terça-feira, março 31, 2015

Reflexões lentas - desemprego e tempo livre

A "guerra dos números", ou do que eles possam representar na economia portuguesa (e na vida dos portugueses), atinge, por vezes, expressões que raiariam o ridículo e provocariam chacota se não fosse o que atrás ficou entre-parenteses (e entre-parenteses está...): a vida dos portugueses.
O desemprego, por exemplo. Publicaram-se os números de Fevereiro e foi a oportunidade da comunicação social ouvir "a oposição", ouvi-la falar do aumento de décimas de percentagem em relação ao mês anterior, e particularmente do número impressionante (e muito grave) do chamado desemprego jovem; foi a altura do governo "meter a viola no saco", interromper o alarido que vinha fazendo sobre a melhoria da situação económica, com uns leves trinados desafinados sobre a sazonalidade e outras palavras criptadas.
Sempre que ouço ou leio coisas destas, sobre emprego e desemprego, salta-me para a cabeça o "chapéu" que há décadas usei na Direcção-Geral do Emprego e me foi abruptamente tirado quando tanto estava na calha para ser concretizado (e, esperava-se, num quadro e com resultados sociais bem melhores que aqueles que confrontámos e estamos a confrontar) e, dado que cabelo não me falta na cabeça (outras coisas faltarão...)arrepelo-me. Até porque foi nessa área que cooperei, a nível da OIT/Nações Unidas e outras entidades, em Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique e Angla), e desses trabalhos retirei experiências e ensinamentos que me permitiram doutoramento. Adiante, que as reflexões (estas) não são sobre mim, ora reformado, mas sobre os que desempregados estão e, alguns desesperados e ofendidos, humilhados e  emigrantes.
O desemprego é uma doença social, e é urgente tomar-se consciência que a doença - que mais atinge os mais novos, e mais atingirá os que aí vêm a chegar ao mal chamado mercado do trabalho - resulta precisamente do modo como se encara o trabalho, e de como se fez dessa doença uma variável estratégica da capitalismo, enquanto sistema. Enquanto sistema baseado numa relação social de produção que divide os seres humanos em explorados e exploradores (estou a adivinhar sorrisinhos trocistas em alguém que tenha tropeçado, por mero acaso, nesta prosa e nela encontre apenas as frases batidas que, nem por isso - ou por isso mesmo - devem ser repetidas e não se fugir delas por serem por demais ditas e verdadeiras... ou será que só se devem repetir as mentiras para que em verdades se tornem?!).
Nestas reflexões, o que estou a usar é o meu tempo livre, aquele tempo que a Humanidade, no seu processo histórico (neste momento e lugar), nos libertou, aos contemporâneos e vizinhos. Teria sido libertados de ter de usar o tempo de vida para manter organizada a matéria de que somos feitos, procurando comida, roupa, tecto, remédio(s) e ajuda solidária para o que cura já possa ter. E temos de  dar o nosso contributo para que essa organização da sociedade nos dê, a todos, tempo livre e não desemprego, mais tempo livre por menos ser necessário tempo de vida dispendido para que, solidariamente, mais seres humanos tenham acesso a mais tempo livre. Para quê? Para conhecer, para aprender, para pensar, para pintar, para fazer e tocar música, para escrever, para trabalhar, por gosto e jeito, a madeira, o ferro, a terra. Para viver humanamente.
Tempo livre versus  desemprego, a mesma raíz para dois troncos bem diferentes. Um com as flores do futuro, outro pôdre. 
Já disse e já escrevi isto de outras maneiras e feitios? De certo que sim... mas só se podem repetir, sem reparo, os números das estatísticas, mês a mês, com argumentos de sazonalidade e outras palavras terminadas em dade? 
Segue a "guerra dos números", destes, no próximo mês. Entretanto, haverá outras. Não faltarão. Temos é de procurar, sempre, a essência das "cousas".  

