quarta-feira, maio 31, 2006

São tantas as frentes e é tanta a indignidade...

... que não há indignação que baste!
E este título do Ruben Fonseca (que escritor admirável!) não me sai da cabeça:

Com uma profunda indignação

Há um partido político português que adoptou como símbolo a foice e o martelo. Desde a sua fundação, em 1921.
Atravessou o fascismo e a guerra colonial sendo o único partido que resistiu, com sacrifícios e dificuldades que sempre o fortaleceram, a todo o tempo de opressão e a toda a opressão. Sempre com a foice e o martelo.
A muitos não comunistas se deve, também, a conquista da liberdade e da democracia para Portugal, mas, como partido, só a um deve o povo português a luta de 48 anos antes de 25 de Abril 1974 Pela liberdade. Pela democracia. Escrevam-se as histórias que se queiram ou se encomendem, ignorar isto é falsear criminosamente a História.
Estiveram a foice e o martelo escondidos em muitos corações mas sempre bem visíveis nas páginas do Avante!, jornal clandestino e heróico porque só heróis o podiam fazer como foi feito durante 43 anos.
Depois de 1974, esse símbolo deixou de ser clandestino porque ganhou o direito a ser o que sempre foi: o sinal emblemático de um partido político português.
A publicidade a um medicamento (?) usando o símbolo deste partido é uma ignomínia. E está no âmbito de uma luta ideológica em que não se recua perante o infame.

domingo, maio 28, 2006

Com um pedido de desculpas...

Na reacção à destruição do depósito de água, colocámos fotografias de Alexandra Santos editadas em o castelo, sem fazer referência à autoria das fotos e sua origem. Da falta pedimos desculpa, cumprimentando autora e blog pelo excelente trabalho de informação.

Porque hoje estou triste/mas triste de não ter jeito - 2















Depois de tanto do que era memória viva já ter sido destruido, agora foi aquele depósito, que por outras terras se preservam como património, como signo sinal de um tempo.
E a seguir?
Serão as ruínas cada vez mais ruínas da igraja de S. Sebastião...

por omissão apesar de tantas lembranças?, ou será, talvez, sabe-se lá, a capela da Conceição?
E para quando a implosão dos Castelos, com honras de presidente a dar ao embolo?

Ao menos, façam réplicas em cera para o museu de Fátima, numa secção a abrir chamada exemplares de arte não-sacra ou amostras do profano destruído.

sexta-feira, maio 26, 2006

Porque hoje estou triste/mas triste de não ter jeito


Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


(Manuel Bandeira)

E porque tu me lembraste o Manuel Bandeira e porque contigo, só contigo, me iria embora, me iria embora para Pasárgada

quinta-feira, maio 25, 2006

Sobre a tal "auto-estima"... ANTOLOGIA

«(...) Posto isto e os factos, sobejam motivos para temer que o País esteja de novo a incubar essa estranha doença que à falta de melhor podemos designar por febre nacional-futebolística, que deixa os pacientes em estado de euforia e alienação colectiva antes de mergulharem em profunda depressão, seja qual for o resultado da Selecção, mal o campeonato chegue ao fim.
«O governo de Sócrates, tal como os seus congéneres por esse mundo fora, não só estimula como cavalga a onda do vírus "desportivo", fazendo de conta que é sinónimo de confiança, sinal de retoma, demonstração de sucesso. Com os espíritos entretidos com o futebol (e com as touradas e os fados e os casinos e as galas e os festivais... que infestam o dia a dia televisivos a lembrar cada vez mais as programações do fascismo), é de esperar que não sobre muito tempo para o "resto".
(...)»

(Anabela Fino, em A talhe de foice - o virus, Avante de hoje)

quarta-feira, maio 24, 2006

Como eu o compreendo...

Luandino Vieira recusou o Prémio Camões! Por razões pessoais...
Como eu o compreendo! Eu não o faria, acho que ele não o devia fazer, mas... como eu o compreendo!
Um abraço de compreensão solidária que talvez não chegue ao destino.

terça-feira, maio 23, 2006

No alvo com comentário

Em "Albergue dos danados":

A (des)contracção. Consta que o senhor dr. Marques Mendes teve uma ideia, “um programa especial de rescisões amigáveis na função pública”, e ousou a sua apresentação pública. Para financiar as indemnizações decorrentes de tais rescisões o fulano aventou a hipótese de recorrer a fundos comunitários. Argumenta ele que tais indemnizações são mais um investimento do que uma despesa e que, portanto... Deve deixar-se fluir a estupidez sem freio. Nicky Florentino.

