do DIÁRIO DE NOTÍCIAS;
Estudante de Leiria:
"Só quando chegámos a Portugal é que vimos alarmismo"
“Na China o clima é de calma e tranquilidade. Só
quando chegámos a Portugal, na segunda-feira [10 de fevereiro], é que
percebemos o alarmismo". Rodrigo Mendes,
20 anos, aluno do curso de Tradução e Interpretação Português-Chinês/Chinês-Português,
do Instituto Politécnico de Leiria, é um dos 21 estudantes portugueses que
regressaram de Pequim na segunda-feira passada, por causa da propagação do
coronavírus - cujo nome oficial é Covid-19.
A viagem de Pequim para Portugal estava marcada para o
início de julho, mas a maioria dos estudantes portugueses acabou por regressar
antecipadamente, "sobretudo
porque os pais estavam preocupados e contactaram o IPL nesse sentido",
contou ao DN o jovem estudante.
Natural de Leiria, Rodrigo Mendes faz parte do grupo
de alunos que em setembro passado chegou à China para estudar durante um ano,
tal como consta do protocolo assinado pelo IPL com as universidades chinesas.
De acordo com o estipulado, os alunos do curso de
Português-Chinês/Chinês-Português frequentam o primeiro ano em Leiria, o
segundo em Pequim e o terceiro em Macau. No quarto ano regressam a Portugal, já
para estágio.
Rodrigo veio passar o Natal com a família, em Leiria, e regressou à China a
6 de janeiro, pronto para iniciar o segundo semestre. Mas quando chegou
percebeu que não haveria aulas tão cedo, à conta do vírus. Ainda assim, conta ao DN que ele e os amigos continuaram "a
fazer uma vida normal", seguindo as indicações recomendadas
pela OMS (Organização Mundial de Saúde): sair
à rua de máscara, lavar bem as mãos, e sujeitar-se ao controlo de temperatura
que é feita em todos os locais públicos de maior afluência. "Numa
das vezes assisti ao caso de uma pessoa que tinha temperatura mais alta que o
normal, e imediatamente a polícia chamou uma ambulância que a levou para o
hospital", conta Rodrigo, que porém não conheceu ninguém que
tivesse sido infetado, ao contrário de outros portugueses que conhece, noutras
cidades, e que foram relatando alguns episódios e estabelecendo contactos com a
embaixada portuguesa para poderem regressar ao país.
"Vi um povo a mobilizar-se"
"O que eu vi foi um povo a mobilizar-se para
controlar o vírus, sempre com tranquilidade. Não se vê uma pessoa sem máscara, percebe-se que as autoridades chinesas
estão a fazer tudo para controlar o vírus. Só quando chegámos a Portugal é que
vimos alarmismo, a começar logo pela nossa chegada ao aeroporto", acrescenta Rodrigo. O grupo, constituído por 21 estudantes, vinha de
máscara. Já era esperado pelas autoridades e gerou-se todo um aparato.
"Pelo adiamento das aulas nas instituições
chinesas, por tempo indeterminado, do início do 2.º semestre, os nossos
estudantes, com o nosso apoio, decidiram regressar a Portugal", esclareceu ao DN fonte do Politécnico de Leiria, que confirma ter estado
no aeroporto a receber os 21 estudantes, "tendo sido seguidas as recomendações
das autoridades de saúde".
A cooperação do Instituto com as universidades
chinesas teve início em 2006 e pressupõe a realização de programas de
mobilidade de estudantes e de docentes. "Os estudantes podem sempre regressar a Portugal no período
referente às pausas letivas existentes nas instituições de ensino superior
chinesas, nomeadamente no contexto das celebrações do ano novo chinês",
acrescenta a mesma fonte da direção.
Por causa do coronavírus, as aulas do segundo semestre
ainda não se iniciaram na China. Por esta altura não há ainda data para esse
recomeço. Porém, há cinco estudantes do Politécnico de Leiria que decidiram não
regressar a Portugal "por sua vontade". Rodrigo
sublinha que consegue perceber essas colegas. "Estudar e viver lá é uma boa experiência. Eu nunca pensei que
fosse gostar tanto", conta ao DN, ele que partilha uma residência
universitária com os colegas de Leiria mas também com outros, do mundo inteiro.
Entre os estudantes portugueses que não quiseram ainda
voltar está também uma aluna da Universidade de Coimbra (UC). A jovem é aluna
da Beijing Foreign Studies University, em Pequim. "A Divisão de Relações Internacionais tem estado em contacto
frequente com essa estudante, que se encontra bem de saúde e não manifestou
qualquer interesse em antecipar o regresso a Portugal", refere
fonte da UC, que desde 1994 até hoje tem em vigor cerca de 50 protocolos de
cooperação com instituições da República Popular da China.
Por esta altura o Ministério dos Negócios Estrangeiros
(que tutela o Instituto Camões, ao qual está afetos os professores de português
nos diversos países) com contabiliza 18 docentes portugueses na China, sendo
que 17 estão em Macau e apenas um em Pequim.
Questionado sobre eventuais pedidos de ajuda para
regressar a Portugal, o MNE esclarece que "não tem neste momento em curso operações excecionais de
repatriamento de cidadãos portugueses da China, semelhantes à que foi realizada
na cidade de Wuhan". De resto, "até ao momento, nenhum
professor fez chegar ao nosso conhecimento a intenção de suspender as suas
funções na China, regressando a Portugal".
2 comentários:
Está em curso uma "guerra virulenta"contra a RPC,em que todos os meios servem para justificar os fins.A civilização chinesa é a única civilização da antiguidade que chegou aos nossos dias,e isso diz tudo.Bjo
Tens razão. Mas é preciso lembrar que o País com essa civilização e o mais populoso do mundo tem um Partido Comunista na condução da política, quer interna quer mundial! Na correlação de forças internacional o capitalismo pode lá tolerar isso...
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