Num dos muitos balanços da vida

O livrito saiu, na série cadernos de aponta mentes, em princípio só para uso interno, isto é, de família -sobretudo dos netos, a quem foi dedicado - e de amigos. Ganhou algumas asas... e deu azo a apoiantes e a dois apresentadores "de luxo" (a meu critério e significado de "de luxo"). Entre os apoiantes, um nome-que-são-dois, a GR e o Alex, os apresentadores: Miguel Tiago e Rogério Reis (em Espinho e Unicepe). E teve a surpresa de leituras de pedaços (coisas...) como a de Rui Vaz Pinto, que me emocionou ña posição de autor "daquela coisa" e ouvinte do que foi transfigurado em poema muito bemdito. E mais coisas... como a surpresa de gente e caras amigas nas assistências.
Valeu a pena tê-lo escrito e editado!   




Para o comprovar aqui fica, para "memória futura", esta apresentação do Rogério, que, só por si, justificaria a edição do livrito. Para que fosse escrita e lida, para além da amizade que mostra e que tanto me/nos acalenta.






que, inconformado com a sua própria condição humana, tem consciência de contribuir para a sua própria construção na construção transformadora de um mundo novo.
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(fim de citação!, num final em que me revejo neste e noutros balanços... da vida vivida)

Eleições na Madeira




Ver vídeo

CDU nas Eleições Regionais da Madeira

A maior expressão eleitoral de sempre

O resultado da CDU, é um resultado que, expressando o reconhecimento do percurso de trabalho e coerente intervenção do PCP e da CDU, se constitui como reforçada garantia de uma acção em defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo nas muitas lutas que a partir de amanhã é necessário continuar a travar contra a ofensiva do governo e por uma política alternativa.
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Tomando os resultados eleitorais
como um termómetro 
que mede a "temperatura das massas",
sublinha-se também a elevada abstenção,
o verdadeiro desastre da coligação
promovida pelo PS
e os votos de protesto 
que se perderam
quer por esporádicas "válvulas de escape"
quer por votos em símbolos
propositamente criados e mantidos
para fazer confusão.
Tudo o que vem  reforçar
os números da CDU! 


domingo, março 29, 2015

Hoje, neste domingo

Inauguração da «Rua Álvaro Cunhal» em Santarém

 

 

 

 

 

 

Inauguração 

da «Rua Álvaro Cunhal» 

em Santarém



Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Santarém, Comício «Não ao declínio nacional! Soluções para o País»

 

"Juntem-se a nós

na marcha nacional

 do dia 6 de Junho,

 pela libertação

e dignidade nacionais 

por uma política patriótica 

e de esquerda"

Para este domingo



Há gente
 (da melhor!) 
que descobre cada uma...
Obrigado, Fausto!

Agenda

Lá estaremos!
Não na Madeira
(onde bem gostariamos de estar
...se pudéssemos ajudar,
com o nosso voto,
a um bom resultado  na CDU),
mas em Santarém,
nas duas iniciativas!

sábado, março 28, 2015

À boleia n'uma volta ao mundo das ideias económicas

Acabadinho de chegar ao Zambujal, ao meu cantinho, depois de cumprir o programa na Universidade Popular do Porto, com duas sessões de conversa animada (e muito útil... para mim, pelo menos) a partir de artigo para homenagem a Avelãs Nunes, já tinha à espera esta foto do Zé Pedro. Obrigado. 

Foram dois dias repletos, em que o convívio e a amizade estiveram sempre presentes de forma indelével.
Um pouco cansado, mas com o profundo sentimento de que assim vale a pena viver. E lutar. Com solidária confiança no futuro. 

sexta-feira, março 27, 2015

PCP - primeiro balanço da CPI sobre o BES

apesar de ser um primeiro balanço, 
já é muito esclarecedor
... para quem se quiser esclarecer
a partir de uma perspectiva
que vá para alémdo personalizado, 
do factual e do curto prazo!

quinta-feira, março 26, 2015

Juventude trabalhadora em Luta:

