quinta-feira, abril 08, 2021

O transporte ferroviário e a sua importância

João Ferreira e Sandra Pereira no País em defesa da ferrovia

Os de­pu­tados do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu (PE) par­ti­ci­param em ini­ci­a­tivas e con­tactos para dar voz à exi­gência de que o in­ves­ti­mento na fer­rovia sirva a re­cons­ti­tuição de um sector na­ci­onal que res­ponda às ne­ces­si­dades de de­sen­vol­vi­mento so­be­rano e de mo­bi­li­dade po­pular.

Urge in­vestir na in­dús­tria e nas in­fra­es­tru­turas e re­cons­truir um sector pú­blico

Este ob­jec­tivo foi vin­cado por João Fer­reira numa de­cla­ração po­lí­tica, dia 31 de Março, a pro­pó­sito do «Ano Eu­ropeu do Trans­porte Fer­ro­viário», que a se­mana pas­sada teve o seu início. O de­pu­tado no PE e di­ri­gente co­mu­nista su­bli­nhou, por isso, que «mais do que a mera sen­si­bi­li­zação da po­pu­lação para a im­por­tância deste meio de trans­porte», a euro-jor­nada «deve servir para uma re­flexão sobre a si­tu­ação em Por­tugal, in­dis­so­ciável do en­qua­dra­mento for­ne­cido pelas po­lí­ticas da União Eu­ro­peia (UE)» e, nesse sen­tido, apontou «causas e res­pon­sá­veis pelo de­sin­ves­ti­mento e de­gra­dação da fer­rovia, assim como as pers­pec­tivas que se co­locam ao País neste do­mínio».

Quanto ao pri­meiro as­pecto, João Fer­reira con­si­derou que as ori­en­ta­ções da UE, «con­du­zidas no plano na­ci­onal pelos pro­ta­go­nistas da po­lí­tica de di­reita – PS, PSD e CDS» ar­ras­taram «o sector fer­ro­viário para a de­sar­ti­cu­lação e mi­ni­mi­zação que hoje evi­dencia».

Contas feitas, «per­deram-se 1200 km de ca­minho-de-ferro e 20 mil postos de tra­balho, fá­bricas foram fe­chadas e a CP, grande em­presa pú­blica na­ci­onal, foi des­mem­brada». O de­sin­ves­ti­mento e de­gra­dação do sector também são mensu­rá­veis se se lem­brar que «desde 2003 não se compra um com­boio em Por­tugal», pese em­bora «se pre­veja o fim do tempo de vida de muito do ma­te­rial cir­cu­lante nos pró­ximos 1 a 15 anos», acres­centou o de­pu­tado do Par­tido em Es­tras­burgo, para quem, «não obs­tante al­guns passos po­si­tivos mais re­centes – in­se­pa­rá­veis da ini­ci­a­tiva do PCP e da luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções –, como a re­dução ta­ri­fária e a re­versão de parte do des­mem­bra­mento da CP, as ne­ces­si­dades que per­sistem sem res­posta são es­tru­tu­rais e de monta».

Ar­re­piar ca­minho

O ca­minho que se impõe passa, por isso, por «re­cu­perar a in­dús­tria fer­ro­viária e o in­ves­ti­mento nas infra-es­tru­turas, re­cons­truindo um sector pú­blico, uno e de di­mensão na­ci­onal», ao invés de apro­fundar a mer­can­ti­li­zação e li­be­ra­li­zação do sector, com as con­sequên­cias co­nhe­cidas ao nível da se­cun­da­ri­zação das ne­ces­si­dades do nosso povo e dos in­te­resses do País, sa­li­entou ainda João Fer­reira, que a pro­pó­sito lem­brou que «as con­clu­sões de um re­la­tório re­cente do Con­selho Eco­nó­mico e So­cial Eu­ropeu (CESE)» afirmam que «três dé­cadas de “mer­cado fer­ro­viário” e de “har­mo­ni­zação téc­nica” não pro­du­ziram os re­sul­tados am­bi­ci­o­nados», e que, no mesmo texto, «a Ale­manha e a França – que im­pu­seram a de­sin­te­gração do sis­tema fer­ro­viário em países pe­ri­fé­ricos como Por­tugal, op­tando eles pró­prios por não a fazer – são apon­tados como os países eu­ro­peus mais bem-su­ce­didos na fer­rovia».

