout ce qui s'passait dans sa tête

Combien de fric il a touché

En appuyant sur la gâchette

Pour refroidir un député

Ce soir ce soir

Après la roue de la fortune

Les assassins les assassins

Sont à la une

C'est une série faramineuse

De grands débats télévisés

De controverses fabuleuses

De face à face sans pitié

Entre qui saigne et qui charcute

Entre bourreaux et tortures

Entre un ripou et une pute

Un délateur un dénoncé

Entre un para et un fellouze

Entre un violeur et des violées

Et puis comme une apothéose

Entre SS et déportés

Ce soir ce soir

Après la roue de la fortune

Un PAF obscène un PAF obscène

Est à la une

 

&-----&-----&

Mais que a tradução (bem difícil), o sentido (bem claro):

A transmissão-espectáculo, em todas as 1, 2, 3, sic's, tvi's, em nossas casas, deste encontro fantástico, inesquecível, formidável e etc., do violador com as violadas, do torturador com os torturados, do carrasco com o condenado, dos assassinos com os assassinados, o inconciliável em concílio, e por aí fora, … como se fosse os grandes momentos de verdade!

Curtas e recortes - 25 de Abril

 O 25 de Abril não tem dono, o 25 de Abril foi de todos e é para todos…

Mas… se não tem dono também não é de todos, não é dos que não quiseram que ele viesse a ser, não é dos que não querem que ele seja o que foi, e o que ele é!

 &-----&-----&

De documento do PCP sobre o 25 de Abril e comemorações:

Denunciando acções provocatórias de cariz fascizante e outras manobras de diversão que visam animar polémicas estéreis tendo em vista diminuir o alcance e significado das comemorações do 25 de Abril – sejam os actos oficiais, sejam, em particular, as de natureza popular – o PCP apela aos trabalhadores, à população, à juventude e aos democratas para que por todo o País façam da sua participação um momento de afirmação do que Abril representa de avanço e conquista no plano da liberdade, dos direitos, e de progresso. Abril comemora-se e defende-se com os que com ele estão identificados e não com os que o pretendem destruir.

O PCP reafirma o seu total empenhamento e compromisso com os valores de Abril, profundamente enraizados no povo português. É pela sua afirmação, defesa e aprofundamento que se construirá o caminho para um Portugal mais desenvolvido, justo e soberano.”


O poder das narrativas ou narrativas de um poder

 Uma reflexão de que se recomenda, vivamente, a leitura... e a reflexão:


No Ipsilon do Público de hoje


segunda-feira, abril 19, 2021

TáVisto

 - Nº 2472 (2021/04/15)

Lembrar

Argumentos

Foi no passado domingo e num canal pouco frequentado, o AXN, presumivelmente só visitado por uma minoria de telespectadores, para mais a meio da tarde, que foi transmitido «Resistentes», filme de Edward Zwick. Era, mais uma vez, uma estória situada durante a Segunda Guerra Mundial, ficção tristemente verosímil, com a brutalidade nazi a ser contestada por acções de resistência. Nada de novo, dirá quem porventura já esteja saciado de narrativas protagonizadas pelos crimes nazis e pela coragem dos que contra eles se organizaram. Essa eventual saciedade, porém, implica algum risco: não esquecer os crimes é a primeira condição para que eles não se repitam, e quem porventura prefira que «falemos de outras coisas» por este assunto já ter sido suficientemente abordado pode estar à beirinha de lhes facilitar uma reedição. Tem sido lembrado, mas nunca excessivamente, que o nazifascismo foi (ou mais exactamente, é) uma serpente que nunca chegou a ser exterminada de modo a impossibilitar uma indesejável ressurreição. Ou de outro modo: que nunca os ovos dessa serpente foram eficazmente destruídos.