Manifestação em Lisboa,

SÁBADO, 14h30 na Praça da Figueira

em Lisboa



"Nós não aceitamos que o desemprego e a precariedade queimem os nossos sonhos, o medo quebre o nosso futuro, a austeridade esmague o nosso presente. Temos direito a trabalhar, viver e ser felizes no nosso país! Exigimos emprego seguro, melhores salários e mais direitos! Exigimos que as nossas habilitações e competências sejam valorizadas e a actividade profissional dignificada! Sabemos que vale a pena lutar, que unidos vamos conseguir uma vida melhor! O pacto de agressão da troika e dos governos com políticas de direita, com os cortes nos salários, a precariedade e o desemprego e o retrocesso nos direitos, acentuaram a exploração e as desigualdades. É urgente romper com esta política que serve unicamente os interesses do grande patronato! É urgente derrotar a política de direita, que nos deixa a meio do mês a contar os trocos, que nos leva a deixar a família e os amigos para procurar trabalho no estrangeiro."

Dias Lourenço - centenário

Recebi esta informação, que muita satisfação me deu por representar uma justíssima  homenagem a um homem que muito admirei, com quem muito aprendi. Não posso, no entanto, deixar de dizer da minha estranheza - que estranheza não será... coisas da dialéctica! - por a informação não fazer referência ao que foi a característica mais relevante da vida de Dias Lourenço. Dias Lourenço foi "figura de relevo da história social e política portuguesa" enquanto comunista, enquanto membro do Partido que tomou para a sua vida ao serviço dos trabalhadores e do povo.  
Com esta informação, o camarada Dias Lourenço recusaria tal homenagem. Apesar disso, eu estaria presente, também para dizer o que escrito fica, se houvesse oportunidade. Não poderei estar presente por estar no Porto numa actividade na Universidade Popular, e desejo o maior sucesso para a iniciativa.
O homem e camarada Dias Lourenço bem o merece.

Reflexões lentas - Banco de... Portugal?, Governo de... Portugal?

Acabo de ouvir que acabou a comissão parlamentar ao "caso BES" (pelo menos a título provisório..., ou nesta fase porque, pelo menos, haverá o relatório e a sequência das propostas deste) .

Assisti, no canal TVdirecto da Assembleia da República, a algumas sessões dessa comissão, em que muito aprendi. Sobre o funcionamento da comissão propriamente dita, sobre o aproveitamento político desse funcionamento, revelado pelos resumos noticiosos das sessões - quem e o quê se promovia, quem e o quê se silenciava -, sobre o modo como actuam os agentes do capitalismo financeiro-bancário, sobre a falta de respeito pelos representantes eleitos da parte de alguns dos inquiridos (apesar do tratamento polido... e hipócrita), sobre a ausência de ética na forma escandalosa de "sacudir água do capote" e atirar com a lama para os sapatos do vizinho, sobre amnésias desresponsabilizadoras e recursos desavergonhados ao estratagema de não se poder violar vários segredos (invioláveis, claro), sobre pedradas entre telhados de vidro com forma de submarinos ou de helicópteros, sobre... tudo.
E, ao chegar a casa, e a este canto de lentas reflexões "blogáveis", antes de retomar questões pendentes sinto necessidade de  desbafar, sem intenção de me antecipar a qualquer conclusão. Desabafo reflectido e reflectindo uma lembrança...
Quando da  decisão sobre os Estados-membros a serem "in" e a decisão de Estados-membros que optariam por ficarem "out" (em 15, três foram), retive um argumento de responsáveis suecos, parlamentares ou membros do executivo, que diziam querer ficar de fora do €uro (e da União Económiva e Monetária, com o seu Banco Central Europeu) porque não queriam que o banco central da Suécia (Sveriges Riksbank), que será o mais antigo banco central do mundo, se viesse a tornar num mero balcão do BCE.
Pois do trabalho desta comissão parlamentar de inquérito ao BES/GES  fica a comprovação claro de que o Banco de Portugal se tornou num "balcão" do Banco Central Europeu, sobre o qual o Governo português, que se funda no funcionamento da democracia portuguesa, não tem qualquer capacidade de intervenção... Apenas terá que providenciar para que exista a legislação necessária para a aparência de legalidade de execução das ordens dimanadas dos arranjos entre a sede de Frankfurt do BCE e o seu "balcão" de Lisboa, para se resolverem problemas particulares deste.  