Comentário:

Nicky em todo o o seu esplendor, na proporção inversa da altura do dr. Marques Mendes, e na proporção directa da estupidez sem freio.
Mas nada é inocente, por pequenino e estupido que seja... ou que pareça até porque, como dizia o outro de péssima memória, em política, o que parece é.

segunda-feira, maio 22, 2006

Uma estória (com) Luandino em Ourém

Nesta madrugada, entre outras coisas, resolvi passar por um "aparelho de busca" e consultei "Luandino Vieira" para me inteirar do impacto da atribuição do Prémio Camões. Folheei mais de 50 páginas, até que me resolvi a contar esta "estória". Até porque, se há coincidências... uma é a de ter estado, hoje de tarde, à procura de um telefone numa velha agenda e ter encontrado este bilhete de que tão bem me recordava mas não sabia onde parava.














Aqui há uns anos (sei, agora, que foi em 5 de Setembro de 2001), por volta da hora do almoço, cheguei à Som da Tinta e a Rosa, com ar displicente, disse-me que tinha estado lá um senhor a olhar para as estantes, e que me deixara um bilhete. "Está aí". Com parecida displicência peguei no pequeno bilhete e li-o. Logo a displicência se transformou em alvoroço, ainda maior porque à pergunta se "o senhor tinha estado ali há muito tempo" a resposta foi "não... foi há bocadinho e julgo que foi para a Rodoviária"...
Corri à Rodoviária e, ao ver um "senhor" sentado no passeio, de boné, a ler, gritei interrogando, ainda a uns passos dele, "Zé Luandino?!". Ele levantou os olhos dos papeis, levantou-se e foi um grande abraço. Não nos víamos há muito tempo!
Depois, foi a conversa amiga, o "saber coisas".
Vinha a Fátima visitar a mãe que estava num lar, vinha de "expresso" lá do Minho onde se sabia que ele se acolhera e de onde me iam chegando notícias esparsas e indirectas. Passámos pelo Zambujal, sem tempo para almoçar porque os horários ditavam o regresso, levei-o à Rodoviária em Fátima, trocámos telefones, combinámos muitas coisas. Poucas se cumpriram. ´
Entretanto, a mãe morreu, deixou de vir a Fátima, quase nunca atende o telefone porque a "vida social" é coisa de que foge.
O projecto de o trazer à Som da Tinta, para conversar um bocado de forma mais alargada ainda não foi concretizado. Se calhar não vai ser fácil, mas ele tem de ajudar a "audácia"... "muitos anos antes de tudo esquecermos; de todos esquecerem" como escreveu, em dedicatória amiga naquele bilhetinho em tão boa hora encontrado.

sábado, maio 20, 2006

O Prémio Camões 2006 para José Luandino Vieira

Para se ter a ideia da importância do prémio que acaba de ser atribuido ao escritor Luandino Vieira, que nasceu na Lagoa do Furadouro embora se considere angolano, mais do que o seu montante (100 mil euros), deve referir-se quem o recebeu, dos escritores em língua portuguesa, desde que foi instituído, em 1989:Miguel Torga, João Cabral de Melo Neto, José Craveirinha, Virgílio Ferreira, Rachel Queiroz, Jorge Amado, José Saramago, Eduardo Lourenço, Pepetela, António Cândido, Sophia de Mello Breyner Andersen, Autran Dourado, Eugénio de Andrade, Maria Velho da Costa, Ruben Fonseca, Agustina Bessa Luís e Lygia Fagundes Telles.

sexta-feira, maio 19, 2006

Em 19 de Agosto de 2005, publicámos este post: Sobre Luandino Vieira - Alguma irritação e uma moderada indignação


