Acompanhei todo o processo do referendo na Venezuela de longe.
Interessado, muito interessado, mas pouco disponível para poder avaliar todas as suas facetas e implicações.
Indignou-me a campanha pelo "não", pelo que dela ia conhecendo e pelo que dela adivinhava. Pessoalmente, muito me irritou aquela versão divulgada até à imposição como sendo "a questão", de que, a ganhar o "sim", Chavez estaria perpetuado no poder, o que era falso pois a reforma tinha a ver, nesse caso, apenas com a possibilidade de se repetirem mandatos sujeitos a sufrágio eleitoral. Como me agrediu, claro, toda a campanha orquestrada de fora para dentro, de descarada ingerência, ilustrada pelas reportagens de jornalistas portugueses e por aquelas inefáveis declarações do "observador" do Parlamento Europeu, deputado eleito nas listas do PSD e "democrata" até ao tutano...
O resultado foi o que foi, de menos de 51% para o "não", de mais de 49% para o "sim". À tangente, mas por um vote se ganha, por um voto se perde um referendo.
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Não escondo alguma tristeza por desejar que fosse outro o resultado, mas o que sobretudo sinto é preocupação pela força que este "não" pode dar aos que não desistem de meter a Venezuela "nos carris" do neoliberalismo, do capitalismo nesta sua fase que justifica o apôdo de selvagem.
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Por outro lado, deixa de se poder usar o argumento da falta de democraticidade "à maneira", pois a reacção dos defensores do "sim" foi verdadeiramente impecável, ao que nos chegou, e sabe-se como seria especulado qualquer mínimo passo ou frase em falso.
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Preocupado, porque os golpistas de 2002, de antes e de depois, com todos os apoios e meios de que dispõem, de tudo são capazes... com ou sem argumentos. E porque muitas esperanças têm nascido e se têm multiplicado vindas daquelas paragens.
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O resultado deste referendo alterou condições de uma luta política muito importante. E, a partir de um ângulo de observação interessada e comprometida, muito interessante.
12 comentários:
Resta-nos aguardar e acompanhar o desenvolvimento da situação por lá, mas é sem dúvida preocupante o que poderá daqui advir....
Exactamente: com ou sem argumentos, eles são capazes de tudo. E a desvergonha é tanta que vão continuar a utilizar o «argumento» da falta de democraticidade. Em todo o caso, mais de 49% é um resultado fabuloso...
Numa caixa de comentarios por aí:
"http://br.youtube.com/watch? v=YP...feature=related
-É ver nas ruas de Caracas o povo venezuelano celebrar a vitória sobre a tirania. Como gostam de cantar os amigos da esquerda, é caso para afirmar "o povo saíu á rua", ou "a liberdade tá a passar por aqui"!!!
O que pensará o embaixador oficioso da Venezuela, dr. Mário Soares, deste resultado? Por que nó te callas, gritou-se ontem em Caracas!!!
António de Almeida"
É só um combate que se perdeu, muito longe de uma batalha.
A luta continua e não há volta a dar, senão ir em frente e sempre!
Recomendo a leitura de
http://tirem-as-maos-da-venezuela.blogspot.com/2007/12/que-significa-derrota-no-referendo.html
é um longo mas fabuloso artigo sobre a actual situação da Revolução Venezuelana publicado no blog
http://tirem-as-maos-da-venezuela.blogspot.com
Silva Peneda está na Venezuela onde, em representação do Parlamento Europeu, fiscalizou o referendo ao projecto constitucional apresentado pelo presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Rafael Chávez Frías.
Escutado pelos "media" nacionais - que democraticamente ignoraram a posição dos cerca de 4,5 milhões de apoiantes do projecto - Peneda permitiu-se perorar sobre aquilo que, no seu democrático entendimento, caberia agora aos responsáveis venezuelanos fazer para entrarem no bom caminho. A saber: o capitalismo selvagem que até há bem pouco vigorou.
O senhor deputado há-de ter lido as determinações que a embaixada norte-americana sempre distribui aos seus súbditos nestas ocasiões, de molde a que reproduzam, sem equívocos, a "voz do dono". Mas anos de prática política - e que prática, senhores! - poderiam ter-lhe ensinado, pelo menos, a existência de países soberanos. Mesmo na América Latina, feudo tradicional dos USA.
E já agora, se não fosse pedir muito, poderia até ter-se calado. Afinal, sobra-lhe em arrogância o que lhe falta em legitimidade. É que na Europa, apesar de derrotado em referendo, o projecto constitucional federalista está de novo a ser imposto aos povos, sem discussão. E agora, ao que sabemos, sem referendo
Porquê capitalismo selvagem, Pedro Namora?
Não basta ser capitalismo para ser mau?
Afinal de contas foi o capitalismo, sem adjectivos, que sempre oprimiu e desviou a humanidade dos caminhos do amanhã que cantam; pois não é verdade que se não fosse o capitalismo, com ou sem adjectivos, todos viveriamos hoje bem melhor e mais prósperos?
Os venezuelanos que votaram não, por certo servos do imperialista-sionistocapitalista bush, deveriam ser já enviados para gulags!! Mas não perdem pela demora camarada!!
Hasta la victoria, perdon, la loucura!!!
Ó freeman que por aqui apareceu, cuidado com tanta euforia... ainda lhe dá uma coisinha má!
Que haja quem festeje a vitória do "não" nas ruas de Caracas não me espanta. A "tirania" permite isso. E aceita o resultado (menos de 51%-mais de 49%) com naturalidade. E preocupação. E continuando a luta, mesmo com regras que não são as suas.
Aquilo que os freemen defendem é que nem as próprias regras que impõem, nada democraticamente, respeitam quando os resultados lhes são desfavoráveis. Diferenças...
Quanto a essa gracinha do hasta la loucura, poupe-nos, por favor, ao seu finissimo humor (ou será outra coisa?). Venha quando quiser, esta é uma "casa aberta", de liberdade... mas não abuse!
Aqui há regras de convivência e civilidade. E cumprem-se!
Todos os processos revolucionários têm os seus problemas. seria lírico não pensar nisso. Os detentores do poder capitalista não o largam sem gastarem todas as suas armas que incluem o genocídio. Então como foi no Chile?!... Os "democratas" eurpeus também bem lhes ficaria se fizessem um referendo ao Tratado Constitucional. Mas, isso não. Ouvir o povo é doença de tirano sul-americano.
Hoje dia 4, ainda não quero falar nos resultados!
1,4% perder por tão pouco devido (não só, mas também) a excesso de confiança da votação?
GR
"Venha quando quiser, esta é uma "casa aberta", de liberdade... mas não abuse!"
Senão.. gulag?
rotfl!!!
Não estará a abusar da minha hospitalidade, seu... freeman?
Se continua, mando-o para... um goulag à sua escolha. É o que falta por aí, pelo seu freeworld.
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