Lembrando, hoje, o amigo que ouvia esta canção, silencioso, à janela da nossa casa de cooperantes, na "Mesopotâmia" da Praia em Cabo Verde, a fumar um cigarro em que escondia a emoção com que ouvia o que impunha silêncio a toda a sala, ao outro pai que eu era, seu amigo anos mais tarde por ele promovido a mano-novo.
Há 40 anos! Perdoa-me, mano-velho, ter-te falhado
como "Entidade Reguladora de Exéquias", a que,
entretanto, me promoveras.
Este domingo, para este domingo, lembrei isto...
Aos Nossos Filhos
Perdoem a cara
amarrada,
Perdoem a falta de abraço,
Perdoem a falta de espaço,
Os dias eram assim...
Perdoem por tantos perigos,
Perdoem a falta de abrigo,
Perdoem a falta de amigos,
Os dias eram assim...
Perdoem a falta de folhas,
Perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha,
Os dias eram assim...
E quando passarem a limpo,
E quando cortarem os laços,
E quando soltarem os cintos,
Façam a festa por mim...
E quando lavarem a
mágoa,
E quando lavarem a alma
E quando lavarem a água,
Lavem os olhos por mim...
Quando brotarem as flores,
Quando crescerem as matas,
Quando colherem os frutos,
Digam o gosto pra mim...
Digam o gosto pra mim...
3 comentários:
Post muito belo, adequado ao "dia depois" e lembrando o amigo que foi...
Lindo poema e linda descrição de amizade.(Agora vou ouvir o Ivan Lins)Bjo
E neste 3 de Novembro, que foi para meu Pai "ano de Ricardo Reis" , vou ouvir esta canção de Ivan Lins .
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