João Ferreira e Sandra Pereira no País em defesa da ferrovia
Os deputados do PCP no Parlamento Europeu (PE) participaram em iniciativas e contactos para dar voz à exigência de que o investimento na ferrovia sirva a reconstituição de um sector nacional que responda às necessidades de desenvolvimento soberano e de mobilidade popular.
Urge investir na indústria e nas infraestruturas e reconstruir um sector público
Este objectivo foi vincado por João Ferreira numa declaração política, dia 31 de Março, a propósito do «Ano Europeu do Transporte Ferroviário», que a semana passada teve o seu início. O deputado no PE e dirigente comunista sublinhou, por isso, que «mais do que a mera sensibilização da população para a importância deste meio de transporte», a euro-jornada «deve servir para uma reflexão sobre a situação em Portugal, indissociável do enquadramento fornecido pelas políticas da União Europeia (UE)» e, nesse sentido, apontou «causas e responsáveis pelo desinvestimento e degradação da ferrovia, assim como as perspectivas que se colocam ao País neste domínio».
Quanto ao primeiro aspecto, João Ferreira considerou que as orientações da UE, «conduzidas no plano nacional pelos protagonistas da política de direita – PS, PSD e CDS» arrastaram «o sector ferroviário para a desarticulação e minimização que hoje evidencia».
Contas feitas, «perderam-se 1200 km de caminho-de-ferro e 20 mil postos de trabalho, fábricas foram fechadas e a CP, grande empresa pública nacional, foi desmembrada». O desinvestimento e degradação do sector também são mensuráveis se se lembrar que «desde 2003 não se compra um comboio em Portugal», pese embora «se preveja o fim do tempo de vida de muito do material circulante nos próximos 1 a 15 anos», acrescentou o deputado do Partido em Estrasburgo, para quem, «não obstante alguns passos positivos mais recentes – inseparáveis da iniciativa do PCP e da luta dos trabalhadores e das populações –, como a redução tarifária e a reversão de parte do desmembramento da CP, as necessidades que persistem sem resposta são estruturais e de monta».
Arrepiar caminho
O caminho que se impõe passa, por isso, por «recuperar a indústria ferroviária e o investimento nas infra-estruturas, reconstruindo um sector público, uno e de dimensão nacional», ao invés de aprofundar a mercantilização e liberalização do sector, com as consequências conhecidas ao nível da secundarização das necessidades do nosso povo e dos interesses do País, salientou ainda João Ferreira, que a propósito lembrou que «as conclusões de um relatório recente do Conselho Económico e Social Europeu (CESE)» afirmam que «três décadas de “mercado ferroviário” e de “harmonização técnica” não produziram os resultados ambicionados», e que, no mesmo texto, «a Alemanha e a França – que impuseram a desintegração do sistema ferroviário em países periféricos como Portugal, optando eles próprios por não a fazer – são apontados como os países europeus mais bem-sucedidos na ferrovia».
«É essencial que os fundos, nacionais e europeus, disponíveis para o investimento na ferrovia se orientem para o objectivo de reconstituição de um sector ferroviário nacional que responda adequadamente às necessidades de desenvolvimento soberano do País e assegure o direito das populações à mobilidade, num quadro de promoção de melhorias ambientais e de uma efectiva coesão económica, social e territorial», insistiu o dirigente comunista, antes de reiterar que «a modernização de infra-estruturas e do material circulante, a par da contratação dos trabalhadores necessários, devem ser articuladas com a incorporação de produção nacional, dinamizando a indústria de construção e manutenção». O que não dispensa «uma CP una e pública integrando a gestão das infra-estruturas e a operação de transporte de mercadorias e de passageiros».
Alentejo em foco
No dia 1 de Abril, João Ferreira esteve no Litoral Alentejano em iniciativas em Luzianes, Sines e Alcácer do Sal, onde denunciou a situação de populações condenadas por PS, PSD e CDS a «ver passar os comboios» e potencialidades económicas desperdiçadas pela carência ou mesmo inexistência de um serviço de transporte pesado na região e entre esta e Setúbal.
Já a deputada do PCP no Parlamento Europeu, Sandra Pereira, esteve no passado dia 29 de Março em Évora e no Alandroal em encontros e visitas a locais de passagem da linha ferroviária Sines-Elvas (Caia). Acompanhada, entre outros, por Carlos Pinto Sá, presidente da Câmara Municipal de Évora, e Carlos Reforço, do Grupo de trabalho da Direcção Regional do Alentejo do PCP para as infra-estruturas e mobilidade, Sandra Pereira defendeu a importância da reactivação, recuperação e ampliação da rede ferroviária na região, bem como da criação da plataforma de Évora com ligações capazes de potenciar o transporte de mercadorias e matérias-primas para Vendas Novas, Alandroal, Borba, Estremoz e Vila Viçosa.
Sandra Pereira esteve, também, na manhã desse mesmo dia, tal como o deputado do Partido na Assembleia da República, João Dias, no distrito de Beja, onde a Organização Regional do PCP chamou à atenção para o indispensável investimento na ferrovia na região.
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Dois aponta mentes
- A lembrança da luta nos anos 90, no PE.
rede trans-europeia - ligação fronteira França-Espanha - Galiza - Porto-Lisboa-Algarve
com ligação a outro traçado Lisboa-Madrid - fronteira Espanha-França
- A (des)importância crescente do Entroncamento,
no distrito de Santarém
S.R.
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