Ajudar a memória

Poderá lembrar-se que os anos entre 33 e 45 do século passado já estão longe, que o actual mundo é outro, que as extremas-direitas de fardas paramilitares e cruzes mais ou menos suásticas estão definitivamente fora de moda. Pois sim. O essencial da questão, porém, será que os nazifascismos, com fardas e botas ou sem elas, sejam os passados ou eventualmente alguns actuais, não correspondem a qualquer delírio militarófilo sem raízes: os nazifascismos, os que a História regista e os que por aí circulem fora de moda mas sempre à espreita e disponíveis, são uma forma da luta de classes e serão sempre uma via possível mesmo se improvável. Por isso é saudável, e até mais que isso, lembrar até onde podem chegar as classes dominantes quando vêm a sua hegemonia em grande risco: não é possível uma compreensão correcta da Segunda Guerra Mundial sem a relacionar com classes, domínio, exploração em crescimento exponencial. Não foi por acaso que os movimentos de resistência antinazi em toda a Europa ocupada tiveram os partidos comunistas como sua espinha dorsal e não é por acaso que os sinais mesmo que ligeiros do regresso nazi em diversos lugares da Europa e do mundo são denunciados pelos comunistas. Não haverá grande pessimismo ou enorme exagero ao dizer-se que a direita no mínimo «compreensiva» para com os neonazis é a modalidade por agora «democrática» de pendores nazificantes. Na dúvida, olhe-se para a actual política interna na democrática Alemanha actual e repare-se em como por lá vai vivendo sem problemas nem visíveis angústias a extrema-direita. Por isso são saudáveis os programas que ajudem a não esquecer. Até porque haverá quem deseje que esqueçamos.

Correia da Fonseca 

Combate à corrupção e à criminalidade económico-financeira

 1

Parte inferior do formulário

15 Abril 2021, Assembleia da República

Propostas do PCP para o combate

à corrupção e à criminalidade económico-financeira


«(,,,)  Desde Fevereiro de 2007 que o PCP tem vindo a propor a criminalização do enriquecimento injustificado. Ao longo de vários anos e legislaturas, as propostas do PCP contaram sempre com os votos contra do PS, do PSD e do CDS.

Na XII Legislatura, o PSD passou, alegadamente, a defender a criminalização do enriquecimento ilícito, fazendo-o sempre, no entanto, com a aprovação de soluções que foram declaradas inconstitucionais. Na parte final dessa Legislatura, em 2015, o PSD, mesmo conhecendo a jurisprudência do Tribunal Constitucional, rejeitou a proposta do PCP e insistiu, com o apoio do CDS, numa proposta que sabia de antemão que seria declarada inconstitucional. Foi o que veio a acontecer.

O PCP reitera a sua convicção de que a criação de um tipo criminal de enriquecimento injustificado poderá ser um elemento de grande importância para a prevenção e detecção de crimes de corrupção e que é possível encontrar uma solução que não seja violadora de princípios e normas constitucionais.

O que o PCP propõe é a criação de um dever geral de declaração às Finanças de quem disponha de património e rendimentos de valor superior a 400 salários mínimos nacionais mensais, e posteriormente, um dever de declaração sempre que esse património registe um acréscimo superior a 100 salários mínimos, havendo nesse caso o dever de justificação da origem desse enriquecimento. A criminalização incide sobre a omissão dessa declaração e da justificação da origem desse acréscimo patrimonial. O bem jurídico tutelado é a transparência da aquisição de património e de rendimentos de valor significativamente elevado.

O acréscimo patrimonial não constitui, em si mesmo, qualquer presunção de ilicitude. O que se sanciona como ilícita é a ausência de declaração ou da indicação de origem do património e rendimentos, o que a ser corrigido implica a dispensa de pena.

A criminalização é agravada no caso dos titulares de cargos políticos (…)


2

no espaço público e em política no Público de 16.04, tratava-se em profusão do tema, entre outros com opinião do Presidente do GP do BES e um espaço partilhado por notícia sobre PCP e Chega (este com foto):


3

no Público de 17.04, perdido nas Cartas ao Director podia ler-se:



umas páginas à frente, com uma meia-coluna sobre corrupção, em que se misturava tudo no mesmo saco

e, noutra página - em Público & Notório, uma gracinha muito destacada nada inocente, insistente e indecente:


4

para terminar esta ronda de fim de semana - de 5ª a domingo - o Público de domingo, 18, sobre o assunto da semana, fechava com chave de ouro com o relevo que auto-denúncia a objectividade de sua informação:


aNOTAção

é evidente, neste caso, que força política é valorizada, e haverá quem diga (ou pense) antes essa que outra mas a verdadeira questão é de qual a força política que importa, neste como noutros assuntos, desvalorizar, combater, por vezes com subtilezas imaginativas ou aparentemente inócuas. 
Mania da perseguição? NÃO!... exemplos  de luta de classes. 
(per que las hay, las hay...)

sexta-feira, abril 16, 2021

Teoria da vergonha

 segundo António Guerreiro, (no Público-Ipsilon de hoje):





Vale a pena ler!

quinta-feira, abril 15, 2021

Malhas que o império tece...