quarta-feira, março 25, 2015

segunda-feira, março 23, 2015

Reflexões lentas - os critérios da comunicação social

É verdade que há muita matéria a informar. E que não se pode informar tudo de tudo. Pelo que é evidente que que há que estabelecer critérios de selecção. 
Pensava nisto ao voltar de um almoço de aniversário do PCP (do 94º!), com cerca de 250 participantes, numa povoação do concelho de Torres Novas, com a presença e intervenção de João Oliveira, presidente do Grupo Parlamentar do PCP.  Em que não vislumbrei uma câmara de televisão, um microfone com um nome de orgão da c.s. colado, uma máquina fotográfica daquelas de profissionais, uma esferográfica a tomar notas para sair num jornal. 

Somavam-se, estas reflexões, a outras que trouxera de Lisboa, depois de ter estado presente e intervido num seminário sobre o Euro e a União Económica e Monetária-constrangimentos e rupturas, organizado pelo PCP e pelo Grupo do Parlamento Europeu em que os deputados do partido estão confederados, seminário em que participaram, além dos deputados portugueses e vários outros intervenientes, uma deputada espanhola (IU) e dois deputados, um de Chipre (Akel) e outro da Irlanda (Sin Fein), do mesmo grupo, com uma intervenção de encerramento do membro da Comissão Política do CC do PCP Àngelo Alves(http://www.pcp.pt/euro-uniao-economica-monetaria-constrangimentos-rupturas), iniciativa que não vira anunciada em nenhum outro orgão de comunicação social que não o partidário (os blogs, particularmente este, não contam). E, no "expresso" de regresso a casa, pensava no facto de não ter visto nenhuma câmara de televisão ou qualquer personagem com ar de jornalista. A sala do hotel estava cheia, mas só de gente interessada nessa coisa de somenos que é o euro e a UEM, e a situação de países que passaram e passam por "intervenções de ajuda comunitária" troikulenta, Estados-membros periféricos e caídos na ratoeira da  dívida.
O Euro e a União Económica e Monetária. Constrangimentos e Rupturas
E as reflexões concluem com a convicção de que, se em qualquer das iniciativas - tão díspares - tivesse estado Jerónimo de Sousa, teria havia gente da comunicação social em serviço de agenda. Para quê? Para darem notícia das iniciativas do PCP em que estariam presentes profiissionalmente? Não! Para, cumprindo critérios editoriais, perguntarem a Jerónimo de Sousa o que é que ele pensava, por exemplo, da "lista do VIPs do fisco".

Já agora, em termos de agenda, amanhã participarei (já hoje!...) participarei numa iniciativa em Espinho e compreensível é que ninguém, além de camaradas e amigos, me dedique um som, uma imagem, uma palavra escrita. Em contrapartida, acho muito negativo - em termos de comunicação social - que só tenha sabido da iniciativa abaixo referida pelo "site" do Partido, e que não tenha grandes esperanças de vir a saber como correu a não ser pela mesma via de circuito fechado. Ou cercado! 

Audição Parlamentar «A dívida, o euro, a crise: causas e saídas para um Portugal com futuro»

23.03.2015 - Faro

Audição Parlamentar descentralizada «A dívida, o euro, a crise: causas e saídas para um Portugal com futuro», pelas 15h00, na Sala de Actos da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve (Campus de Gamelas), em Faro.
A abertura da audição será feita pelo Sr. Reitor da Universidade do Algarve, Professor Doutor António Branco.
O debate terá a participação de:
- Professor Doutor Rui Nunes - Presidente da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve.
- Ricardo Oliveira – Economista e membro do Comité Central do PCP.
- Doutor Eugénio Rosa – Economista.
- Paulo Sá – Deputado do PCP na Assembleia da República.

