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Com outro estado de
espírito, vou atirar-me ao trabalho, ao trabalho que tinha programado.
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Se os tomos I e II das
Obras Escolhidas são como que o repositório dos caboucos da vida, pensamento e
obra, o tomo III contém o que se pode considerar o salto qualitativo.
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Depois dos textos e
notas da juventude, ou de jovem idade, no Tomo I, em que se encontra toda a
consistência de uma posição perante a vida – e que fazer dela, da nossa, da que
só de cada um de nós é –, o que se ilustra num texto antológico como é “um
problema de consciência”, o Tomo II inclui a sua intervenção perante o
Tribunal Plenário (de 2 de Maio de 1950) e documentos vários da prisão (da
Penitenciária e de Peniche), entre Novembro de 1949 e Fevereiro de 1957.
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Entre textos e tomadas
de posição que, no plano partidário e/ou relativos à situação nacional e
internacional, estes documentos são peças do maior interesse, não só biográfico
mas – mais relevante – como afirmação de uma posição ideológica de uma firmeza
inabalável.
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É essa consistência e
coerência ideológica que atravessa toda uma vida que toma plena expressão no
Tomo III (mais de 800 páginas) que, como Francisco Melo sublinha no prefácio,
abrange um período de menos de dois anos (1964-1966) mas com documentos da
maior importância para a caracterização e relevância da intervenção de Álvaro
Cunhal.
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Nada menos que o Rumo
â Vitória (de Abril de 1964), Relatório da Actividade do CC ao VI
Congresso do Partido (de 1965) e a Contribuição para o Estudo da
Questão Agrária (de 1966)!
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Como antelóquio
escolhido pelo prefaciador lá está: “Uma exigência incondicional da teoria
marxista na análise de qualquer questão social é a sua colocação dentro de um
quadro histórico determinado, e depois, se se tratar de um só
país (por exemplo do programa nacional para um dado país), a consideração das
peculiaridades concretas que distinguem esse país nos limites de uma e
mesma época histórica.” citando Lenine.
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E é precisamente no
livro sobre a questão agrária em Portugal, editado no Brasil em 1968, mas com
um prefácio de Álvaro Cunhal, que o data de Fevereiro de 1966, e que foi a primeira
obra publicada de Cunhal que comprei e li.
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E confesso a verdadeira
impressão que o estudo, editado depois em edições avante!, com título
“mais modesto”, em 1976, me provocou – e mais me provoca! – como ilustração
de um exercício de teoria assimilada e testada, e posta em prática com base teórica.
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E em que condições foi ela
testada!
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voltarei aqui...
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