- Nº 2472 (2021/04/15)
Teias
Vivemos tempos perigosos, de potencial catástrofe desencadeada pelo imperialismo. Mas o jornal online do BE decidiu divulgar um texto com o polido título «O “anti-imperialismo” dos imbecis». Tenta-nos convencer que, se anteriores guerras dos EUA eram más, na Síria há uma genuína revolta popular.
A sério? Segundo o actual Presidente dos EUA, os aliados dos EUA no Médio Oriente «despejaram centenas de milhões de dólares e milhares de toneladas de armamento a todos quantos combatessem Assad. Mas quem estava a ser apoiado era a al-Nusra e al-Qaeda e os elementos extremistas do jihadismo vindos de outras partes do mundo». Foi assim, segundo Biden, «que surgiu o ISIS» (CNN, 6.10.14). Biden nomeou a Turquia e os Emirados. Calou o papel dos EUA e Israel. Mas o New York Times (2.8.17) informa sobre a «guerra secreta da CIA na Síria» com «um dos mais caros programas secretos da história» que durante 4 anos custou mais de mil milhões de dólares para «armar e treinar rebeldes sírios», tendo «algumas das armas fornecidas pela CIA acabado nas mãos dum grupo rebelde ligado à Al-Qaeda». Trump, no seu estilo, afirmou que «vamos ficar com o petróleo» da Síria (ABCnews, 28.10.19). Por maiores que fossem as razões de protesto, é isto uma genuína revolta popular?
Isto é o programa de sempre de subjugação imperialista. Documentos dos serviços secretos anglo-americanos revelam planos de 1957, antes de Assad ou seu pai serem Presidentes, para «financiar um “Comité Síria Livre” e armar “facções políticas com capacidade paramilitar”» enquanto «a CIA e o MI6 instigavam levantamentos internos» e «encenavam falsos incidentes de fronteira» para criar «um pretexto para uma invasão da Síria» (Guardian, 27.9.03). O General Wesley Clark revelou que em 2001 havia planos para «abater sete países em cinco anos», entre os quais a Síria.
O texto promovido pelo BE ataca «meios de comunicação social e jornalistas pouco recomendáveis» por «difundir propaganda perniciosa e desinformação». Coincidência ou não, tem data de 27 de Março, 16 dias após uma importante Declaração denunciando «preocupantes desenvolvimentos que lançam sérias e sustentadas suspeitas» sobre a investigação da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPCW) do alegado ataque químico em Douma, que serviu de pretexto para bombardeamentos da Síria pelos EUA, Reino Unido e França (couragefound.org). A lista de subscritores é digna de registo. Além do primeiro Presidente e quatro outros funcionários importantes da OPCW, há gente marcada pelas anteriores mentiras das guerras imperialistas. Como os ex-vice Secretários Gerais da ONU Denis Halliday e Hans von Sponeck, que se demitiram pelas sanções contra o Iraque anteriores a 2003; o Coronel Wilkerson, ex-Chefe de Gabinete de Colin Powell, MNE dos EUA no tempo das patranhas sobre o Iraque; e um ex-Chefe de Estado Maior da Marinha de Guerra do RU, Lord West of Spithead. Esta extraordinária Declaração foi silenciada na comunicação social de regime. Se a conhecemos, muito se deve aos meios que o texto publicado pelo BE ataca. Tal como a entrevista do ex-Embaixador inglês na Síria (thegrayzone.com, 20.3.21).
1 comentário:
O BE cada vez mais a alinhar-se na via social democrata.Soros,pelo que dizem,paga bem.Bjo
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