A ver (não) vamos!

sábado, março 21, 2015

O Euro e a UEM - seminário

Para 
O Euro e a União Económica e Monetária
- constrangimentos e rupturas

20.03.2015

Isolar o facto (por mais relevante historicamente que ele seja) do processo em que o facto se tem de inserir, quer no tempo, quer no espaço, é como retirar o texto do contexto, é como fazer omeletes sem ovos, estudar ovos ignorando galinhas.

A criação de uma moeda única para a integração económica no continente europeu não surgiu porque algumas cabeças privilegiadas (de tal encarregadas) assim o resolveu, mas construiu-se em sessões várias de compromissos e consensos. Em que também houve oposição, sem capacidade para a impedir, dada a correlação de forças sociais, das classes, nos níveis nacionais então prevalecentes, tendo os Estados-membros a sua reserva de soberania.
Temporalmente, refere-se o após Tratado de Maastrich, que veio crismar como União Europeia este processo de integração regional a passar de 12 para 15 Estados-membros (e não 16 porque o povo norueguês não o quis… como agora desistiu o governo da Islândia), numa associação a preparar-se para, no quadro de um assalto dito de globalização, absorver países do centro e leste europeu.
Mas poderia recuar-se duas décadas e meia e referir o ensaio falhado do Plano Werner de criar uma moeda única para os 6 Estados fundadores. De que resultou a substituição do A de aprofundamento pelo A de alargamento, com a entrada da Dinamarca, da Irlanda e do Reino Unido (e a primeira nega do povo norueguês), parecendo então necessário configurar uma outra estratégia, ou um adiamento estratégico, face a uma explosão de “crise” no sistema capitalista, a do começo dos anos 70, num contexto de confronto real, ao nível de Estados, com o socialismo.
Nos anos 90, a passagem dum tempo a outro – para além da mudança de designação de Comunidades para União Europeia e da alteração de número de membros – revela a assimetrização do espaço em integração e a formação de uma periferia à volta de um núcleo super-imtegrado, o que cumpria a dinâmica prenunciada no relatório Tindemans, de 75. E teria de reflectir, também, a mudança na correlação de forças inter-classes, dado o desaparecimento da União Soviética e dos países socialistas europeus, aliás intérpretes de um processo de integração económica, o COMECON, de 49, anterior à CECA e à CEE e Eurátomo.
Nestes anos, o sistema capitalista – os seus próceres –  arroga-se sistema mundial (e pensamento) único e final da História, com a insistência na globalização que substituiria o confronto de sistemas, e o imperialismo em cuja fase se dizia que estava. E em que permanece…
O terreno parecia liberto de constrangimentos maiores e, no espaço em integração, possibilitava juntar uma periferia leste à que, a sul (mais Irlanda) se formatava. O que ainda mais exigiria uma dinâmica de transferências para cumprimento do princípio, afirmado no Acto Único, de coesão económica e social, que a prioridade para o mercado interno vinha secundarizando até o apagar na prática (e no léxico), assim se agudizando a assimetria da interdependência, formulação adoptada, anos antes, em Cimeira dos países não-alinhados.
Entretanto, foi na sequência do mercado interno que se continuou a dar prioridade às vertentes económica e monetária, sobretudo a esta depois da determinada opção ideológica neo-liberal e monetarista da 2ª metade dos anos 70.