  - Nº 2472 (2021/04/15)


Teias

Opinião

Vivemos tempos perigosos, de potencial catástrofe desencadeada pelo imperialismo. Mas o jornal online do BE decidiu divulgar um texto com o polido título «O “anti-imperialismo” dos imbecis». Tenta-nos convencer que, se anteriores guerras dos EUA eram más, na Síria há uma genuína revolta popular.

A sério? Segundo o actual Presidente dos EUA, os aliados dos EUA no Médio Oriente «despejaram centenas de milhões de dólares e milhares de toneladas de armamento a todos quantos combatessem Assad. Mas quem estava a ser apoiado era a al-Nusra e al-Qaeda e os elementos extremistas do jihadismo vindos de outras partes do mundo». Foi assim, segundo Biden, «que surgiu o ISIS» (CNN, 6.10.14). Biden nomeou a Turquia e os Emirados. Calou o papel dos EUA e Israel. Mas o New York Times (2.8.17) informa sobre a «guerra secreta da CIA na Síria» com «um dos mais caros programas secretos da história» que durante 4 anos custou mais de mil milhões de dólares para «armar e treinar rebeldes sírios», tendo «algumas das armas fornecidas pela CIA acabado nas mãos dum grupo rebelde ligado à Al-Qaeda». Trump, no seu estilo, afirmou que «vamos ficar com o petróleo» da Síria (ABCnews, 28.10.19). Por maiores que fossem as razões de protesto, é isto uma genuína revolta popular?

Isto é o programa de sempre de subjugação imperialista. Documentos dos serviços secretos anglo-americanos revelam planos de 1957, antes de Assad ou seu pai serem Presidentes, para «financiar um “Comité Síria Livre” e armar “facções políticas com capacidade paramilitar”» enquanto «a CIA e o MI6 instigavam levantamentos internos» e «encenavam falsos incidentes de fronteira» para criar «um pretexto para uma invasão da Síria» (Guardian, 27.9.03). O General Wesley Clark revelou que em 2001 havia planos para «abater sete países em cinco anos», entre os quais a Síria.

O texto promovido pelo BE ataca «meios de comunicação social e jornalistas pouco recomendáveis» por «difundir propaganda perniciosa e desinformação». Coincidência ou não, tem data de 27 de Março, 16 dias após uma importante Declaração denunciando «preocupantes desenvolvimentos que lançam sérias e sustentadas suspeitas» sobre a investigação da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPCW) do alegado ataque químico em Douma, que serviu de pretexto para bombardeamentos da Síria pelos EUA, Reino Unido e França (couragefound.org). A lista de subscritores é digna de registo. Além do primeiro Presidente e quatro outros funcionários importantes da OPCW, há gente marcada pelas anteriores mentiras das guerras imperialistas. Como os ex-vice Secretários Gerais da ONU Denis Halliday e Hans von Sponeck, que se demitiram pelas sanções contra o Iraque anteriores a 2003; o Coronel Wilkerson, ex-Chefe de Gabinete de Colin Powell, MNE dos EUA no tempo das patranhas sobre o Iraque; e um ex-Chefe de Estado Maior da Marinha de Guerra do RU, Lord West of Spithead. Esta extraordinária Declaração foi silenciada na comunicação social de regime. Se a conhecemos, muito se deve aos meios que o texto publicado pelo BE ataca. Tal como a entrevista do ex-Embaixador inglês na Síria (thegrayzone.com, 20.3.21).

Num tempo de propaganda belicista, controlo férreo da comunicação e redes sociais e perseguição a quem denuncia as mentiras de guerra, como Julian Assange, Chelsea Manning, John Kiriakou ou, já com Biden, Daniel Hale (RT, 6.4.21), os ataques publicados pelo BE levam água ao moinho dos crimes actuais do imperialismo.


