«(...) Posto isto e os factos, sobejam motivos para temer que o País esteja de novo a incubar essa estranha doença que à falta de melhor podemos designar por febre nacional-futebolística, que deixa os pacientes em estado de euforia e alienação colectiva antes de mergulharem em profunda depressão, seja qual for o resultado da Selecção, mal o campeonato chegue ao fim.
«O governo de Sócrates, tal como os seus congéneres por esse mundo fora, não só estimula como cavalga a onda do vírus "desportivo", fazendo de conta que é sinónimo de confiança, sinal de retoma, demonstração de sucesso. Com os espíritos entretidos com o futebol (e com as touradas e os fados e os casinos e as galas e os festivais... que infestam o dia a dia televisivos a lembrar cada vez mais as programações do fascismo), é de esperar que não sobre muito tempo para o "resto".
(...)»
(Anabela Fino, em A talhe de foice - o virus, Avante de hoje)
4 comentários:
Gosto muito de ler as análises da Anabela Fino!
Este artigo, está muito interessante.
Na realidade nunca estivemos tão próximo do fascismo. Apesar de durante a ditadura de Salazar podermos ver na TV, Teatro, Ópera e Concertos de Música Clássica. Hoje Teatro não dá, Ópera e Música Clássica por vezes podemos ver durante a madrugada no 2º canal.
Sócrates, anestesia o Zé Povinho com Futebol, Futebol, Futebol, Fátima, Fado e novamente as malditas touradas, onde o povão se diverte a ver entrar muito bem vestido o fascismo.
Às vezes pergunto,
ONDE ESTÁ ABRIL?
GR
E que tal emigrarmos para Parságada( sim, que para outro lugar também não vale a pena), pelo menos até acabar o maldito campeonato?
Por acaso até nem sinto que o Sócrates seja um forte adepto de futebol, nem tão pouco de touradas. Nem me parece que ele incite as televisões (que ainda são o meio de comunicação social que mais facilmente chega às massas) a investir em touradas, festivais, Fátima e fado...
Não estaremos a confundir as "entidades"?
Por outro lado, quem se entusiasma com futebol (e com outros desportos, que unem um determinado grupo de pessoas) anda irremediavelmente anestesiado?
Depois de se ver um jogo dos Sub 21 (e de sentir o respectivo gosto a derrota...), que ocupa duas horas do seu dia, um fã da selecção está proibido de ler um bom livro?
Abril permite fazer escolhas. Abril está em nós.
Abril não me proibe de ir ao futebol, de aceitar a derrota, de festejar vitórias, de me entusiasmar.
Abril permite a quem não aprecia futebol, não entende as regras do jogo, ou não se entusiasma com um pormenor técnico fora do comum, procurar, enquanto decorre o campeonato, outras formas de ocupar o seu tempo. Porque nem os teatros, nem os museus, nem os Centros Culturais, nem as biliotecas encerram em Junho.
Abril está aqui.
Está vivo e não me parece que o Zé Povinho o vá esquecer.
Caro Zézinho (do povo)gostaria de ter a sua "leitura" da realidade que estamos a viver. Não que duvide que Abril resiste e que resista. Mas as políticas que têm sido prosseguidas desde 1977 nada têm a ver com Abril e as portas que ele abriu, e outros se afadigaram, e afaidigam em fechar!
Quanto a este excerto, cometi um erro. Dele me redimo pedindo desculpa à Anabela Fino que, antes de escrever "o governo de Sócrates" reproduzira expressões do membro desse governo que tem o pelouro do desporto e entrou em histeria com aquela "maior bandeira humana" que ele próprio fez questão de lembrar era iniciativa da Federação Portuguesa, do Grupo Espírito Santo e do Instituto Português da Juventude, com o contributo inestimável da SIC - que nesse dia teve o "share" de 31,2%, saudando o membro do governo "o bom espírito português para se juntar, solidarizar e emocionar" (o que é que isto lembra a quem viveu outros 10 de Junho e o estilo Movimento Nacional Feminino?).
Quem é que confunde "entidades"? Cá por mim, bem desejaria que o governo, este governo, não se confundisse com capital minoritário de uma sociedade anónima chamada Portugal!
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