Dessa opção, com efeitos relevantes relativamente à alternativa de coexistência pacífica, derivou, em Maastrich, a Conferência Inter-Governamental dedicada à criação da União Económica e Monetária, a par de uma outra para os passos seguintes, necessários a uma União Política.
Assim, com a criação da UEM, o capitalismo procurava superar, no âmbito da integração europeia, uma crise larvar que vinha desde a declaração unilateral da inconvertibilidade do dólar (Nixon, 15.08.71), e para que a unidade de conta écu fora remedeio e não remédio.
Se passo em frente num descaminho, não se poderia esperar que o euro, tal como criado e enquanto instrumento, superasse a crise larvar. Não só o euro. Também o Banco Central Europeu, enquanto instituição criada com seus objectivos e competências, e à margem de qualquer resquício de democraticidade.
Tratava-se de mecanismos, instrumento e instituição, impostos com pendor federal, sem controlo das soberanias nacionais ou de outras instituições comunitárias com vínculos (ainda que indirectos) aos povos dos Estados-membros. Mas, evidentemente, com controlo directo e submissão ao capital financeiro transnacional…
Esta foi a leitura feita na busca permanente de coerência com uma leitura da História. Com ela teria de ser coerente quer a participação no processo de criação da UEM – muito monetária e pouco ou nada económica –, quer a sua votação, ainda que aparentemente mero ritual homologatório. Essa leitura teria de se inserir no tempo em História, que transcende o tempo do facto ou dos factos.
A criação da moeda única e do BCE é um momento numa fase de sistema que procura, pela via da especulação, sobreviver ao contrariar o que resulta da sua própria dinâmica, com leis tendenciais que impedem a acumulação de capital material como fruto – e único alimento real – de uma relação social que o define como sistema.
Teve o maior significado para nós, nesta frente de luta, a participação no processo de criação e nos actos formais de adopção. Se, na existente correlação de forças, se entendia a UEM como uma imposição de classe para contraditar a crise larvar, embora agravando contradições intrínsecas e insuperáveis, quer a participação, quer a votação só podiam ser uma resposta também de classe.   
O voto do PCP no Parlamento Europeu foi a expressão de uma posição sobre o sistema e o modo como o projecto foi conduzido e os interesses que servia.
Como está na declaração de voto de 2 de Maio de 98, não foi um voto contra a estabilidade de preços, o equilíbrio orçamental, o controlo da dívida; foi, sim, um voto contra a futura utilização de instrumentos e instituições para impor estratégias que prosseguiriam e agravariam a concentração de riqueza, aumentariam e tornariam estrutural o desemprego, agudizariam assimetrias e desigualdades, criariam maior e nova pobreza e exclusão sociais, diminuiriam soberanias nacionais e acresceriam défices democráticos.
E agravariam as condições que tornam evidente a crise larvar e provocam as suas explosões periódicas.
Foi sublinhado, igualmente, que se tratou de um voto que prevenia o decorrente privilégio de zonas geográfico-monetárias e a partilha de influência entre grandes famílias partidárias, numa evidente polarização do poder que viria condicionar todas as políticas dos Estados enquanto Estados-membros.
Foi essa, então, a posição dos deputados do PCP no Parlamento Europeu, em representação dos interesses nacionais. No voto contra foram acompanhados por 10 membros do grupo que integravam e por 52 outros, com mais 24 abstenções (das quais, 6 do grupo).