Jorge Cadima

quarta-feira, abril 14, 2021

O primeiro astronauta - Iúri Gagárin

A viagem de Gagárin na imprensa portuguesa há 60 anos

20210413DN19610413 A 12 de Abril de 1961, Iúri Gagárin foi o primeiro ser humano a ir ao espaço. Em Portugal, sob a ditadura fascista, o histórico acontecimento foi notícia na imprensa diária. Ana Catarina Almeida, com a colaboração de Silvestre Lacerda, aborda a forma como essa cobertura foi feita.

 

 

 

 

 

 

A viagem de Gagárin
vista pela imprensa portuguesa

Por Ana Catarina Almeida, licenciada na URSS (Relações Económicas Internacionais, em Kiev, 1985-1991)
a partir de imagens pesquisadas por Silvestre Lacerda, director-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas

 

«Vamos!» «Поехали!»

Foi a 12 de Abril de 1961 que Iúri Gagárin pronunciou esta frase, a bordo da nave Vostok, lançada do cosmódromo de Baikonur. Com apenas 27 anos, era o primeiro ser humano a ir ao espaço. Gagárin completou uma volta completa ao planeta em 108 minutos, a uma velocidade de 28 mil km/h.

O êxito desta missão deveu-se, em grande parte, ao talento do engenheiro-chefe Serguei Koroliov, que dirigia o programa espacial soviético.

Com o lançamento da Vostok, a URSS ganhava uma batalha na corrida espacial.

Devido ao enorme risco, a missão não foi tornada pública antes do seu lançamento.

O governo da URSS preparou antecipadamente três versões sobre o lançamento de um homem ao espaço, que enviou à TASS em três envelopes fechados. Apenas um deveria ser aberto e os restantes destruídos: um, para o caso de o cosmonauta regressar sem vida; outro, em caso de perigo que obrigasse a uma aterragem de emergência; e um terceiro, confirmando o sucesso da operação.

Foi esta a mensagem divulgada pela TASS e que se espalhou por todo o mundo 55 minutos após o início do voo.

19610412TASS
Fonte: https://tass.ru/spec/gagarin

 

E em Portugal?

Em 1961 Portugal vivia sob a ditadura de Salazar. Quase a totalidade dos artigos reproduz notícias divulgadas pelas agências da época: EFE, ANI, FP e APN.

 

20210413DN19610413O Século

Na primeira página da sua edição de 13 de Abril, o Século trazia: «O Homem venceu o espaço – Pela primeira vez um astronauta girou em voo livre à volta da Terra à altitude mínima de 175 km e máxima de 302. Foi um jovem major da aviação russa quem viveu a espantosa aventura que durou apenas 108 minutos».

A notícia foi ilustrada com uma fotografia de Gagárin e a legenda «Foi assim vestido que Yuri Gagarin fez a sua viagem ao espaço».

No dia 14 de Abril, o jornal volta a pegar na notícia, desta vez com o título «A Rússia homenageia hoje o major Gagarin, herói do cosmos, que ao lado de Khruschtchev assistirá a um desfile militar na Praça Vermelha, em Moscovo», o qual será «um desfile gigantesco, em homenagem ao herói soviético, major Gagárin».19610414O Seculo

A partir do arquivo de O Século incorporado na Torre do Tombo, consultando as provas que eram enviadas à Direção dos Serviços da Censura, podemos verificar que parte desta notícia foi censurada.


19610414O Seculo prova com cortes Censura
Fonte: Torre do Tombo

O jornal menciona também «vários mistérios e outras perguntas sem resposta acerca da proeza do cosmonauta Gagarin», como o momento da captação da fotografia que foi divulgada na TV soviética, sobre a visibilidade para o exterior a partir da Vostok ou sobre o momento de publicação do comunicado.

Continua O Século com uma pequena notícia, citando o «New York Daily News», a especular que a origem do cosmonauta não seria proletária mas aristocrática (neto de um príncipe russo) e por isso olhado com desconfiança.

Talvez por isto a PIDE tenha censurado também a publicação de uma fotografia de Gagárin com os pais, difundida pela APN (agência Novosti).