Por razões várias e algumas pessoais, acompanho a vida (e a obra) de Luandino Vieira há muitas décadas. Mais de 40!
Estávamos presos, ele no Tarrafal e eu no Aljube em trânsito para Caxias, quando soube (ou confirmei) que ele existia, como escritor e como preso político tal como eu o era. Com o pormenor, não sei bem ao certo quando conhecido por mim, de que Luandino Vieira – José Vieira Mateus da Graça – era natural da “minha terra” que, afinal, não é aquela onde eu nasci – Vila Nova de Ourém – mas aquela onde ele nascera. Nascidos os dois no mesmo ano de 1935, ele em 5 de Maio e eu em 21 de Dezembro.
Ido com meses para Angola, luandino se tornou enquanto crescia, e cedo aderiu à luta pela independência do País que passou a considerar seu. A sua obra publicada começou em 1957, na revista Cultura, e teve textos editados pela Casa dos Estudantes do Império que me levaram a conhecê-lo (ou pré-conhecer) e Luuanda foi escrito na prisão, entre Luanda e o Tarrafal.
Foi livro que muito me impressionou por ter começado a fazer o que nenhum outro escritor em língua portuguesa fez como ele, embora muitos tenham tentado e alguns com muito bons resultados, do ponto de vista literário: usar uma espécie de bilinguismo, fazendo coexistir o português-língua oficial com as línguas digamos naturais. Eram contos e novelas em que esse bilinguismo reflectia, na literatura, nas histórias muito bem contadas, muito densas de humanidade, muito cheias de gente de Luanda, as contradições e tensões de uma ocupação colonial “à portuguesa” que, por ser “à portuguesa”, não era menos colonial.
Em 1964, Luuanda recebeu um prémio literário em Angola, e em 1965, o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores.
O que deu origem a um dos maiores escândalos políticos da década de 60, por todas as reacções que provocou e pelas repercussões que teve. O governo fechou, brutalmente, a Sociedade Portuguesa de Escritores, perseguiu membros do júri e escritores que reagiram e afirmaram solidariedade, conseguiu alguns raros e pusilânimes apoios que chegaram à baixeza de diminuírem a qualidade literária da obra premiada. Foi um caso!
E se assim foi em meados da década de 60, já com o autor em liberdade – bem condicionada pois tinha residência fixa em Lisboa com a única possibilidade de se deslocar a Vila Nova de Ourém, devidamente autorizado!, para visitar os seus pais – uma edição de 1972, pelas Edições 70, onde Luandino trabalhava, foi apreendida motivando um recurso jurídico, com o suporte da avaliação de qualidade literária assinada por Jorge de Sena e Ferreira de Castro.

Por tudo isto, a alguma irritação minha e a minha calma indignação quando na badana da última edição de obra de Luandino Vieira, Macandumba, da Editorial Caminho, Lisboa, por cortesia da Editorial Nzila, Luanda, (e atmbém na nota sobre o autor na net) vi esquecida a referência à terra onde nasceu Luandino Vieira e de que nunca cortou totalmente as ligações, e li que “…foi libertado em 1972, em regime de liberdade vigiada em Lisboa. Iniciou então a publicação da sua obra…” sem qualquer referência a Luuanda e a tudo o que este livro representou – e representa! – na vida literária, política, social portuguesa e angolana.

Fica, também, como protesto a tornar público.

Hoje, 19 de Maio de 2006, retomamo-lo com a grande alegria pela atribuição do Prémio Camões a Luandino Vieira!

quinta-feira, maio 18, 2006

Histórias em cem palavras e 1lustração - 35

Uma para descontrair. Em 100 palavras (nem 99, nem 101!) e uma delas em tempo de verbo dos ditos "grossos"...
Ah!, e verdadeira (+ ou -)!

Aposta perdida

O “Palito” é assim. Simpático, bem disposto. E em duas palavras que diz, saem três palavrões. Dos graúdos…
Não será por isso, mas é homem que dá trabalho aos advogados.
Naquele dia, ao entrar no escritório, a secretária do "senhor doutor", antes dos bons dias, desafiou-o:
“Ó senhor “Palito”, antes que abra a boca… se o senhor sair daqui sem dizer uma asneira, pago-lhe um almoço, aceita a aposta?”.
O “Palito” adiou o caloroso “bom dia”, sorriu e, com ar de homem calmo e controlado, abriu a boca:
“Humm, ‘tá bem… já se fodeu… vai pagar-me um almoço!”




Histórias em cem palavras e 1lustração - 34

Esta é a segunda:

Cultura…

Ele não tem uma base cultural livresca.
No liceu, incomodou-o o exibicionismo de colegas seus que citavam autores e obras que teriam pelas estantes lá de casa, e ele desconhecia.
Hoje, sente dificuldades nos apoios clássicos e nas “competições” eruditas e com citações, em que clássicos e semi-clássicos são trazidos à liça.
Arranjou os “seus clássicos” (para além dos da economia e da política…), aqueles que se lhe agarraram, bem lá por dentro de si. E se estão agarrados, os atrevidos…
Foi selecção não sistemática, e a alguns tem-nos por verdadeiros amigos. Aos autores das obras, não aos homens.

quarta-feira, maio 17, 2006

Histórias em cem palavras e 1lustração - 33

Afinal... ainda se descobriram mais duas histórias em cem palavras sobre livros ou afins.
Esta é a primeira. A segunda virá acima... daqui a bocadinho.


Não nasceu no meio de livros...