Hoje, passada década e meia, muitos mais se juntariam a esse NÃO à moeda única, entre eles alguns que festejaram euforicamente o que chamaram (cito) “acontecimento singular”, orgulhosamente colocando Portugal “na primeira fila dos países fundadores” (do euro), e que só agora descobriram – e escandalizados denunciam – o que, então, anatematizaram como presságios de mau augúrio vindos de gente perversa ou perversamente etiquetada, augúrios que a realidade veio, afinal, confirmar. Com os gravíssimos danos sociais, humanitários, que se confrontam. Hoje.
A luta continua. Contínua.

Sérgio Ribeiro    










UPP - seminário de 27-28.03.2015





no dia de hoje - da poesia


Com a ajuda
(de sempre/para sempre)
do Zé Casanova

sexta-feira, março 20, 2015

BRASIL-Informemo-nos



Resposta a quem me perguntou 
se não tinha havido manifestações 
"do outro lado"!

Agenda

Seminário
O Euro e a União Económica e Monetária –
– constrangimentos e rupturas
(promovido pelo GUE/NGL)
Sexta-feira, 20, às 14h30,
no Hotel Sofitel (Av. Liberdade, Lisboa)
com os deputados do PCP ao PE

João FerreiraInês Zuber e Miguel Viegas

Tomarão a palavra os deputados do PCP ao Parlamento Europeu, João Ferreira, Inês Zuber e Miguel Viegas; Ângelo Alves membro da Comissão Política do CC do PCP; Stavros Evagorou do AKEL (Chipre), Paloma Lopez Bermejo da Esquerda Unida –Esquerda Plural (Espanha) e David Cullinane do Sinn Fein (Irlanda). 
E não só...

quinta-feira, março 19, 2015

T(á)Visto

 - Edição Nº2155  -  19-3-2015
O império ao ataque

O canal Fox Crime, acessível a pelo menos grande parte dos telespectadores que não se limitam a receber os quatro canais supostamente gratuitos mas de facto pagos porque incluídos na factura da energia eléctrica, permite que se veja e eventualmente reveja a série britânica «Midsomer Murders», produto que um telespectador já um dia qualificou de «viciante» no melhor dos sentidos que a palavra pode ter: «viciante» porque os seus méritos, que são muitos, injectam a apetência de os ver e rever. «Midsomer Murders» é, assim, um produto exemplar da quase mítica «qualidade britânica» porventura em vias de extinção, se não já extinta, e vem funcionando no Fox Crime como factor de atracção e fixação de espectadores. Acrescente-se que o canal bem precisa disso, pois as restantes séries que transmite, geral ou totalmente «made in USA», não estão próximas da mesma qualidade, bem pelo contrário, e mesmo a recente inclusão de uma segunda série britânica baseada em obras de Agatha Christie não parece capaz de igualar o justificado poder de atracção dos episódios de «Midsomer Crimes» cuja repetição, é certo, já começa a ultrapassar a saciedade. Ora, a inclusão neste espaço de todas estas informações um pouco fúteis explica-se pela circunstância de recentemente ter surgido no Fox Crime uma série intitulada «Os Americanos» («The Americans») cujo surgimento é, mais que significativo, verdadeiramente eloquente. O autor dos argumentos da série, Joseph Weisberg, é um ex-oficial da CIA que, em rigor, prossegue nesta sua actual função o trabalho de propaganda política anti-soviética e agora anti-russa desenvolvido pela instituição de que foi funcionário qualificado. E, porque podemos ser crédulos mas convém não exagerar, entendamos que o lançamento de «The Americans» não acontece por acaso e tem um significado.

Com todos os riscos
O centro narrativo de «Os Americanos» é um casal de agentes do KGB que se infiltra nos Estados Unidos simulando ser um casal norte-americano para eficazmente cumprir as suas tarefas obviamente sinistras. Em torno, a série «denuncia» os métodos inescrupulosos e crudelíssimos que são típicos dos comunistas em geral e dos soviéticos em especial. A acção decorre nos primeiros anos da década de 80 e o seu clima sócio-político é o da Guerra Fria no seu topo. Assim, ocorre naturalmente perguntar qual o motivo deste regresso agora, quando a Guerra Fria deveria ser apenas um pesadelo ultrapassado, e ocorre também a resposta mais plausível: porque os Estados Unidos estão de facto a relançar a Guerra Fria em diversas frentes e, assim, aparentemente dispostos a pôr em risco a própria sobrevivência global, pelo que lhes convém a telepropaganda de guerra. A ofensiva ocorre com evidência na Ucrânia e no que pode ser designado como «a Frente Leste», pois as frequentes provocações de cariz militar ocorrem na área da Finlândia e dos países bálticos, a coberto da NATO e com a lamentável participação de aviões portugueses. Mas nem todos os aspectos dessa ofensiva «cheiram a pólvora», digamos assim, e é sabido, ainda que pouco divulgado no «Ocidente mediático», que os States estão também empenhados em ofensivas políticas nas Américas Central e do Sul, com óbvio e especial vigor contra a Venezuela mas também contra outros estados da região, designadamente o Equador de Rafael Correa, a Bolívia de Evo Morales, o Perú de Ollanta Humala, a Argentina de Cristina Kirchner, isto sem falar de Cuba e com um pedido de perdão por algum país que nos esqueça mas não escapará decerto aos cuidados da CIA. E agora, pelo que se sabe e pelo que se vai entendendo (pois não temos a obrigação de sermos parvos), é também a vez do Brasil, cuja presidente nunca agradou aos poderes de Washington. Relacionar tudo isto, e mais o que já não cabe aqui, com a manifesta subida das direita e extrema-direita nos Estados Unidos, não é sucumbir a uma suposta «teoria da conspiração»: é perceber que os Estados Unidos optaram por passar ao ataque. É fazer o que não querem que façamos: entender.