1961Foto censurada APN1961Legenda censurada foto APN
Fonte: APN (frente e verso da foto, com legenda e anotações)

 

19610412Diário de LisboaDiário de Lisboa

Dia 12 de Abril de 1961 o vespertino Diário de Lisboa titula na sua primeira página «Um astronauta russo regressou vivo à Terra após primeira viagem no cosmos».

Nesse mesmo dia, no âmbito de uma reunião do grupo de trabalho «Aero Space Medical Panel», formado por cientistas da NATO especializados em medicina aeronáutica e do espaço, é realizada uma conferência de imprensa. Perante a pergunta de um jornalista, é confirmada por um perito a notícia do envio de Gagárin para o espaço.

A noticia é desenvolvida noutra página: «Os Estados Unidos foram o primeiro país a felicitar a Rússia pelo feito dos seus cientistas».

No dia 14 é publicada a primeira foto de Gagárin, acompanhada de um desenho da nave

 

Diário Popular 

A 12 de Abril de 1961 o Diário Popular, também vespertino, destaca na primeira página: «O primeiro astronauta (o major russo Gagarine) deu a volta ao mundo num “sputnik” em órbita».

No dia 13 de Abril, traz novamente o tema à primeira página, com o título «Primeiro homem no espaço atravessou a Ásia num quarto de hora e a África em 6 minutos».

 

19610413Jornal de NoticiasJornal de Notícias

No dia 13 de Abril podemos ler no Jornal de Notícias: «O primeiro astronauta lançado pela Rússia no espaço fez um voo em volta da Terra e desceu num local previamente fixado».

A manchete é publicada sem foto. Na última página, o jornal desenvolve a notícia sobre o significado da viagem espacial e sobre a «luta de competição dos americanos com os russos».

Com chamada na primeira página, no dia 14 de Abril escreve na última página sobre a «Reconstituição hipotética da viagem de Gagarine à volta da Terra».

Descrevendo a viagem, diz o jornalista: «Como pode Gagarine observar a Terra, que viu inculpada num grande arco de círculo azulado, as florestas, os rios e as grandes cidades, o céu negro? No passado, os cientistas soviéticos nunca tinham aludido a uma vigia na cápsula da nave cósmica que imaginávamos estanque e cega».

Logo, descreve um desenho da Vostok publicado pela imprensa soviética, com um passageiro dentro da cabine, «munida à altura da cabeça do astronauta de um “cinto vigia” circular que permitia ao passageiro deitado com as pernas dobradas em “S”… fazer observações em todas as direcções».

Termina o artigo referindo mensagens de felicitações enviadas a Khruschtchov pelo presidente francês De Gaulle e pelo PM britânico Harold Maxmillan.

 

O Primeiro de Janeiro19610413O Primeiro de Janeiro

Ainda no dia 12 de Abril, O Primeiro de Janeiro publica uma pequena nota: «Os russos preparam lançamento duma nave espacial com um homem a bordo», fazendo referência a uma declaração de Kuznetsov, no dia 11, em Moscovo, dizendo que o «lançamento de uma nave espacial com um homem a bordo terá lugar provavelmente num futuro próximo».

No dia 13 de Abril, na primeira página, destaca em título: «Um cosmonauta soviético deu a volta completa à Terra, numa nave espacial, e foi recuperado vivo após 1 hora e 48 minutos de voo».

No interior do jornal, há uma descrição do voo e a sua reconstituição, assim como uma pequena biografia do cosmonauta.

 

Diário da Manhã

No dia 13 de Abril o jornal alinhado com o regime fascista noticia: «Foi lançado com êxito um foguetão espacial da URSS tripulado por um major da aviação soviética». A notícia não foi acompanhada de foto.

 

Um caso grave!

 


segunda-feira, abril 12, 2021

Reflexões lentas (na manhã... que é quando começa o dia)

 De manhã, que é quando começa o dia.

12.04.2021

 Foi uma semana atribuladíssima, perturbadora mas, também, esclarecedora para quem quiser ir ao fundo das reflexões e não permita o enredamento deliberado e caotizante, promovido por uma indeformação avassaladora.                                               

&-----&-----&

 

No novelo em que se quer enredar todo o mundo (como se este fosse ninguém), vislumbra-se a fulanização obcecante como mãocheias de poeira atiradas aos olhos e camadas de cera despejadas nos ouvidos dos viventes.

