Procuro apanhar o importante do que se está a passar em mim, em minha casa, no País e no Mundo e tenho dificuldades).
Talvez as menores das
dificuldades sejam as de agarrar o que se passa em mim. São os dias, as
semanas, os meses, os anos que passam e são muitos.
Também em minha casa não há
grandes dificuldades. Somos, sem a menor dúvida, uns privilegiados. A gestão do
que é preciso estar na arca e no frigorífico articula-se com o menor número de “idas
às compras”, teve de se ligar o aquecimento porque está a ficar frescote, e
etc..
E lembro outros (que eu sou)
sem arca nem frigorífico, sem aquecimento, sem casa, sem País, emigrantes sem
condição humana… de ser humanos. E muitos outros.
No nosso País e no Mundo,
isto está complicado. Porque está, e mais!... porque a alguns convém que
esteja, e estes alguns são vários e com diferentes intenções.
Até se faz da palavra crise
ameaça e arma negocial. Quando crise não é uma palavra, é situação, e está
intrínseca ao funcionamento do sistema capitalista. Latente quando não presente
em explosões periódicas. Agora cavalgada por um inesperado (ou esperado mas não
prevenido) surto epidémico.
E há forças que caem nessa
armadilha.
Um orçamento é um
instrumento. Que se torna, nalgumas circunstância, decisivo para a continuidade
da política. Um governo de maioria parlamentar tem o seu orçamento. Um governo sem maioria parlamentar terá o seu
orçamento condicionado pela forma como conseguir que passe na Assembleia da
República; será, no entanto e sempre, o
seu orçamento porque é o instrumento do seu governo.
Na prática, o partido que é
governo sem maioria parlamentar elabora um documento tendo de ter em consideração
a composição da AdaR, e sabendo que precisa de votos de outros grupos ou
deputados, que não só os do seu partido, para ter o seu orçamento aprovado. Com
negociação ou não, é este o processo. Um partido pode afirmar quais são as
medidas e políticas que quereria incluídas no orçamento que nunca será (também)
seu; outro, pode levar mais longe os seus objectivos e pretender partilhar o
orçamento fazendo-o também seu, isto é, um orçamento que o governo terá para
executar sem ser exclusivamente seu, com corpos estranhos que, ao longo dos
anos, cumprirá ou não (e que, se existisse um governo de coligação, cumpriria sob
pena de se esboroar se o não fizesse).
Para o acompanhante destas “grandes manobras”, o PCP já disse o que
queria, o que defende, foi claro, agora terá de estudar o documento que foi
elaborado pelo governo e, face ao orçamento proposto e das alternativas, decidirá
a votação geral, votará e passará à discussão na especialidade. É (parece!)
simples.
Mas não só de orçamento vive
a politica. E pouca importância terá sido dada a um passo que acompanhou esta “período
orçamental”: o da criação das pseudo (ou
falsas) regiões.
Desde o IV Plano de Fomento
(1969-74) se afirma a necessidade de regiões, como escalão entre as autarquias
municipais e o poder central. É meio século de estaleiro.
Com o 25 de Abril e a
Constituição de 1976 essas necessárias regiões, para substituírem o caos do
nosso ordenamento territorial, ganharam peso como instâncias descentralizadoras
e democráticas. Estiveram perto de ser criadas por referendo mas os partidos do
centro (PS e PSD), fazendo as suas contas de votos previsíveis, e outras forças,
por meças e contas, obviaram à sua criação.
E o caos continuou e
agravou-se, extinguindo-se umas coisas os distritos) para umas coisas mas continuando com outras coisas
(os votos), e atamancaram-se sucedâneos. Agora, decidiu-se, quais às escondidas…
transformar as CCR (comissões de coordenação regional) em regiões através de escolhas
eleitorais (única forma democrática) mas excessivamente indirecta, por via dos
já eleitos para as autarquias de base, os municípios, e depois de acertos entre…
Costa e Rio. Assim se desvirtua a democracia. E é curioso que essa escolha e
eleição indirecta se faça, na aparência apressadamente (depois de tanta delonga
e adiamento), antes das eleições autárquicas do próximo ano em que, por exemplo
(?!), a CDU pode recuperar algumas das 10 Câmaras que perdeu em 2017, depois de
ter ganho 8 entre 2013 e 2017. Coisas!
As complicações no Mundo, além
do universal surto epidérmico, das migrações, das contradições agudizadas no
lado que predomina na correlação de forças, de uma agressividade assustadora,
de protagonistas como Trump e Bolsonaro (que não são mais que protagonistas
excessivos, ridículos), têm muitas pontas para lhes pegar.
2 comentários:
Ora bem,li com atenção.O OE,mediante o estatuto de oposição,pode ou não aceitar sugestões deste ou daquele partido,o governo lá vai negociando e chega-se "aos finalmente".Não é assim tão simples,mas parece.Mas ,sobre as regiões,o caso muda de figura.Trata-se de uma violação democrática,a meu ver.Isto vai de mal a pior...Bjo
Sinceramente, não consigo entender muito bem como se processa essa transmutação das CCR em pseudo-regiões...
Abraço
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