«É es­sen­cial que os fundos, na­ci­o­nais e eu­ro­peus, dis­po­ní­veis para o in­ves­ti­mento na fer­rovia se ori­entem para o ob­jec­tivo de re­cons­ti­tuição de um sector fer­ro­viário na­ci­onal que res­ponda ade­qua­da­mente às ne­ces­si­dades de de­sen­vol­vi­mento so­be­rano do País e as­se­gure o di­reito das po­pu­la­ções à mo­bi­li­dade, num quadro de pro­moção de me­lho­rias am­bi­en­tais e de uma efec­tiva co­esão eco­nó­mica, so­cial e ter­ri­to­rial», in­sistiu o di­ri­gente co­mu­nista, antes de rei­terar que «a mo­der­ni­zação de infra-es­tru­turas e do ma­te­rial cir­cu­lante, a par da con­tra­tação dos tra­ba­lha­dores ne­ces­sá­rios, devem ser ar­ti­cu­ladas com a in­cor­po­ração de pro­dução na­ci­onal, di­na­mi­zando a in­dús­tria de cons­trução e ma­nu­tenção». O que não dis­pensa «uma CP una e pú­blica in­te­grando a gestão das infra-es­tru­turas e a ope­ração de trans­porte de mer­ca­do­rias e de pas­sa­geiros».

Alen­tejo em foco

No dia 1 de Abril, João Fer­reira es­teve no Li­toral Alen­te­jano em ini­ci­a­tivas em Lu­zi­anes, Sines e Al­cácer do Sal, onde de­nunciou a si­tu­ação de po­pu­la­ções con­de­nadas por PS, PSD e CDS a «ver passar os com­boios» po­ten­ci­a­li­dades eco­nó­micas des­per­di­çadas pela ca­rência ou mesmo ine­xis­tência de um ser­viço de trans­porte pe­sado na re­gião e entre esta e Se­túbal.

Já a de­pu­tada do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu, Sandra Pe­reira, es­teve no pas­sado dia 29 de Março em Évora e no Alan­droal em en­con­tros e vi­sitas a lo­cais de pas­sagem da linha fer­ro­viária Sines-Elvas (Caia). Acom­pa­nhada, entre ou­tros, por Carlos Pinto Sá, pre­si­dente da Câ­mara Mu­ni­cipal de Évora, e Carlos Re­forço, do Grupo de tra­balho da Di­recção Re­gi­onal do Alen­tejo do PCP para as infra-es­tru­turas e mo­bi­li­dade, Sandra Pe­reira de­fendeu a im­por­tância da re­ac­ti­vação, re­cu­pe­ração e am­pli­ação da rede fer­ro­viária na re­gião, bem como da cri­ação da pla­ta­forma de Évora com li­ga­ções ca­pazes de po­ten­ciar o trans­porte de mer­ca­do­rias e ma­té­rias-primas para Vendas Novas, Alan­droal, Borba, Es­tremoz e Vila Vi­çosa.

Sandra Pe­reira es­teve, também, na manhã desse mesmo dia, tal como o de­pu­tado do Par­tido na As­sem­bleia da Re­pú­blica, João Dias, no dis­trito de Beja, onde a Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do PCP chamou à atenção para o in­dis­pen­sável in­ves­ti­mento na fer­rovia na re­gião.

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Dois aponta mentes

- A lembrança da luta nos anos 90, no PE.

rede trans-europeia - ligação fronteira França-Espanha - Galiza - Porto-Lisboa-Algarve 

com ligação a outro traçado Lisboa-Madrid - fronteira Espanha-França

- A (des)importância crescente do Entroncamento, 

no distrito de Santarém


  S.R.

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