 

                                             &-----&-----&

 

Sócrates, Ivo Rosa e a Justiça que s’acusa e prescreve, Erdogan, Ursula e Michel e a dança das 2 cadeiras mais 2 sofás para 2 mais 2, isto é, para 4… e os parentes europeus na lama, dominaram as notícias, ainda com a ajudinha do finamento de um consorte que chegou aos 99 anos.

 

&-----&-----&

 

E, só de portugueses, os 10 milhões e tal, apesar da queda da natalidade que mais trambulhou?, e os 7 mil e muitos milhares de milhões espalhados pelo mundo todo, umas centenas à briga por acesso a vacinas e multidões à espera do que sobre?, e a Ukrania, com um comediante em Chefe de (de/em que?) Estado a declarar guerra à Rússia e a contribuir para uma situação internacional verdadeiramente explosiva?, e as imagens violentíssimas, incendiárias, repetidas dias após dias, em fundo de notícias sobre as manifestações numa das Irlandas (ou nas 2?), por causa do Brexit e está tudo dito?, e aqui, no cantinho inferior esquerda (que, aliás, preside a uma Europa entre aspas e salve-se quem puder) o incrível mas verdadeiro alastramento dos pobres empregados ou, melhor, dos empregados mas pobres, se não a caminho de fomes?, e etc!...

 

&-----&-----&

 

Sim, tudo isto é triste (e perigoso)… além de ser fado, mas é tão-só (tão-só!) o cenário à frente do qual se movimentam os protagonistas, os Sócrates, os Ivos, os Rosas, os Costas, os Rios (de gente…), os (por)Ventura, as descobertas Susanas por unanimidade, os inventados Zelenkis que não têm Putin por onde se lhes pegue, mas logo recebem o apoio de Binden, nata da NATO.

 

&-----&-----&

 

Está o mundo roto e chove como na rua (ontem choveu!).

 

&-----&-----&

 

Mas, oh!, meus amigos desgraçados (diria o Manel da Fonseca):

 

Ó meus amigos desgraçados

se a vida é curta e a morte infinita

despertemos e vamos

eia!

vamos fazer qualquer coisa de louco e heróico

como era a Tuna do Zé Jacinto

tocando a marcha Almadanim!"

 

&-----&-----&

 

Não se pode deixar que matem a Tuna.

 

&-----&-----&

 

É preciso gritar bem alto, para que oiça quem tem de ouvir, ver e fazer:

 

Que o Sócrates não está sozinho (tadinho), está bem acompanhado (como quem diz…) pela banca privada e fraudulenta, pela privatizada EDP e seus negócios-do-outro-mundo, pelas construtoras de um Algarve para os “beefs” velhinhos e de um Portugal para os portuguesinhos, por amigos para todas as ocasiões, e por aqui se fica...

Que Erdogan, não sendo nenhuma prenda (bem pelo contrário!) tem que muito se lhe diga que não quanto ao protocolo diplomático, um imbróglio caricato que veio ocupar espaço informativo e incómodo (para quem?) de berbicachos, que é como se alcunham negociatas com vacinas, ou vacinegócios, ou negócinas, além de denúncia da escabrosa obrigação de uns se submeterem a regras comunitárias enquanto outros germanofilam bilateralmente.

Que existe um real perigo por detrás de fanfarronadas de bufão, associadas a bloqueios e sanções a quem não cumpre os direitos humanos na versão estado-unidense que se está borrifando para as Nações Unidas (unidas?, só se for à volta da nata da NATO).   

 

&-----&-----&

 

E basta!... evitando conjugar o verbo chegar.

 

&-----&-----&

 

Isto é para não desaustinar.


(...)




quinta-feira, abril 08, 2021

... eleito em listas da CDU...

 extracto de quase-diário:

07.04.2021

 

Li o Público e começo este caderno como acabei o anterior… com algum pasmo e indignação.

 

&-----&-----&

 

Seja objectivo!: a notícia tem o título Ex-presidente da Câmara da Vidigueira acusado de crimes de peculato e especulação.