Não nasceu no meio de livros.
Não que o pai fosse avesso a leituras. Tinha “outra” cultura. Lia pouco.
A mãe aprendera pequenoburguesmente a fazer renda, a tocar piano (que não tocava…), a falar francês (que não falava…). Lia menos.
E ele era filho único…
Começou a ajudar o pai no trabalho dos papéis, a respirar o chumbo das tipografias. O que lhe criou um certo gosto pelo lado gráfico das coisas. Que mantém. Pelos cheiros, pelas formas, pelas “arrumações”.
Não nasceu no meio de livros, mas foi-os escolhendo para companhia. Com eles cresceu.

segunda-feira, maio 15, 2006

Ourém (cidade e concelho) existirá?

Ao ler o que estava dentro, nesta edição do Expresso, fica-se com (mais) dúvidas!
Valham-nos o Juventude Ouriense e o Clube Atlético Ouriense!

domingo, maio 14, 2006

Histórias em cem palavras e 1lustração - 32

Segunda história... esta de encontro!
ESTÁ(ÃO) NOS LIVROS…
Divórcios de parte a parte, sucessivas rupturas afectivas, os amigos comuns olhavam-nos como afectivamente instáveis. Não davam nada por aquilo.

Mas que tinham engraçado um com o outro foi notório. À primeira vista, no primeiro encontro.

Ele telefonou-lhe. Para um segundo encontro. Que marcaram numa livraria. Não se sabe qual deles propôs o lugar...

Trocaram livros como primeira prenda. Riram muito por ter sido o mesmo livro.

Estão reformados, já festejaram bodas de prata e gerem os prejuízos de uma livraria de pequena cidade, com muito esforço, alguma imaginação… e uns cheques que deviam ter outros destinos.

Histórias em cem palavras e 1lustração - 31

Mais duas histórias (em) cem palavras em que os livros são protagonistas. Primeira:
NÃO TINHA FUTURO…
Encontraram-se, ocasionalmente, na casa de amigos comuns. Pouco amigos e raro comuns.
Trincaram entre banalidades de segundos sentidos, entre-brindaram-se com uns sumositos de sedução.
Ele achou-a gira. Ela achou-o giro.
Como tinha de ser, trocaram telefones.

No dia seguinte, ele telefonou.
Ela marcou o esperado encontro para a livraria do Centro Comercial. Bom sinal, pensou ele.
Quando ela chegou, ele ofereceu-lhe o livro-surpresa em embalagem com lacinho.
Ela riu-se, parvamente, e disse: “p’ra mim?, nem gosto nada de ler… sou mais de festas”.

Foi o único encontro deles. Ou o único desencontro.
Aquilo não podia dar nada!

sábado, maio 13, 2006

Papeis & Contas, Lª.

Aquele que se julga meu dono anda a arrumar papeis. De vez em quando, dá-lhe para isso. Não que não precise, mas parece um tontinho a esvaziar o oceano com aqueles baldezitos de praia...
Eu aproveito! Gosto de me deitar no meio da papelada espalhada pelo chão:

O gajo finge-se irritado mas, no fundo, eu rio nos meus bigodes... e ele nas suas barbas.

Até porque gosto de ver estas contas da Som da Tinta. Não vá isto pôr em causa a minha requintada paparoca e outras mordomias a que estou habituado...

sexta-feira, maio 12, 2006

Histórias em cem palavras e 1lustração - 30

Leituras proibidas


Era um miúdo frágil.
Após consultas e estudo dos auxiliares de diagnóstico então possíveis, o médico perguntou aos pais se tinham posses para uma temporada na Suíça.
Perante a resposta, acompanhada da envergonhada afirmação da vontade de fazerem todos os sacrifícios, recomendou os ares da serra de Sintra.
Foram viver para o Algueirão! Com a “receita” de uma hora de repouso a seguir ao almoço. De repouso absoluto!
Ele, disciplinadamente, cumpria todas as recomendações.
Todas… menos uma.
Na penumbra do quarto, de olhos fechados, ficava à espera que o julgassem a dormir. Então, lia. Lia muito. Às escondidas.

quinta-feira, maio 11, 2006

Histórias em cem palavras e 1lustração - 29

Depois das histórias (em cem palavras) dedicadas ao 25-de-Abril, volto. Cem palavras...
E recomeço com a que escrevi a partir do que senti na edição do primeiro livro de que fui autor (embora fosse uma colectânea). Há 40 anos!

capa de Tomaz Xavier de Figueiredo,

em que tive o pudor de meter o meu nome...