Correia da Fonseca 

Coisas da arca do velho - conversar é preciso


Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL

Próximas atividades Unicepe: 

2015-03-24, terça-feira, 18h: "Coisas da Arca do Velho". A propósito do "caderno" de Sérgio Ribeiro, conversa com o Autor animada por Rogério Reis. 

2015-04-01, quarta-feira, das 22 às 23.30 h: Roda de choro do Porto

2015-04-10, sexta-feira, 18h: lançamento do livro "Horizontes da Literatura - Pessoa em Saramago", de João Cabrita 

2015-04-18/19, sábado/domingo: Visita cultural a Lugo em parceria com o Clube Fenianos Portuense. Guia: Adele Figueroa Panisse

2015-04-23, quinta-feira, 18h (esta é a nova data) lançamento do livro "Auschwitz, Um dia de cada vez", de Esther Mucznik, com a presença da Autora 




Praça Carlos Alberto, 128-A 
4050-159 PORTO 
Telefone 222 056 660

quarta-feira, março 18, 2015

Valorizar o trabalho, trabalhar com direitos


Campanha da CGTP-IN de Informação e Acção sobre Direitos Laborais
"VALORIZAR O TRABALHO / TRABALHAR COM DIREITOS"
visa:
- Informar os trabalhadores e trabalhadoras da existência e importância dos direitos laborais.
- Afirmar, valorizar e defender os direitos laborais - individuais e colectivos – e reforçar o papel e a acção dos sindicatos para a sua efectivação.

No âmbito desta campanha, existem 18 PÓLOS DE ATENDIMENTO ao seu dispor, em:
Aveiro (usaveiro@cgtpaveiro.org - tlf.: 234377320/968494535)
Beja (usdbeja@mail.telepac.pt – tlf.: 284322095)
Braga (usbraga@gmail.com – tlf.: 253217867 /8/964248177)
Bragança (usbraganca@sapo.pt – tlf.: 273333454)
Castelo Branco (uscb.cgtp@gmail.com – tlf.: 275335846)
Coimbra (usc.cgtp@gmail.com – tlf.:239851580/3)
Évora (usde@mail.evora.net – tlf.: 266737900)
Faro (cgtp.algarve@gmail.com – tlf.: 289094237)
Guarda (usguarda@gmail.com – tlf.: 271211977)
Leiria (uniaoleiria@usdl.pt – tlf.: 244825756/61)
Lisboa (vfxira@uniaolisboa-cgtp.pt – tlf.: 263272979)
Portalegre (usna@simplesnet.pt – tlf.: 245201329)
Porto (info@usporto.pt – tlf.: 225198600)
Santarém (geral@cgtpsantarem.org – tlf.: 243309670)
Setúbal (uss@mail.telepac.pt – tlf.: 265544260)
Viana do Castelo (usvc@nortenet.pt – tlf.: 258823388/258822468)
Viseu (uniao.viseu@mail.telepac.pt – tlf.: 232436277 / 232411171)

Contacte o/a seu/sua representante sindical no local de trabalho, recorra ao seu sindicato ou dirija-se ao Pólo de Atendimento na União de Sindicatos da CGTP-IN mais próxima. Estamos cá para o/a defender e ajudar na resolução dos conflitos laborais.