 

&-----&-----&

 

da Vidigueira?... fui ver e logo confirmei, lá estava, no começo do artigo com relevo para identificação, “… eleito em lista da CDU…” e seguia a lista das malfeitorias (que são bastantes e, a meu critério, bem graves).

 

&-----&-----&

 

Nos parágrafos finais, fica-se a saber (quem lá chegar…) que foi expulso do PCP, esteve ligado a uma lista de independentes em 2017 e, na última frase (parece) que encabeçará uma lista apoiada pelo PSD.

 

&-----&-----&

 

Tudo em su sítio... informando as gentes.

O transporte ferroviário e a sua importância

João Ferreira e Sandra Pereira no País em defesa da ferrovia

Os de­pu­tados do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu (PE) par­ti­ci­param em ini­ci­a­tivas e con­tactos para dar voz à exi­gência de que o in­ves­ti­mento na fer­rovia sirva a re­cons­ti­tuição de um sector na­ci­onal que res­ponda às ne­ces­si­dades de de­sen­vol­vi­mento so­be­rano e de mo­bi­li­dade po­pular.

Urge in­vestir na in­dús­tria e nas in­fra­es­tru­turas e re­cons­truir um sector pú­blico

Este ob­jec­tivo foi vin­cado por João Fer­reira numa de­cla­ração po­lí­tica, dia 31 de Março, a pro­pó­sito do «Ano Eu­ropeu do Trans­porte Fer­ro­viário», que a se­mana pas­sada teve o seu início. O de­pu­tado no PE e di­ri­gente co­mu­nista su­bli­nhou, por isso, que «mais do que a mera sen­si­bi­li­zação da po­pu­lação para a im­por­tância deste meio de trans­porte», a euro-jor­nada «deve servir para uma re­flexão sobre a si­tu­ação em Por­tugal, in­dis­so­ciável do en­qua­dra­mento for­ne­cido pelas po­lí­ticas da União Eu­ro­peia (UE)» e, nesse sen­tido, apontou «causas e res­pon­sá­veis pelo de­sin­ves­ti­mento e de­gra­dação da fer­rovia, assim como as pers­pec­tivas que se co­locam ao País neste do­mínio».

Quanto ao pri­meiro as­pecto, João Fer­reira con­si­derou que as ori­en­ta­ções da UE, «con­du­zidas no plano na­ci­onal pelos pro­ta­go­nistas da po­lí­tica de di­reita – PS, PSD e CDS» ar­ras­taram «o sector fer­ro­viário para a de­sar­ti­cu­lação e mi­ni­mi­zação que hoje evi­dencia».

Contas feitas, «per­deram-se 1200 km de ca­minho-de-ferro e 20 mil postos de tra­balho, fá­bricas foram fe­chadas e a CP, grande em­presa pú­blica na­ci­onal, foi des­mem­brada». O de­sin­ves­ti­mento e de­gra­dação do sector também são mensu­rá­veis se se lem­brar que «desde 2003 não se compra um com­boio em Por­tugal», pese em­bora «se pre­veja o fim do tempo de vida de muito do ma­te­rial cir­cu­lante nos pró­ximos 1 a 15 anos», acres­centou o de­pu­tado do Par­tido em Es­tras­burgo, para quem, «não obs­tante al­guns passos po­si­tivos mais re­centes – in­se­pa­rá­veis da ini­ci­a­tiva do PCP e da luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções –, como a re­dução ta­ri­fária e a re­versão de parte do des­mem­bra­mento da CP, as ne­ces­si­dades que per­sistem sem res­posta são es­tru­tu­rais e de monta».

Ar­re­piar ca­minho

O ca­minho que se impõe passa, por isso, por «re­cu­perar a in­dús­tria fer­ro­viária e o in­ves­ti­mento nas infra-es­tru­turas, re­cons­truindo um sector pú­blico, uno e de di­mensão na­ci­onal», ao invés de apro­fundar a mer­can­ti­li­zação e li­be­ra­li­zação do sector, com as con­sequên­cias co­nhe­cidas ao nível da se­cun­da­ri­zação das ne­ces­si­dades do nosso povo e dos in­te­resses do País, sa­li­entou ainda João Fer­reira, que a pro­pó­sito lem­brou que «as con­clu­sões de um re­la­tório re­cente do Con­selho Eco­nó­mico e So­cial Eu­ropeu (CESE)» afirmam que «três dé­cadas de “mer­cado fer­ro­viário” e de “har­mo­ni­zação téc­nica” não pro­du­ziram os re­sul­tados am­bi­ci­o­nados», e que, no mesmo texto, «a Ale­manha e a França – que im­pu­seram a de­sin­te­gração do sis­tema fer­ro­viário em países pe­ri­fé­ricos como Por­tugal, op­tando eles pró­prios por não a fazer – são apon­tados como os países eu­ro­peus mais bem-su­ce­didos na fer­rovia».

