Uma
radiografia da crise do capitalismo
Por
Osvaldo Bertolino
Publicado
02.10.2013
O
livro “A grande crise capitalista global 2007-2013: gênese, conexões e
tendências”, que acaba de vir à luz pela Editora Anita Garibaldi e a Fundação
Maurício Grabois, é uma contribuição de peso para a compreensão dos fenômenos
que impulsionam a atual fase desta que é considerada uma das maiores crises da
história do capitalismo.
Organizado por Aloísio Sérgio Barroso e Renildo Souza, a obra contém um amplo
leque de análises, que compreende nomes destacados da academia brasileira,
pesquisadores que se dedicam a entender e explicar o complexo mundo da economia.
Como diz Luiz Gonzaga Belluzzo no belíssimo prefácio da obra, essa “rica
coletânea de textos de excelente qualidade (...) se inscreve no rol das mais
instigantes e abrangentes contribuições à vasta literatura internacional sobre o
tema”.
São palavras que remetem à reflexão. O grande desafio teórico para quem
pesquisa esse tema é decifrar o código da economia de crise. E isso não está em
nenhum livro em particular. Trata-se de um caminho que, como no ditado, precisa
ser desbravado à medida que se caminha. Desconsiderar essa premissa equivale a
sair à cata de mitos na tentativa de fugir da realidade.
Essa obra, portanto, não é apenas mais uma do balaio de gatos dos ditos
“gurus da economia” que frequentam a mídia para repetir fórmulas e frases
feitas. As ideias contidas no livro diferem substancialmente dos conceitos
voláteis que são propagadas por gente que ganha a vida montando frases de efeito
e expelindo perdigotos para vender uma realidade falseada, prática tão comum nos
dias que correm.
Ela é, antes de qualquer outra coisa, produto de pesquisadores que se
destacam como portadores do pensamento social. Em cada artigo, o leitor
encontrará interpretações consistentes. Ao final da leitura, fica a certeza de
que o livro radiografou o essencial da crise e gerou novas interpretações da
realidade, criou novos paradigmas e equações para entender e explicar o que
ocorre no complexo mundo de hoje. Por tudo, esta obra precisa ser estudada. Por
sua originalidade, pela seriedade e consistência, porque está bem escrita.
_________
Leia a apresentação do livro, de Aloísio Sérgio Barroso e Renildo Souza:
Este é um livro sobre o mais importante acontecimento da história econômica
dos últimos 70 anos. A presente crise do capitalismo é um divisor de águas.
Malgrado vieses da usual fixidez conceitual, seus fetiches – e semânticas –
deve-se vê-la transfigurada daquela devastadora e súbita dos anos 1930. Ademais,
passou a condição de referência central para as futuras configurações
geopolíticas e geoeconômicas. Depois de cerca de seis anos do seu início, a
análise das origens, causas e necessidade da atual crise torna-se um objetivo
fundamental para a compreensão do capitalismo contemporâneo.
Buscam-se então as trilhas das respostas fundamentais à cena econômica
mundial: quais foram os mecanismos econômicos que levaram à crise? Como foi a
operação desses mecanismos? Como evoluíram os atuais impasses mundiais, no
contexto das grandes transformações produtivas e financeiras das últimas três
décadas? Quais os impactos no mutante sistema de relações internacional? Quais
são as perspectivas econômicas, incidentes sobre um já grave quadro de
assimetrias de toda ordem, oriundas do apogeu neoliberal?
Este livro também enseja o contributo de 20 pesquisadores (as) brasileiros
(as) da Economia Política, de nível elevado e diversificado, aqui militantes
duma labuta intelectual no Sudeste, Nordeste, Sul e Centro-Oeste, além dos
convidados de fora do Brasil (Portugal e Inglaterra). Seguramente plural, as
análises apresentam explicações profundas e consistentes sobre a crise, escoimam
as teorias econômicas convencionais, ortodoxas, que oferecem apenas surpresa,
incredulidade e alegorias opacas reiterando suas justificativas ideológicas na
estabilidade, no equilíbrio e autorregulação dos mercados, espelho duma
superioridade natural e eterna do capitalismo.
Convictos estamos, assim, que as variadas teorizações aqui vicejantes são uma
contribuição avançada dum pensamento crítico multifacético. Na medida do
possível, esperamos que os textos sirvam para uma análise percuciente da grande
crise atual – esta, um transe espetacular e periculoso do regime do capital –,
com inédito impacto na vida dos trabalhadores e na soberania das nações. Do
mesmo modo, ensejamos que essas ideias retemperem nosso vigor e inspiração para
os combates anticapitalistas, na ordem do dia.
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