O PRIMEIRO LIVRO

Quando levantou o telefone, mal ouviu o ansiado já chegou saltou porta fora, gritando à atónita secretária não demoro nada.

O carro arrancou numa chiadeira e não teve acidentes no curto trajecto porque deus põe a mãozinha não apenas por debaixo do menino e do borracho.

Na Rua do Mundo, deixou o carro onde calhou e subiu a quatro-e-quatro os degraus do nº67.

Ao manusear o livro, ao cheirar a tinta ainda fresca, ao ler o seu nome pela primeira vez numa capa, sentiu grande emoção.

Maior, só quando, meses depois, ajudou a nascer o primeiro filho.

segunda-feira, maio 08, 2006

Uma tarde "Som da Tinta"

Tendo passado uma boa parte da tarde e noite de ontem, domingo relativamente calmo, a tentar "entrar" no blog Som da Tinta para colocar lá alguma coisa sobre a tarde da véspera, e não o tendo conseguido fazer - decerto por inépcia minha... -, resolvi colocar aqui cinco fotos seleccionadas para esse registo de uma tarde "em cheio", em que houve a apresentação de um livro edição SdaT, de J. Sousa Dias e Gabriel Lagarto, e de um CD de Manuel Freire, Vitorino e José Jorge Letria, que estiveram presentes e animaram a tarde, bem como os professores Rui Sérgio e José António, que foram excelentes colaboradores.

domingo, maio 07, 2006

Dia da mãe

Pensava em que colocar aqui a assinalar o dia. Ia "navegando" enquanto pensava. Eis que tropeço neste "post" do Pedro Namora em "Vale a pena lutar". Ficou o problema - que problema não era... - resolvido!

Obrigado, Pedro, pelo teu poema e pela gravura que escolheste. Com o teu consentimento (tácito) e um grande abraço:

Há momentos em que não posso
Em que não sou
Macera-me o corpo
A inacção por te não ter
Por não te ouvir
Por não te ver
Ainda agora – posso jurar!
Aqui estavas
Mãos nas minhas
E promessas
E desejos
E coragem
Sonhos
Vontade
Futuro
Em tudo existias
Agora mesmo
Ou já foi ontem, mãe?
Não era tua a voz
Que me trouxe do sono?
Que me alentou?
Quem me chamou então?

quinta-feira, maio 04, 2006

Olá!

Andaram aí nem sei por onde, trouxerem-me uma fotografia de uma gata à janela que nem se vê que é gata (e outros mimos...), e - confesso - estou feliz.
Sinto-me bem com os gajos cá em casa...
Começa a estar calor
e sempre gostei de matar assim a sede!

Saudades e saudações felinas

Gata em janela de Angra do Heroismo

O trabalho que nos deu, com o material que temos..., fotografar esta
gata em janela de Angra do Heroísmo!

...mas tinhamos de trazer uma "graça" para o Mounti.

"Capela" de S. Sebastião...

Ao rever fotografias desta curta estadia nos Açores, procurava uma que aqui ficasse bem. Neste blog. Muitas encontrei mas decidi-me por esta. Por agora...
É a "capela" de S. Sebastião... na ilha Terceira. Bem mais antiga que a "nossa" mas...

Histórias em cem palavras e 1lustração - 28

Coloquei o número dos dias em 25 e as letras do mês em Abril e fui à vida. Pelo mundo.
Voltei.

Voltei a rotinas que também delas (e tanto!) é feita a vida, e o calendário está como o deixei.
E está certo: 25-de-Abril sempre!
Mas… para fechar o círculo que aberto sempre esteve e ficará, umas últimas cem palavras sobre o 25 de Abril que foram escritas há uns anos, em reacção a um amigo que dizia, com algum peso de autoridade, que se não tivesse havido 25-de-Abril tudo estaria como está. O que achei (e cada vez mais acho) um erro crasso, até porque a História não é como o salame…


MEMÓRIA E PROJECTO

25-de-Abril… quando foi?
Em 1974…
Ih! Há tanto tempo…
Enganas-te, foi ontem.
‘Inda não tinha nascido!
Pois eu nasci segunda vez nesse dia, já tinha quarentas...
‘Tás velho, c’roa…
Quando lembro o 25-de-Abril não estou. Para mim, foi ontem.
E valeu a pena?
Valeu!!!
Como seria Portugal sem esse 25-de-Abril?
Dizem que igual ao que é.
E valeu a pena?!
Sim!, pela memória que é minha, pelo projecto que tens de reconstruir para ser teu e futuro.
‘Tá bem. Depois contas o resto…
Claro. Conto-te a memória, para o projecto e futuro és tu que vais contar.