«É es­sen­cial que os fundos, na­ci­o­nais e eu­ro­peus, dis­po­ní­veis para o in­ves­ti­mento na fer­rovia se ori­entem para o ob­jec­tivo de re­cons­ti­tuição de um sector fer­ro­viário na­ci­onal que res­ponda ade­qua­da­mente às ne­ces­si­dades de de­sen­vol­vi­mento so­be­rano do País e as­se­gure o di­reito das po­pu­la­ções à mo­bi­li­dade, num quadro de pro­moção de me­lho­rias am­bi­en­tais e de uma efec­tiva co­esão eco­nó­mica, so­cial e ter­ri­to­rial», in­sistiu o di­ri­gente co­mu­nista, antes de rei­terar que «a mo­der­ni­zação de infra-es­tru­turas e do ma­te­rial cir­cu­lante, a par da con­tra­tação dos tra­ba­lha­dores ne­ces­sá­rios, devem ser ar­ti­cu­ladas com a in­cor­po­ração de pro­dução na­ci­onal, di­na­mi­zando a in­dús­tria de cons­trução e ma­nu­tenção». O que não dis­pensa «uma CP una e pú­blica in­te­grando a gestão das infra-es­tru­turas e a ope­ração de trans­porte de mer­ca­do­rias e de pas­sa­geiros».

Alen­tejo em foco

No dia 1 de Abril, João Fer­reira es­teve no Li­toral Alen­te­jano em ini­ci­a­tivas em Lu­zi­anes, Sines e Al­cácer do Sal, onde de­nunciou a si­tu­ação de po­pu­la­ções con­de­nadas por PS, PSD e CDS a «ver passar os com­boios» po­ten­ci­a­li­dades eco­nó­micas des­per­di­çadas pela ca­rência ou mesmo ine­xis­tência de um ser­viço de trans­porte pe­sado na re­gião e entre esta e Se­túbal.

Já a de­pu­tada do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu, Sandra Pe­reira, es­teve no pas­sado dia 29 de Março em Évora e no Alan­droal em en­con­tros e vi­sitas a lo­cais de pas­sagem da linha fer­ro­viária Sines-Elvas (Caia). Acom­pa­nhada, entre ou­tros, por Carlos Pinto Sá, pre­si­dente da Câ­mara Mu­ni­cipal de Évora, e Carlos Re­forço, do Grupo de tra­balho da Di­recção Re­gi­onal do Alen­tejo do PCP para as infra-es­tru­turas e mo­bi­li­dade, Sandra Pe­reira de­fendeu a im­por­tância da re­ac­ti­vação, re­cu­pe­ração e am­pli­ação da rede fer­ro­viária na re­gião, bem como da cri­ação da pla­ta­forma de Évora com li­ga­ções ca­pazes de po­ten­ciar o trans­porte de mer­ca­do­rias e ma­té­rias-primas para Vendas Novas, Alan­droal, Borba, Es­tremoz e Vila Vi­çosa.

Sandra Pe­reira es­teve, também, na manhã desse mesmo dia, tal como o de­pu­tado do Par­tido na As­sem­bleia da Re­pú­blica, João Dias, no dis­trito de Beja, onde a Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do PCP chamou à atenção para o in­dis­pen­sável in­ves­ti­mento na fer­rovia na re­gião.

_____________________________________________________________

Dois aponta mentes

- A lembrança da luta nos anos 90, no PE.

rede trans-europeia - ligação fronteira França-Espanha - Galiza - Porto-Lisboa-Algarve 

com ligação a outro traçado Lisboa-Madrid - fronteira Espanha-França

- A (des)importância crescente do Entroncamento, 

no distrito de Santarém


  S.R.